A Casa SP Afro Brasil “Oswaldo da Silva Bogé”, na Vila Xavier, sediou na noite desta segunda-feira (13), a cerimônia de entrega da edição 2024 do Prêmio André Braz, premiação que homenageia anualmente dez homens negros – pretos e pardos –, que se destacaram na defesa e na promoção da igualdade, da justiça social e da dignidade da pessoa humana, no combate ao racismo, às desigualdades raciais e sociais.
O encontro, com entrada gratuita para o público, também contou com uma apresentação musical de Toni Santos e convidados, além da FeirAfro, que apresentou o trabalho de afroempreendedores e empreendimentos afros, com exposição e comercialização de produtos e alimentos. Também houve a entrega de uma lembrança a Aristides Braz, pai de André Braz, patrono da premiação.
Os homenageados da edição 2024 foram Ademilson Bueno da Silva (Missão), Adilson José Aparecido Justino (Adilson Mayar), Uanderson Silva, Roberto Carlos Rocha (Professor Betão), Fábio Mahal da Silva Gonçalves (Mahal), José Lopes Nei (Nei), Joaquim Antonio da Silva Junior, Sarrinha Dionísio do Nascimento Júnior (Djavan / Só Alegria), Francisco Luiz Salvador (Kiko) e o Professor Dr. Dagoberto José Fonseca. Confira ao final da matéria um breve histórico de cada personalidade.
A secretária de Saúde de Araraquara, Eliana Honain, que representou o prefeito Edinho na cerimônia, mencionou a data de 13 de maio e enalteceu a resistência e a luta da população negra escravizada e de seus líderes. “Hoje, celebramos 10 personalidades de nossa cidade que têm esse compromisso, que têm em sua atuação na sociedade um símbolo de resistência, de força e de exemplo para todos nós, assim como tinha o querido André Braz. Então que possamos continuar seguindo seus princípios de lutar por uma cidade e um país que garanta direitos e menos preconceitos. Parabenizo a cada um de vocês, homenageados de hoje. Vocês são exemplos e inspiração para todos nós”, comentou.
A coordenadora executiva de Políticas Étnico-Raciais, Alessandra Laurindo, falou sobre a importância da premiação. “O Prêmio André Braz é muito simbólico por ser realizado pela própria comunidade, que faz as escolhas através de pessoas comuns e também por representantes de Conselhos e Instituições representativas da cidade. No momento da escolha, a reunião é bastante concorrida, já que são muitas as indicações feitas pela comunidade. Mas a gente sempre acaba chegando ao consenso sobre os dez nomes entre os indicados. São pessoas que merecem este prêmio porque têm uma representatividade simbólica e uma grande contribuição com o histórico da cidade com a militância negra”, salientou.
O PRÊMIO
O prêmio tem como objetivo a valorização dos homenageados no contexto da cidadania. Para inscrição, a sociedade araraquarense em geral – autoridades, entidades, conselhos municipais, organizações da sociedade civil, comerciários e empresários enviaram as indicações por e-mail com os dados e um breve currículo que justificasse o motivo da homenagem. A definição dos homenageados foi feita mediante a escolha, pela maioria dos integrantes do Conselho Municipal de Combate à Discriminação e ao Racismo (Comcedir), bem como pelo mapeamento étnico social realizado pela Coordenadoria Executiva de Políticas Étnico-Raciais. Foram avaliados o compromisso racial, social e a interatividade comunitária dos indicados.
Vale lembrar que, no ano passado, as personalidades que receberam o prêmio foram Benedito dos Santos, o Benê; Carlão Hamburgueiro; Cláudio Claudino; Cristiano Oliveira; Iracídio Stefannini Borges, o Mestre Irá; José Aparecido Gonçalves, o Zé Prettu; Júnior Barros, o Juninho; Marciano Pereira Vidal, o Zico da Prefeitura; Nelson Vicente Júnior, o Nelsão; e Vagner Luiz de Souza, o Garça. Em 2022, foram homenageados Ricardo Leão Bonifácio, Edson Luiz de Barros (Aragão), Idemar Jordão (Jordão Chaveiro), Alberto Andreone de Souza, José Carlos Servino (Sabaúna), João Botelho Filho (Parafina), Caius Julius Cesar Domingos (Júlio César), Martinho Januário Santana, Fernando Aparecido de Souza e Daniel Amadeu Martins Filho (Costa).
SOBRE O HOMENAGEADO
André Braz era músico, mestre de bateria e foi reconhecido pelo seu trabalho como fundador e idealizador da Associação Cultural Afrodescendente dos Amigos de Araraquara e Região (ACAAAR), grande figura na luta dos afrodescendentes da nossa cidade, sempre com o objetivo de fortalecer os laços da comunidade negra, bem como valorizar a cultura afro, desenvolvida um trabalho que foi referência para todos e deixou uma lacuna na luta pela igualdade racial.
O PRESIDENTE DE HONRA
O mês de maio foi escolhido para a cerimônia, pois é em homenagem à data de nascimento do presidente de honra do prêmio, que é Pércio Damázio, antigo morador da Vila Xavier, que nasceu em 1º de maio de 1928, e faleceu no dia 8 de dezembro de 2023 aos 95 anos, tendo vivido 75 anos de matrimônio com Ivone Damázio. Era aposentado da Companhia Paulista de Estrada de Ferro e sempre se dedicou ao esporte amador de Araraquara. Foi diretor e técnico do time de futebol da Atlética da Vila Xavier.
A partir da década de 1970, Pércio incorporou às tradições atleticanas uma escola de samba que passou a fazer parte das manifestações carnavalescas da cidade de Araraquara, a ponto de ter seu nome colocado em um samba-enredo da agremiação, como justa homenagem pelo seu entusiasmo e disposição para defender a Atlética. Foi reconhecido por todos do movimento social negro como um grande entusiasta e incentivador da cultura negra araraquarense.