Sábado, dia 22, a programação do Festival Internacional de Dança de Araraquara está intensa e, além das atividades formativas, apresenta três espetáculos: no Sesc Araraquara, às 20 horas, a Cia. Intermitente, do Paraguai, apresenta “Hapo” (raízes), seguida pelos bailarinos Gilsamara Moura e Denny Neves, da Bahia, em “Braseiros e Canaviais”; depois, às 22 horas, tem Sessão Maldita no Teatro Wallace Leal, com o espetáculo “Breguetu”, com a Cia. Experimental, do Pernambuco.
Toda a programação é gratuita. Para as apresentações no Sesc Araraquara, os ingressos serão distribuídos uma hora antes na Central de Atendimento da unidade (a partir das 19 horas); para a Sessão Maldita basta comparecer, sem necessidade da retirada de ingressos.
Hapo – A Cia. Intermitente, do Paraguai, apresenta “Hapo” (raízes) – espetáculo que busca revalorizar por meio da dança, da palavra e de outras linguagens, a presença e a influência afro na história do povo paraguaio. Assim, o espetáculo examina o que levou à formação de comunidades afrodescendentes no Paraguai.
“Hapo” possibilita a visibilidade das comunidades afrodescendentes atualmente reconhecidas, bem como as que foram deixadas fora da história oficial, mas que permanecem em silêncio.
O espetáculo tem concepção, coreografia e interpretação de Hugo Orlando Rojas Rojas Diaz, com música de Lázaro Medina, Chango Spaciuk, Ori Lichtik, Los Chicharrons. A classificação é livre.
Braseiros e Canaviais – Os bailarinos Gilsamara Moura e Denny Neves iniciaram o estudo deste espetáculo durante o Festival Internacional de Dança de Araraquara, em 2017. Em um bate-papo sobre o “mar de cana” do interior paulista e sobre as minas exploradas na Bahia, surgiu “Braseiros e Canaviais”.
Assim, o espetáculo é inspirado na observação e contestação dos bailarinos do ainda trabalho escravo que existe nas minas de carvão e canaviais. “Observamos e pesquisamos relatos de pessoas que passaram uma vida trabalhando nessas condições”, observa Gilsamara, que assina a curadoria do Festival.
O espetáculo ativista denuncia situações de exploração do humano, mas também apresenta uma reflexão sobre as manifestações populares que acontecem no meio rural e nas cidades. Cavalo marinho, maracatu, carnaval se misturam à tristeza da exploração e do trabalho escravo. “Existe toda essa manifestação popular que ainda consegue manter o povo trabalhando – essa é a alegria, é a cultura que está junto a essas populações”, aponta a bailarina.
Ainda, a questão do fogo como “algo que destrói e também renova” – a “chama da renovação” – ganha leitura no espetáculo, que estreou internacionalmente em junho deste ano, em dois festivais do Equador: Manta por La Danza, em Manta; e Fragmentos Del Junio, em Guayaquil.
Vale destacar que Gilsamara Moura e Denny Neves são docentes da UFBA – Universidade Federal da Bahia. O espetáculo foi produzido pelo Grupo de Pesquisa “ÁGORA – modos de ser em dança”, da mesma universidade.
Sessão Maldita – Neste sábado, a Sessão Maldita será realizada no Teatro Wallace Leal, com o espetáculo “Breguetu”, da Cia. Experimental, do Pernambuco. A classificação é para 14 anos.
Pintar o cabelo e se valorizar, ver no outro o reflexo de uma vida em constante metamorfose é parte do espírito de quem vive e respira o brega na periferia do Recife.
Em “Breguetu” o público vai das ruas aos bares, perpassando pela intimidade das pessoas, onde a música serve como pano de fundo para ver a vida, nua, crua, exagerada, sofrida, sobreposta por problemas e fatos que se entrelaçam entre a felicidade e o desespero.
O espetáculo faz dançar e emocionar. O elenco apresenta: Jennyfer Caldas, Rafaella Trindade, Anne Costa, Gardênia Coleto, Jorge Kildery e Everton Gomes.
O Grupo Experimental atua no Recife há 25 anos, sendo reconhecido Brasil a fora por seus espetáculos que sempre trazem à tona o Recife pelo olhar da dança contemporânea.
Dirigido por Mônica Lira, o grupo já realizou turnês pela Europa e América do Sul, contando hoje com um repertório de mais de 20 espetáculos.
Formação – Na programação formativa – que tem o objetivo de atualizar, qualificar e provocar reflexões acerca de temas caros à Educação e Cultura – a programação apresenta no sábado: mini-Curso para docentes “Dança, gênero e diversidade”, com Lulu Pugliese e Lucas Valentim, no CEAR, às 9 horas; e oficina “Dança da Poética de Ossain”, com Marilza Oliveira, às 9 horas, em Américo Brasiliense (na EMEF Dr. João Baptista de Almeida, no Centro).