Surgida em 1915 e parte fundamental do processo de modernização do design de mobiliário no Brasil, a cama patente tem uma ligação peculiar com Araraquara.
É que o projeto foi desenvolvido pelo marceneiro espanhol radicado na Morada do Sol, Celso Martinez Carrera, conhecido pela criação de móveis artesanais únicos, com formas que prezavam a praticidade. Ele chegou por aqui 1909 e, em 1915, desenvolveu o projeto que mudaria sua vida e o sono de muitas pessoas.
E o grande responsável pelo sucesso da idéia em nível nacional foi Luiz Liscio, dono de uma visão empreendedora apurada que, apesar de valorizar os mesmos quesitos que Carrera na produção de um móvel, buscava a produção em larga escala.
Foi dele a ideia de patentear e aperfeiçoar o projeto de uma nova cama, completamente desmontável e feita de madeira criada por seu parceiro. Essa junção de habilidades e, agora, uma sociedade, mudaria a relação entre consumidores e produtores de mobiliário no Brasil.
“As camas patentes tem muita importância dentro do design nacional. Elas são sinônimo de simplicidade e funcionalidade. São totalmente feitas em madeira torneada, uma técnica mais complexa do que os perfis quadrados, diferenciando-se, assim, do que já havia no mercado na época”, conta a designer araraquarense Mariana Betting, vencedora do IF Design Award, prêmio alemão considerado o Oscar do Design.
Ao portal RCIA, Mariana também conta que o estúdio na qual é sócia desenvolveu um banco inspirado nesta peça: o banco Cavalete. “Quando olhamos o desenho de seus pés, imediatamente nos remetemos ao icônico móvel de Carrara. Viva a Morada do Sol que tanto ilumina as artes de maneira geral”, afirma.
CONTEXTO
Historicamente, a cama patente apresentou mudanças na vida social, econômica e política do Brasil. Suprindo a carência de exportações durante a Primeira Guerra Mundial, ela podia ser adquirida a um preço acessível e fez sucesso entre a classe média e baixa da época.
Com o tempo, a indústria Patente passaria a diversificar sua produção criando novos modelos de cama, além de berços, cadeiras, armários, entre outros. “Até hoje cultuadas pelos designers, servem como referência para novos desenvolvimentos e são repletas de brasilidade”, finaliza Mariana.
(Por Matheus Vieira)
