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Zé Celso: “Nossa fênix acaba de partir pra Morada do Sol”, diz nota do Teatro Oficina

Prefeitura de Araraquara decreta luto oficial de três dias em decorrência do falecimento; presidente Lula e fãs prestam homenagens nas redes sociais.

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"Corajoso, sempre defendeu a democracia e a criatividade, muitas vezes enfrentando a censura", afirma Lula

A notícia da trágica morte do dramaturgo araraquarense Zé Celso Martinez Corrêa (86) chocou a classe artística da cidade e também do Brasil nesta quinta (6). Em nota em seu facebook, o Teatro Oficina, um dos mais emblemáticos do cenário teatral do país e fundado pelo artista em 1958, escreveu: “Tudo é tempo e contra-tempo! E o tempo é eterno. Eu sou uma forma vitoriosa do tempo. Nossa fênix acaba de partir pra Morada do Sol”.

A Prefeitura de Araraquara decretou luto oficial de três dias em decorrência do  falecimento. “A vida e obra de Zé Celso se confundem com a história da nossa Morada do Sol. Seu arrojo, ousadia e brilhantismo levaram o nome da nossa cidade para o Brasil e para o mundo. Seu falecimento é uma perda irreparável para a arte nacional e para além dos palcos”, diz o comunicado oficial.

O presidente Lula, em seu twitter, refletiu. “Corajoso, sempre defendeu a democracia e a criatividade, muitas vezes enfrentando a censura. Transformou o Teatro Oficina em São Paulo em um espaço vivo de formação de novos artistas. Deixa um imenso legado na dramaturgia brasileira e na cultura nacional. Meus sentimentos aos seus familiares, alunos e admiradores”.

A deputada federal Márcia Lia afirma que Zé Celso deixa seu legado com inúmeros prêmios conquistados e uma carreira célebre nos palcos. “Inteligente e irreverente, é formado em Direito, mas escolheu os palcos. Ousado e polêmico desafiou o regime militar do Brasil, sendo censurado, preso e exilado para Portugal em 1974”, pontua.

O professor araraquarense Rafael Paiva também se manifestou em sua rede social. “Zé Celso é o responsável pela maior Revolução do Teatro no Brasil! A maior tradução tropicalista dos palcos! O poeta dos atos! Aquele que explorou a organização do sorriso e das almas!Um ser livre!”, comenta.

‘MEU PRIMEIRO ZÉ CELSO’

O escritor araraquarense Ademir Assunção lembra com carinho da primeira vez que teve contato com a obra de Zé Celso. Em 1977, não havia peças com frequência na cidade. O antigo Teatro Municipal, na rua 3, onde Sartre deu uma famosa conferência no ano em 1961, havia sido demolido.

O novo Teatro Municipal, construído na Fonte Luminosa, com fachadas de vidro e estilo modernoso, passava a maior parte do tempo fechado, mas foi este o palco da montagem, que ganhou as ruas, terminando no Gigantão.

“Com aquela encenação de “Ensaio Geral do Carnaval do Povo” parecia que a vida era uma fuzarca, alegre, criativa, desordenada, pulsante. Parecia algo mais do que uma simples encenação. Não entendi muita coisa, não tinha repertório para entender, mas a visão daquelas ninfas saltitando seminuas me marcou pelo resto da vida”, lembra Assunção.