A HISTÓRIA DO REAL
Nesta seção, vamos abordar um pouco da história do Plano Real – capitaneado pelo ministro da Economia do presidente Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e que por causa dele, tornou-se presidente da República eleito duas vezes em 1º turno – que comemora 30 anos e mudou para sempre a história econômica do Brasil, a partir de 1994: derrubou a hiperinflação e levou o país, pela primeira vez, a uma maturidade econômica inédita em 100 anos de luta!
TRAGÉDIA DA REPÚBLICA
Em 1985, Tancredo Neves, eleito presidente da República pelo Colégio Eleitoral (15/01/1985) – uma vez que a Emenda das Diretas Já fora derrotada em 25/04/1984) – adoece gravemente no dia da sua posse. Seu vice José Sarney, assume em seu lugar e herda o governo do eleito com sua morte em 21 de abril de 1985. A inflação atingia 235%, em 1985. O que fazer diante do caos econômico herdado do esgotamento das políticas econômicas da ditadura militar?
GOVERNO SARNEY
O presidente José Sarney que vai ficar na história como o Governo da “Década Perdida”, diante do inexpressivo crescimento econômico do período militar e das crises econômicas da década de 1970, tentando conciliar a reformulação das instituições políticas em ambiente democrático com a estabilidade econômica, lança o Plano Cruzado: uma medida que congelava os preços dos produtos para conter a inflação galopante e substituía a moeda Cruzeiro pelo Cruzado.
‘FISCAIS DO SARNEY’
No início, o plano deu certo, a inflação caiu e a popularidade de José Sarney atingiu 70%. Surgiram os “Fiscais do Sarney” por iniciativa do presidente (uma multidão de pessoas que fiscalizava os preços todos os dias e denunciava os abusos). Em 1986, o fenômeno elegeu 22 governadores do PMDB, das 23 unidades do país. Mas os produtos sumiram das prateleiras e caçava-se gado nas fazendas. Veio o Cruzado II, em 1986; Plano Bresser em 1987 e Plano Verão em 1989, com nova moeda, o Cruzado Novo. As medidas não conseguiram estabilizar a economia. Em março de 1990 a inflação bateu recorde de 84.23% ao mês e no ano 4.853,90%.
A MIRAGEM COLLOR
Em 1989, a tramoia da Rede Globo contra Lula da Silva (PT), elege Fernando Collor de Mello, prometendo derrotar a inflação com um “ippon” (golpe de luta japonesa). Veio o Plano Collor, para conter a inflação, estabilizar a economia e o famigerado confisco de poupança (ativos). Collor II, abertura econômica e desestatização. Não deram certo! Collor sofreu impeachment e renunciou enfim em 29 de dezembro de 1992, triste República! Hiperinflação e tudo bem pior.
TRINTA ANOS DO REAL
No mesmo dia em que Collor renuncia (29-12-1992), o vice Itamar Franco, toma posse como presidente e escolhe como ministro da Economia, Gustave Krause. Mais seis ministros interinos se sucederam, entre eles, Yeda Crusius. Ministro das Relações Exteriores, Fernando Henrique Cardoso, nos EUA, foi convidado em maio, mas não aceitou. Mesmo assim, Itamar, o nomeou à revelia e, quando chegou ao Brasil, teve que aceitar a missão, não sendo da área.
EQUIPE DE EXPERTS EM ECONOMIA
FHC assumiu o Ministério da Fazenda em maio (21-05-1993) e trabalhou com uma equipe de experts em economia: André Lara Resende, Armínio Fraga, Edmar Bacha, Pedro Malan e Pérsio Arida. FHC chamou-os em reunião em seu apartamento e estabeleceu-se numa folha de papel verde, as linhas gerais do Plano Real que salvou o país da hiperinflação e trouxe estabilidade econômica nunca vista e que persiste 30 anos depois, sempre com ajustes na mesma linha.
NINGUÉM ACREDITAVA
Quase ninguém acreditava em mais um plano que acabasse com a inflação e estabilizasse a economia, uma vez que seis planos anteriores de Sarney à Collor haviam naufragado e o país lutava fazia 100 anos para controlar a famigerada inflação. De modo que o Plano Real trouxe uma revolução que tinha de tudo, menos monotonia; com personagens principais, clímax, reviravoltas, antagonistas, muitos jogos políticos, mas especialmente muitas estratégias. O PT criticou e votou contrário, esperando pela derrota do Plano para se dar bem! Perdeu!
REAL FOI UM PROCESSO
Fernando Henrique declarou: “Aqui é um processo, não tem surpresa, não tem congelamento de preços, nem confisco de ativos (feito por Collor). Para dar certo requer apoio dos políticos, do Congresso e a adesão voluntária da sociedade”. Mãos à obra, tudo pronto, FHC teve que se afastar da Economia em 05-04-1994, para se candidatar à Presidência, com a sua mulher, a araraquarense Ruth Cardoso, e toda a sua família em contrário, porque “seria uma aventura”!
CR$ 20 MIL POR R$ 7,27 CENTAVOS
Então, coube ao ministro da Economia Rubens Ricúpero, que lhe sucedeu (FHC), implementar o Plano Real, dia 1º de junho de 1994. De parte da sociedade, havia desconfiança e dúvida, será que dará certo? Será que o Brasil desta vez vai ganhar o Tetra? Já em pré-campanha, FHC foi a Minas Gerais e em Poços de Caldas, trocou numa agência do Banco do Brasil, 20 mil cruzeiros (Cr$) por 7,27 centavos de Real (R$). Veja o disparate da desvalorização do cruzeiro.
EM TRÊS ETAPAS
A implantação do Real não foi feita de uma vez, como num pacote, veio em três etapas principais. Primeiro, trabalhou-se o equilíbrio das contas públicas: corte de despesas, elevação de receitas e início da privatização de estatais. Segunda etapa, criou-se a Unidade Real de Valor (URV): preservando o poder de compra da massa salarial, evitando confiscos e quebra de contratos. Por terceiro, promoveu o lançamento do padrão monetário de nome Real (R$).
DEU CERTO E GANHAMOS A COPA
A prova que deu certo, é que vivemos bem com o Real até os dias atuais. Debelou a inflação, alcançou uma estabilidade jamais vista no país e uma maturidade econômica sólida. No mês de junho de 1994, antes da implantação do Real, a inflação fora de 47%. No mês seguinte à implantação (julho) registrou apenas 7%. E, nesses 30 anos, do Plano, raramente a inflação passou de 1% ao mês. Parabéns FHC e à sua equipe de gênios da economia! Ainda por cima, o clima foi tão favorável no Brasil que ganhamos a Copa do Mundo, o tetracampeonato mundial!
SELEÇÃO VAI MAL
E, por falar em Seleção, o Brasil vai mal na Copa América. Empatou com a Costa Rica, de pouco futebol; depois ganhou do Paraguai, de nenhum futebol, pois depois da Guerra do Paraguai, aquele país nunca mais se encontrou, nem no futebol e só não perdeu para a Colombia, porque o país teve pena, deu olé, jogou sozinho e não fez mais gols porque não quis. Nosso técnico, araraquarense Dorival Júnior, vai muito mal e os jogadores medianos, pior ainda!