A cidade acordou diferente naquele dia véspera do aniversário de Araraquara. O vereador Mário Ananias envolveu cerca de 80 voluntários na organização do Circuito de Rua com carros de corrida que começariam roncar às 8h30 da manhã. Só o prefeito Benedito de Oliveira e poucos vereadores foram convidados para assistirem no palanque instalado na Bento de Abreu a competição e viram Wilson Fittipaldi começar sua carreira na equipe da Willys Overland do Brasil, representada por Irmãos Barbugli Ltda em Araraquara.
Famílias como Bressan, Macieira, Malavolta, Baroni, André e Paschoal, que moravam logo após a Avenida 36, no sábado à noite, 19 de agosto de 1961, conversavam como seria o dia seguinte. Uma das preocupações era convencer as crianças a permanecerem no barranco que separava as ruas 4 e 5 (Padre Duarte e Voluntários), onde hoje é o Supermercado 14.
Dona Maria, mãe da Rosicler e do Rubeta (mais tarde goleiro da Academia São Geraldo), dizia pra todos: “Pode deixar que cuido dos meninos”. Alerta semelhante foi dado pelo padre Armando durante a missa das seis horas da manhã na Igreja de São Geraldo: “Cuidado com seus filhos, porque esse negócio de corrida de carro é um perigo”.
Ao mesmo tempo, o “seo” Delfino já havia aberto a Padaria 9 de Julho (onde funcionou até pouco tempo atrás a agência do Banco Itaú) e o Laitano ajeitava as caixas de cerveja em sua mercearia, bem em frente ao Jardim Primavera, ajudado pelo Lalo, técnico do time do Bangú, que fazia daquele ponto a sua sede. Ambos estavam convictos de um domingo com muitas vendas.

Pouco antes das 8h30, Saturno Gagliardi com o serviço de som na perua Chevrolet recém comprada, começou a correr o trajeto da corrida para anunciar o início da corrida em 30 minutos. Depois, Ennio Rodrigues Caraça também iniciava a transmissão pela Rádio A Voz da Araraquarense, anunciando que entre os participantes da bateria principal – os charutinhos – estariam nomes famosos do automobilismo brasileiro, como Wilson Fittipaldi Jr, Ludovino Perez, José Carlos Pace, Totó Porto, Chiquinho Lameirão, Anísio Campos, Rodolfo Olival Costa e Lian Duarte. Também estão inscritos, disse Ênnio Rodrigues, Luis Pereira Bueno, Luis Fernando Terra Smith, Bird Clemente, Carol Figueiredo, Marinho Camargo, Eduardo Scurachio, Jan Balder e Emerson Fittipaldi.
Na primeira e segunda baterias participaram os carros de passeio como Belcar Rio (Wemag), Volkswagen, Gordini, Dhauphine, Interlagos e Sinca Chambord. Os circuitos aconteciam em várias cidades do interior para se apurar os campeões em cada categoria no final do ano.
O apoio ao automobilismo continuou enquanto Benedito de Oliveira se manteve no cargo de prefeito. Por questões políticas, Rômulo Lupo deixou de apoiar o Automóvel Clube que aos poucos foi desaparecendo. Outra questão interessante é que após a duplicação da Washington Luís, a partir de 1964, a abertura de outro acesso à cidade pela 36, mudou totalmente o perfil da avenida, tornando-a um dos principais corredores comerciais da cidade.
Mário Ananias também deixou a presidência da entidade em 1964, sendo substituído por José Wellington Pinto e algum tempo depois, Omar de Souza e Silva, o Mazinho, não durando a ACA mais que 8 anos, após entrar em período de inatividade. “O seu fechamento foi muito triste para todos nós”, relembra o advogado Wellington Pinto.
Entre aqueles que acompanharam esse período de festas para a nossa cidade, permanece de forma indelével a lembrança dos grandes nomes do automobilismo brasileiro, como Ermerson Fittipaldi, bicampeão da Fórmula 1 em 1972 e 1974, campeão da CART (Fórmula Indy) em 1989 e bicampeão das 500 milhas de Indianápolis em 1989 e 1993.