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Dona Cida, encanto pelo marido Wister que partiu e a dedicação aos filhos na sua missão de Mãe

Em meio ao mundo desconhecido de quem escreveu - que toda mulher é mãe, primeiro da boneca, mais tarde do irmãozinho; casada é mãe do marido antes de o ser dos filhos e sem filhos será Mãe Adotiva, fomos buscar uma história de mãe que serve de exemplo para novas gerações: Aparecida de Lourdes Roncalho Mione.

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Os dois tempos vividos por dona Cida

O olhar de dona Cida é típico da mulher que é mãe e protetora, que pressente o dia que vamos ter e a calmaria da estrela cadente na noite que se apaga vendo os filhos adormecerem. Nela, diz Jorge Wister Mione, o segundo dos filhos, há essa mistura dos três tempos passado, presente e futuro, simbolizando uma vida cheia de histórias.

“Eu sinto enorme orgulho do jeito dela assim ser”, arremata o filho que é proprietário de um bar e do qual se intitula presidente do Clube da Esquina, referindo-se a mãe que ainda trata cada um deles como criança. Na verdade, são três ao todo, idades próximas que tornam Jorge, Daniel e Roney os filhos da mãe que neste dia se coloca no ponto mais alto do pedestal e da vida que levamos.

Cida e o marido Wister em 1965; ao lado, ela com os filhos Jorge e Daniel 60 anos depois

Mas, o que ela sempre conta vem com uma fatia saudosa do marido que perdeu – Wister Jorge Mione, e, o papel que assumiu, de seguir cuidando de cada um deles o tempo todo, mesmo que entendendo que para cada amanhã bastaria hoje, o seu problema. Uma frase que ela mesmo criou e de difícil entendimento, mas que se fundamenta com a mudança comportamental da humanidade.

Aparecida de Lourdes Mione, que por todos ganharia um “Oscar da Fraternidade” ou então da “Mãe Perfeita” pelo seu desempenho em meio a essas novas gerações, lembra dos seus primeiros passos trabalhando em São Paulo em uma fábrica de decoração: “Era menina ainda, flor da idade, mas o comprometimento com o que fazia, me levou a comandar um grupo com dezenas de funcionárias. Eu era assim, tinha que ser assim, pois minha responsabilidade teria que respeitar o peso da confiança que me atribuíam”, revela a mulher ainda cheia de sonhos.

Filha de Vitória e Domingo Roncalho, dona Cida veio para Araraquara nos anos 60, no esplendor da sua juventude em companhia da sua avó Jorgina – daí a ligeira conotação do nome Jorge em todos os filhos: Ronei Jorge, Jorge Wister e Daniel Jorge, provindo de Jorgina. Mas, a maior evidência é a forte influência do nome do pai – Wister Jorge Mione, um dos empreendedores mais conhecidos na região do Morumbi, Carmo e Santana, em Araraquara.

Mas, a avó Jorgina, pelos seus laços de amizade com a Família Nassuti, dona de um comércio na cidade logo viu a neta empregada na Casa Nassuti. Num desses momentos de entra e sai fregueses e do relacionamento dos Nassuti com a cidade, Aparecida viu por encanto seus olhos brilharem ao conhecer Wister Jorge Mione com quem veio a se casar em fevereiro de 1965, com direito a ter fotos tiradas por um dos fotógrafos mais requisitados da cidade: Antonio Sandro, o “Tchê”, uruguaio que foi o primeiro goleiro na história da Ferroviária em 1950.

“É engraçado mas quando conheci o meu marido, a quem sempre haverei de amar, a gente ia passear de lambreta. Tudo era maravilhoso. Um tempo cheio de romantismo”, comenta dona Cida nas costumeiras conversas com amizades mais próximas no Clube da Esquina, na Avenida José Bonifácio com a Rua dos Libaneses. A morte de Wister foi destacada pelo então vereador Jéferson Yashuda, em requerimento com votos de pesar na Câmara Municipal na semana do seu sepultamento.

Recepção familiar no seu aniversário em abril

Mas, quis o destino que Wister partisse no dia 27 de janeiro de 2016, uma quarta-feira, levando consigo o amor que nutria por dona Cida: “Wister e eu vivemos um para o outro. Me lembro, de longe ele via os nossos filhos brincando com os coleguinhas e bastava um sinal para eu fazer bolinhos de chuva para as crianças que então paravam de brincar para comer”, conta a mulher que com ternura se desdobrou para ver os filhos brilharem como seres humanos de grande valor.

Em companhia do marido, nos anos 70, se tornou vidrada em séries americanas como o “Homem de Seis Milhões de Dólares”, depois nos anos a série MacGyver, conhecida também como “Profissão: Perigo”, filme de ação e aventura americana que estreou em 1985 e durou até 1992. E dona Cida não esqueceu que a série conta a história de Angus MacGyver, um agente secreto que resolve problemas usando sua inteligência e as ferramentas que encontra ao seu redor, como o canivete suíço. “Ah, hoje assisto apenas minhas novelas turcas”, arremata.

Dedicada ao lar e ao afazeres domésticos, após o casamento passou a se dedicar ao marido, depois aos filhos, mas parece não ter alterado sua rotina – ouvir Elvis Presley e Nat King Cole e fazer em meio à sua criatividade pratos deliciosos como “curau salgado e macarrão à milanesa” para o filho Jorge ainda este ano.

Dona Cida, um exemplo de vida.