Jornalista e mestre de cerimônias, Francisco Luiz Salvador, mais conhecido como Kiko Luiz, faz parte da história de Araraquara e, sobretudo, da comunidade negra. Propagador dos direitos dos negros e defensor da igualdade racial, seus esforços foram reconhecidos publicamente, na noite de sexta-feira (30), com a entrega do Diploma de Honra ao Mérito no Plenário da Câmara Municipal. A vereadora Thainara Faria (PT) foi a autora da indicação e ttambém presidiu a sessão, representando o presidente da Casa de Leis, Tenente Santana (MDB).
“Nós não somos nada se não reconhecemos quem vem antes de nós na luta. E se hoje posso ir a um festival negro em Araraquara é por sua causa. Que a gente possa ter mais negros ocupando espaços de poder que são nossos e nos foram negados”, disse Thainara, em um discurso emocionado. Kiko foi um dos responsáveis pela realização do Festival Comunitário Negro Zumbi (Feconezu), cuja primeira edição foi em Araraquara em 1978.
O empresário Cláudio Claudino representou a presidenta da Comissão de Combate à Discriminação Racial da Ordem dos Advogados do Brasil – 5ª Subseção Araraquara, Nayara Costa, e também destacou a importância do homenageado em sua vida: “Sou quem sou por causa de você, que nos tirou da periferia, de um local conhecido como risca-faca, e nos apresentou ao Gana (Grupo de Arte Negra de Araraquara). Lá vi como o negro era lindo.”
A atuação no combate ao racismo e à discriminação foi ressaltada pelo vice-prefeito Damiano Neto (Progressistas), que, na ocasião, representou o prefeito Edinho Silva (PT). “Sua luta é difícil e deve ser respeitada, até que a sociedade entenda que todos somos iguais”, disse.
Emocionado, Kiko Luiz agradeceu aos presentes e fez um resgate de sua ancestralidade para, por fim, concluir: “Tive uma ascendência nobre e levo para a posteridade uma descendência igualmente nobre”, referindo-se aos pais, tias, irmãs, filhas e aos netos.
Participaram da solenidade os vereadores Jéferson Yashuda (PSDB) e Juliana Damus (Progressistas).
SOBRE O HOMENAGEADO
Francisco Luiz Salvador nasceu em Araraquara em 1950 e, desde jovem, marcou presença em eventos e ações da comunidade negra. Em São Paulo, participou do Centro de Cultura e Arte Negra (Cecan), e, posteriormente, aqui na cidade, foi um dos fundadores do Gana, responsável pela realização do 1º Feconezu.
Como jornalista, teve uma trajetória marcante dentro dos meios de comunicação, principalmente no rádio. Trabalhou também por 19 anos na assessoria de imprensa da Câmara Municipal de Araraquara, atuando na TV Câmara desde a sua criação. Kiko ainda participou de um programa diário na rádio Lefemara, transmitido via Internet, e auxiliou na organização da Cooperativa de Imprensa Negra no Instituto de Pesquisa da Cultura Negra (IPCN).