Poeta, escritor, seresteiro das madrugadas e finalista da Grande Chance, programa de Flávio Cavalcante na antiga TV Tupi, no Rio de Janeiro, o compositor, cantor e violonista Sergio Eduardo De Carvalho Costa, o Largatixa, ou apenas Tixa (77), lança seu primeiro álbum, “Em Resumo”, nesta sexta (4), às 20h, no Sesc Araraquara. A entrada é gratuita.
Gravado durante a pandemia, o material retrata diversos momentos da veia criativa do artista. No palco, Tixa conta com a participação especial do Grupo Seresteiros. Juntos, além de canções autorais, clássicos de nome que inspiraram o prata da casa durante a sua vida, como Chico Buarque, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, entre outros.
Tixa nasceu no ano de 1947, uma época áurea da música brasileira, ao meio de “Copacabana” (João de Barro), “Brasileirinho” (Waldir Azevedo), “Mulher” (Custódio Mesquita, interpretada por Silvio Caldas), “Atire a Primeira Pedra” (Ataulfo Alves) e tantos outras composições.
O olhar com a música começou aos 17 anos, ao ir aos ensaios do Coral Araraquarense acompanhado de sua mãe, Lucilla de Carvalho Costa, e de sua tia, Ana Eunice de Carvalho Guedes. “As irmãs Dorsas (Yolanda, Idalina e Marisa) eram amigas da minha mãe e também cantoras. Eu acompanhava os ensaios do coral e a partir dali começou a se desenvolver um gosto pela música”, relata Tixa.
A família não apoiava as aventuras do, até então, garoto no mundo da música. Mas, graças a Valfrides Brandão, gerente do extinto Banco Bandeirantes, que ficava na Av. Dom Pedro II, a sua vida tomaria outro rumo. “Ele morava em frente da minha casa e foi ele quem me ensinou os primeiros dedilhados no violão. Segundo Valdrides, eu tinha muita facilidade em tocar e compor. Isso ajudou muito”.
Em 1967, aconteceu o Festival Araraquarense da Canção (FAC) no IEBA (hoje EEBA). Tixa compôs diversas músicas para concorrer o prêmio de melhor música. Entre os concorrentes estavam José Roberto Telarolli, Paulo Ferrante e Didinho (da Chalu). Além deles, outros músicos do interior do estado estiveram presentes no festival araraquarense pela tamanha repercussão e grandiosidade.
“Para aquele festival eu compus a canção “A Tela”. O grupo, formado pela minha família, que tinha Marisia (tia), Leda Maria Gatas e Mário Sérgio de Carvalho (primos), além de outros, cantaram comigo a composição”. Para um primeiro festival, até que Tixa se saiu bem. Ficou na segunda colocação, perdendo para a canção “Viola”, de Marinho Galera. Depois, o araraquarense participou de outros festivais em Franca, Registro, Campinas e São Paulo.
Tixa teve grande influência também de autores mais modernos como Chico Buarque, Tom Jobim, Osvaldo Montenegro, Taiguara, Luís Vieira, Sidney Muller, Edu Lobo e tantos outros monstros da música brasileira.
LUA QUEBRADA
Letra e composição: Sérgio Eduardo de Carvalho Costa (Tixa)
Relampeou, fez vento forte a noite inteira
A chuva fina tá caindo no quintal
Se água molha o pé descalço da mangueira
É quase certo que lá vem o temporal,
Está tão perto tá chegando um temporal
Bico calado, pode ser um temporal
Lua quebrada hoje não pisa no céu
Nem tem brancas borboletas com asas de papel
Lua quebrada hoje não clareia o chão
Nem tem sol que seca e mata
A raiz da plantação
E o vento forte fustigou a passarada
E os galhos secos num balé de vai e vem
Foi tão grande a chuvarada que o caboclo
Decidiu dar duas lágrimas também
E a meninada da Janela de Maria
Viu a noite virar dia numa forma de oração
Chuva pesada que por sua conta e risco
Implorou pra São Francisco trazer água pro sertão
Pito de palha, fogão de lenha, carro de boi, levando leite de ordenha
Chuva de vento, com tempestade, molhando a terra e a poeira da saudade
Café bem forte, pão sobre a mesa, moça bonita com jeitinho de princesa
Venha comigo bem do meu lado, abraça e beija o teu caboclo apaixonado