Exatos 41% em nossa enquete – “De acordo com sua avaliação, neste momento, o que Araraquara mais necessita?” – apontam para a falta de emprego ou apelam em nome de terceiros que estão desempregados. De fato, pode se contar nos dedos as empresas de médio ou grande porte que se instalaram em Araraquara nos últimos anos, situação decorrente da crise econômica e outros aspectos que enfileirados também apontam para situações incomodas como as chamadas contra-partidas.
Há casos de empresas que apelam para os benefícios públicos em troca do anúncio de contratação de dezenas ou centenas de empregados; ledo engano, pois se contratam algum tempo depois dispensam ou então nem chegam a cumprir 30% do prometido, pois não há fiscalização pública e nem contestação sobre os compromissos assumidos. Sob a esteira da promessa há na maioria das vezes a combinação política de conquistas que desaparecem em meio a ventania do descaso.
Economicamente Araraquara ficou muito mais pobre nos últimos anos, ainda que não seja fácil avaliar a dimensão da crise do emprego urbano que nela vem ocorrendo ao longo desta década. Mesmo enquanto se desenvolveu, a cidade conviveu com graves problemas decorrentes da insuficiente geração de empregos e o baixo nível das remunerações do trabalho. Indústria de porte, neste caso, nem pensar. Uma ou outra ‘pinga’ de vez em quando e nem mesmo a posição estratégica do município no Estado de São Paulo hoje tem poder de convencimento sobre a escolha da cidade para grandes empreendimentos.
Para crescer, Araraquara tem se valido apenas da construção civil com a chegada dos investimentos imobiliários, possibilitando a circulação do dinheiro e a contratação da mão-de-obra pouco especializada. Na contramão estão profissionais e trabalhadores que servem a alta complexidade tecnológica e que os leva para centros mais avançados ou até fora do país.
NECESSIDADES COMPLEMENTARES
Num segundo momento da enquete o tema Obras e Zeladoria mostra a cidade sem grandes construções por falta de recursos e distanciamento político em São Paulo e Brasília. Valores que chegam são insuficientes para a reconstrução de pontos mais críticos da pavimentação e o que entra sob a mira dos impostos são canalizados para a sustentação da máquina com mais de 6 mil servidores. Pouco ou quase nada se dá para a zeladoria; o que sobra se transforma em tapa-buraco, sem contar a situação caótica dos prédios públicos que não possuem reparos ou reformas regulares.
A retirada definitiva dos trilhos da malha ferroviária de dentro de Araraquara talvez seja a melhor notícia do ano. O benefício, contudo não é ato exclusivo de Araraquara. A empresa Rumo, que atualmente opera a concessão, compromete-se a realizar obras de ampliação da capacidade e de resolução de conflitos urbanos nas cidades paulistas que são atravessadas pela ferrovia, o que inclui Araraquara. Aqui, esse investimento seria de R$ 245 milhões, o que inclui a retirada dos trilhos, com a construção da nova oficina de manutenção de locomotivas de vagões e a construção do novo posto de abastecimento para as composições que passam por Araraquara. Este item foi ‘bobeada’ de quem assinou o contrato no passado pois a empresa teria que ser responsável pela integralidade do projeto.
O curioso é que para executar o projeto a Rumo terá a concessão da malha ferroviária terminada em dezembro de 2028 pediu ao Ministério da Infraestrutura e a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) a prorrogação da concessão por mais 30 anos, até 2058. É a tal contrapartida indicada no trecho mais acima.
Para que os araraquarenses possam fazer uma análise ainda mais apurada sobre os resultados da enquete veja o quadro ao lado. Houve, como se pode notar, o apontamento de 10% dos participantes deste trabalho que se preocupam com a Segurança; um pouco abaixo está o índice de 8% interessados em uma Educação em melhores condições e apenas 1% com a Habitação o que reflete a expansão imobiliária em Araraquara. A Saúde também apresenta um índice relativamente abaixo – 7% gostaria de possuir um atendimento em melhores condições. Faça a sua própria avaliação.