As rotativas do céu pararam nesta manhã, pelo menos por alguns instantes, pela morte de um dos mais brilhantes repórteres fotográficos da história do jornalismo araraquarense: Valdemir Somenzari, o Miro Fotógrafo, ou ainda o Miro da Sônia, também o Miro ponta direita do Itamaraty, campeão amador da cidade em 1967.
Mas, os que o conheceram mais profundamente o identificavam como o amigo de fé, irmão e camarada sempre disposto a servir para depois se contentar em pisar o pedaço de chão que lhe sobrava, tamanha era sua humildade. Assim, foi sua jornada folheada por um amor incontido pelos costumes da sua terra. Miro era a essência da pureza, e por quem a Sônia sempre sentiu uma paixão inabalável.
Sua morte calou a voz do setor jornalístico da velha guarda que parada neste instante se coloca a recordar da vida e do trabalho profissional do inesquecível companheiro que sempre lembrava com carinho da sua passagem pelo futebol amador defendendo o E.C. Itamaraty.
Isso foi na metade dos anos 60, quando estruturado, o Itamaraty se formou através de doações: camisas, calções, meias e chuteiras, mas mantendo o foco que era a bola e o seu belo futebol. Logo em seu primeiro ano de fundação, o Itamarati, após realizar uma série de amistosos em cidades e fazendas da região, ingressou no Campeonato Amador para se igualar tecnicamente às equipes de peso da cidade: Andarai, Gracianauto, Academia São Geraldo, Atlética Ferroviária e por aí vai. Com a chegada do Itamarati, só o futebol poderia agradecer a todos.
Um daqueles garotos do Itamarati na época era Valdemir Somenzari, o Miro, que recorda com saudade da sua função como ponta direita. “O time jogava por diversão. O Galo (técnico) era uma grande pessoa e sempre nos orientou dentro de campo”. O ex-jogador destaca também a importância do presidente Jorge Gonçalves Dias. “Era um cara formidável, não perdia um treino ou jogo da gente. Na época em que joguei o Campeonato Amador, ele foi o primeiro a me pagar um bicho na vida”.
E o bicho a que Miro Somenzari se refere é justamente na partida mais importante de sua vida. “Jogamos contra o Gracianauto. Era o nosso primeiro grande campeonato e enfrentamos aquele time de craques. Surpreendemos e goleamos por 4×1”.
Além das boas lembranças, Miro recordava de um lance curioso. “Houve uma partida que teve uma enorme confusão. O árbitro deu cartão amarelo para o Nêgo e vários jogadores foram tirar satisfação com o juiz. No meio do tumulto, um jogador do outro time deu um pontapé no árbitro. Ele virou, achando que tinha sido eu, e me acertou um belo de um pé-de-ouvido (risos)”.
No jornalismo, Valdemir Somenzari se destacou como repórter fotográfico, trabalhando n’O Diário da Araraquarense do jornalista e advogado Roberto Barbieri. Foram longos anos na atividade até ser fotógrafo oficial da Prefeitura de Araraquara; formado em Direito, Miro assumiu a direção do antigo Codecon, hoje Procon, defendendo os direitos dos consumidores. Anos depois se aposentou.
Por mais de 50 anos se manteve fiel aos carinhos de Sônia que conheceu na antiga Escola Industrial Professora Anna de Oliveira Ferraz; o casal tem as filhas: Debora, Cláudia e Daniela.
O velório acontecerá nesta quarta-feira (28) das 07h30 às 10h15 em uma das salas da Sinsef e o sepultamento em seguida no Cemitério São Bento.