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Músico e produtor araraquarense é membro da “Recording Academy”

Com talento acima da média, o produtor musical Murilo Romano tem hoje cadeira votante no que é considerado o “Oscar da música”

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Romano começou sua carreira profissional aos 15 anos. (Foto: Divulgação)

Dizem que “o fruto nunca cai longe do pé”, e assim acontece com Murilo Romano de 37 anos, que aos 14 anos já tocava profissionalmente.

Filho do músico Aníbal Romano e Zilda Malta Romano, recebeu em casa, aos 7 anos, as primeiras referências musicais, ensinado pelo pai. Quando percebeu que seu caminho seria mesmo a música, iniciou os estudos com o professor Francisco Brasilino, e depois partiu para a guitarra com Aylton Bonini, em Araraquara, depois no conservatório Souza Lima em São Paulo, onde Bonini leciona até os dias de hoje.

Com veia musical internacional, pois o pai lhe apresentara The Beatles, Creedence, entre outras grandes bandas da época, aos 13 anos já tocava e cantava Beatles com uma facilidade invejável, dom este que lhe rende entre os amigos músicos chamá-lo de “artista acima da média”.

Em determinado momento de sua carreira começou a trabalhar com Paulo Russi, que segundo Murilo, foi muito importante para seu interesse nas questões de produção musical.

Romano conta que eles têm um grupo de música instrumental há 15 anos, mas que nunca conseguiam gravar seu próprio trabalho, pois sempre estavam envolvidos na produção de outros artistas.

Murilo, Paulo Russi e Fábio Russi

Em dado momento, Murilo, Paulo Russi e Fábio Russi, optaram por parar tudo e trabalhar na gravação de seu disco, que foi lançado em 2012, “Mr. Zelion – Miracle”. Segundo Romano, esse trabalho foi determinante em sua carreira, pois enquanto estudava o que seria feito, teve a idéia de convidar algumas pessoas com as quais já havia trabalhado fora do Brasil para participar. Um deles, que foi muito importante para a carreira de Murilo, o músico cubano radicado nos USA, Jorge Casas, produtor e diretor musical da Gloria Estefan, foi convidado e aceitou logo de cara. Isto animou o araraquarense que passou a falar com alguns outros amigos e, resumindo, o CD conta com 24 músicos de renome internacional, entre eles Tommy Barbarella, tecladista do Prince, o trompetista Randy Brecker que é uma lenda do Jazz, Stuart Hamm um dos maiores baixistas na história, Scott Henderson, a lenda da guitarra, que também foi base de estudo de Murilo, e que hoje o músico se diz honrado em poder chamá-lo de amigo. Também participou do CD o baixista do Kenny G, Vail Johnson, Karl Perazzo, que é percussionista e diretor musical de Carlos Santana, o baixista Tom Kennedy, dentre tantos outros nomes.

A partir desse disco, Murilo diz que começou a entender mais sobre produção musical, ter uma visão mais ampla, afinal, havia sido sua primeira produção internacional, e ainda tendo a oportunidade de trabalhar com alguns de seus maiores ídolos. Ainda em 2012, foi convidado pela Guitar Player, que é uma revista popular americana para guitarristas, para fazer uma matéria e posteriormente passou a ser colaborador da revista, onde escreveu por dois anos. Também já foi entrevistado por revistas da Espanha, Estados Unidos, entre outras.

Murilo lançou seu primeiro trabalho solo em 2014, um disco instrumental mais focado na guitarra, com os irmãos Andria e Ivan Busic, integrantes da banda Dr. Sin, uma das maiores bandas brasileiras de hard rock.

O segundo disco solo, apresentando apenas voz e violão, foi lançado em 2015 e carrega o título “Os dois lados da História”.

Pretende lançar em janeiro de 2020, nos Estados Unidos, seu novo trabalho solo, contanto mais uma vez com grandes instrumentistas como Kenny Aronoff (bateria), Eric Darken (percussão), PC Barros (baixo), Paulo Russi (piano) e Tony Harrell (B3).

O músico tem também uma grande ligação com a Jovem Guarda, tocou e produziu o último disco de Waldirene – A garota papo firme.

Em 2017 produziu o CD/DVD da cantora Patrícia Romania, com seus parceiros de Nashville, no estado do Tennessee, nos EUA. Murilo conta com uma equipe em Nashville, formada por alguns dos músicos, produtores e engenheiros mais importantes da história da música country, que gravaram e gravam com artistas como Willie Nelson, Blake Shelton, até a canadense Shania Twain.

Frejat participou do evento promovido pelo Grammy com Murilo Romano

Voltando na linha do tempo, em 2013 o produtor foi convidado por um amigo para ser membro da Academia Latina de Gravação, que é responsável pelo Latin Grammy Awards, criada em 2000 para premiar as melhores produções da indústria fonográfica latino-americana. Em 2014 foi convidado a ser membro do Grammy, com base em Los Angeles, onde é votante.

Em outubro de 2019 participou de um evento no Rio de Janeiro, promovido pelo Grammy Latino, juntamente com Moogie Canazio, que é um dos maiores produtores e engenheiros de áudio do Brasil. Canazio já trabalhou com importantes artistas nacionais, como Maria Bethânia, Caetano Veloso, Sandy & Junior, João Gilberto, Jay Vaquer e Xuxa. Segundo Murilo, dentro da Academia Latina, Moogie é muito importante e influente, e teve a idéia de fazer um encontro do Círculo de Produtores e Engenheiros (CPI), formado por um grupo de profissionais que trabalham com gravação de música no mercado latino, incluindo produtores, engenheiros, engenheiros de mixagem, fabricantes, técnicos e outros profissionais criativos e técnicos na área da gravação que atuam nos bastidores, na criação de músicas e na defesa dos direitos dos criadores. “Éramos cerca de 100 profissionais, todos membros da Academia, onde discutimos as mudanças que vêm ocorrendo e que ainda vão ocorrer no negócio da música, business mesmo”.

O produtor Murilo com  Moogie Canazio, no Rio de Janeiro

Além de Moogie Canazio, como moderador, foram selecionados seis profissionais, cada um de uma área, para mostrar diferentes visões de negócio, O painel foi composto por Arthur Fitzgibbon (diretor executivo da ONErpm Brasil), Roberto Frejat (músico, compositor, cantor e quatro vezes indicado para o Latin GRAMMY); Tom Gil (empresário artístico); Jose Celso Guida (produtor), Marcel Klemm (produtor e gerente musical da TV Globo) e Zé Ricardo (principal responsável pela evolução do palco Sunset do Rock In Rio), para então se fazer um debate sobre os novos rumos da profissão.

“Hoje o artista vive de vender seus shows e muitas vezes dão os CD’s ao público. E isso não é só no Brasil. O CD virou nosso cartão de visita, mas, não acredito que vá acabar. Veja a onda que vem forte da Europa com os vinis. Aqui ainda é bem caro, mas vem com força” – finaliza o artista.