Miguel Crispim Ladeira, brilhou no I Circuito de Araraquara (1962) e marcou época na DKW Vemag, também foi protagonista na criação do lendário Carcará, recordista brasileiro de velocidade em 1966. Nas competições nas Avenidas Bento de Abreu e Padre Francisco Sales Colturato, a Avenida 36, sempre estava o lendário “mestre da mecânica” e, cada pedaço que pisou em Araraquara ele consegue narrar suas emoções.
O respeitado preparador de motores Miguel Crispim Ladeira acaba de lançar seu livro “Nasci Mecânico” no espaço de raridades automotivas de Flávio Gomes, no bairro São Judas, em São Paulo. O evento reuniu inúmeros convidados, entre amigos, pilotos e admiradores do automobilismo, em uma tarde marcada por autógrafos, histórias e celebração da trajetória de Crispim, um dos grandes nomes da mecânica e da velocidade no Brasil.
O nome de Miguel Crispim Ladeira está gravado na memória do automobilismo brasileiro e, em especial, na história esportiva de Araraquara. Preparador de motores, construtor de carros de corrida e inventor de soluções mecânicas ousadas, Crispim desempenhou papel decisivo no I Circuito Automobilístico de Araraquara, realizado em 1962, quando ajudou a equipe da DKW Vemag a conquistar duas das três provas disputadas nas ruas da cidade.

Sob suas mãos, a preparação do DKW Vemag, o piloto Mário César Camargo Filho, o “Marinho”, tornou-se o grande herói da competição na Morada do Sol. Na primeira prova, Marinho cruzou a linha de chegada em primeiro lugar e ainda registrou a volta mais rápida, com média horária de 78,110 km/h. A emoção seguiu na segunda bateria, quando Bird Clemente, pilotando um Landy Jr. – o famoso “charutinho” – conquistou o 3º lugar, marcando o melhor tempo da corrida, com média de 86 km/h.
A consagração viria na terceira e principal prova: Marinho voltou a vencer, desta vez em uma disputa eletrizante contra Bird Clemente, também da DKW Vemag, com apenas 29 segundos de diferença. O pódio ainda teve Cyro Cayres, em um Simca, em 3º lugar, seguido de mais dois DKW Vemag, pilotados por Roberto Dal Pont e “Áquila”. A rivalidade com Gordini e Volkswagen deu ainda mais emoção às corridas.
O evento reuniu grandes nomes do automobilismo e personalidades de destaque, como o lendário corredor Francisco Landi (Chico Landi), além de autoridades políticas e empresariais: o presidente do certame, vereador Mário Ananias, o comendador Roberto Selmi Dei, Rino e Oscar Malzoni, os deputados Scalamandré Sobrinho e Pereira Lopes, os vereadores Flávio Ferraz de Carvalho e Álvaro Valdemar Colino, além do prefeito Benedito de Oliveira, que deu a largada na Bento.
Mais de seis décadas depois, Miguel Crispim Ladeira mantém sua ligação com a cidade. Anualmente, marca presença em Araraquara, especialmente no tradicional Baile do Carmo, oportunidade em que reencontra antigos amigos e revive as memórias de um tempo em que sua genialidade nos motores ajudou a transformar corridas em espetáculos inesquecíveis.
RINO MALZONI, MIGUEL CRISPIM E O CARCARÁ
Na década de 1960, o automobilismo brasileiro viveu um de seus momentos mais ousados com a criação do Carcará, o carro mais veloz do país construído na Fazenda Chimbó entre Araraquara e Matão. O projeto reuniu o talento do advogado e construtor Rino Malzoni, responsável pela carroceria aerodinâmica em fibra de vidro e do preparador de motores a parte mecânica Miguel Crispim Ladeira, que extraiu potência máxima do motor de três cilindros da DKW-Vemag.
Em 29 de junho de 1966, pilotado por Norman Casari, o Carcará atingiu 212,9 km/h na Via Anchieta, quebrando o recorde brasileiro de velocidade.
Mais que um feito esportivo, o Carcará tornou-se símbolo da criatividade e da ousadia da engenharia nacional, eternizando os nomes de Malzoni e Miguel Ladeira Crispim na história do automobilismo brasileiro.