Com um dos maiores e mais belos ginásios esportivos do Brasil, e, uma equipe de ponta que chega às finais do Campeonato Brasileiro de Basquetebol Feminino, o Sesi Araraquara terá que disputar seus jogos decisivos na capital, privando seus torcedores do direito de assistir pelo menos dois jogos que encerram sua participação na competição.
A série melhor de cinco jogos terá os dois primeiros realizados no Castelinho, em São Luís (MA), casa do Sampaio, primeiro colocado na fase de classificação. O terceiro jogo será no SESI Vila Leopoldina, em São Paulo (SP), onde o time paulista terá seu mando de quadra. O quarto confronto, se preciso, será novamente na capital paulista e o quinto, também se necessário, será em São Luís.
Embora não tenha ocorrido qualquer manifestação do Sesi sobre a razão da mudança – é verdade que o Gigantão construído com recursos públicos provenientes da arrecadação de impostos junto à nossa população no final dos anos 60, desde agosto de 2023 faz parte de um contrato de concessão à iniciativa privada – intitulado Complexo Arena Fonte Luminosa, que abrange o estádio, o Ginásio de Esportes Castelo Branco “Gigantão”, o Centro de Eventos de Araraquara e Região (Cear) e o Centro Internacional de Convenção, por 35 anos.
Toda essa estrutura passou a ser controlada pela Real Estate Venues & Entertainment Participações (Reeve), assessorada pela parceria entre REAG e Integritate, empresas que promoveram a remodelação do Allianz Parque, em São Paulo. Como o Gigantão hoje é movido pela concessionária, nem mesmo a final de um campeonato nacional sensibilizou o Poder Público a interferir para que as disputas ocorressem no Gigantão e a alternativa do Sesi, aparentemente, foi fugir ao pagamento da locação para disputar as finais, indo para São Paulo, tendo em vista ser o seu ginásio de formato reduzido.
BRINCANDO COM COISA SÉRIA
Se de um lado a gestão política e administrativa falha pela incompetência de gerar eventos que exigem profissionais na sua organização – repassando a missão para terceiros (por 35 anos) – por si só encontrou na negociata, o caminho menos penoso para manter obras construídas com o dinheiro do povo. Neste caso beneficia terceiros.
Gigantão sempre foi o espaço a possibilitar a formação de atletas de nível, porém ao longo do tempo observa-se a falta de sensibilidade, amor e respeito às tradições esportivas que passam despercebidas pelos vãos dos dedos que apontam a importância de Araraquara mostrar sua cara e suas riquezas. Seria agora com o Gigantão, visto uma vez mais em todo o Brasil, pois a competição estará sendo comentada por 90% dos canais de TV do território nacional – a custo zero.
Pacientes e descuidados, também dando descrédito, desrespeito e o desamor incontidos à luta e ao suor dos araraquarenses os nossos vereadores se abstém da discussão, afinal aprovaram a concessão em favor da Real Estate Venues & Entertainment Participações (Reeve), e não tiveram juntamente com o Poder Público neste momento a coragem e o bom senso de convencer a concessionária a liberar o Gigantão para o Sesi Araraquara promover a festa do basquete nacional, justamente no mês de aniversário da cidade.
O primeiro passo está dado para perdermos o nosso basquete, estímulo para jovens que sonhavam em ter uma terra de campeões.
DE VOLTA AO PASSADO
“Vou construir esse ginásio com o apoio e a força do povo da minha cidade para que daqui 50 anos, tenhamos atletas servindo a nossa terra e ao Brasil. Assim não teremos crianças, tão pouco pessoas, perambulando pelas ruas.”
Trecho extraído do discurso de Rubens Cruz na inauguração do Gigantão em 11 de outubro de 1969.
Prefeito em questão, tinha feito apenas o Grupo Escolar em escola rural. (Por Ivan Roberto Peroni)