Em junho, o valor médio da cesta básica em Araraquara apresentou a primeira queda mensal (2,18%) desde agosto de 2024, segundo pesquisa do Núcleo de Economia do Sincomercio. O preço médio total da cesta no período foi de R$ 1.080,22, barateamento de R$ 24,05 na comparação com maio, quando o valor médio registrado foi de R$1.104,27.
Gráfico 1 – Evolução do custo médio e variação mensal da cesta básica em Araraquara – junho/2024 a junho/2025

Dois dos três grandes grupos avaliados apresentaram queda de preço em junho: limpeza doméstica com deflação de 2,11%, ou barateamento de R$ 1,51; e alimentação, que possui maior peso no custo total da cesta, com variação negativa de 2,53%, ou queda de R$ 23,07 no preço médio. Já os itens de higiene pessoal inflacionaram 0,43%, o que significou uma alta de R$ 0,53.
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Ainda sobre o mês em análise, os principais aumentos percentuais foram: 1) feijão carioca (4,1%); 2) desodorante (4,0%); 3) detergente líquido (2,8%); 4) extrato de tomate (2,2%) e 5) biscoito maisena (1,8%). E os produtos com maior decréscimo percentual foram: 1) batata (-15%); 2) cebola (-9,7%); 3) carne de primeira – contrafilé (-6,7%); 4) ovos brancos (-5,3%); 5) arroz branco (-4,4%).
Em termos monetários, o desodorante spray foi o item responsável pelo maior aumento, provocando o acréscimo de R$ 1,51 no custo médio da cesta, em razão do aumento de R$ 0,75/un. Na outra ponta, o item que mais aliviou o bolso dos consumidores foi a carne de primeira – contrafilé, com um decréscimo de R$ 10,88 no custo da cesta analisada, em razão da diminuição de R$ 3,63/kg.
Em junho, os valores da carne bovina registraram aumento de preço, na contramão do observado na pesquisa, de acordo com os dados do Cepea/Esalq-USP. Desde o início do mês, o mercado pecuário como um todo tem se mantido firme, já que a oferta foi relativamente baixa. As vendas de gado de confinamento começaram a aumentar, compondo os lotes de maiores valores. O ritmo de embarques foi mais acelerado do que em maio, por isso os preços dos animais para abate e das carnes no atacado nacional se mantiveram estáveis. O volume exportado por dia também aumentou 13% em relação a maio, subindo para a média de 11,7 mil toneladas de carne in natura. Comparado a junho de 2024, quando a média diária foi de 9,65 mil toneladas, o desempenho dessa parcial foi quase 22% maior, de acordo com os dados da Secex analisados pelo Cepea.
Outro item responsável por diminuir o preço do grupo dos alimentos foi a batata, com variação impulsionada por fatores de oferta e demanda. Segundo pesquisadores do Hortifrúti/Cepea, as chuvas principalmente nas regiões Sul e Sudeste reduziram o ritmo de colheita, afetando o lado da oferta. A demanda por batatas também sofreu queda no final do mês, quando normalmente o poder aquisitivo da população é menor, impactando nos preços do tubérculo. “Os levantamentos da última semana de junho mostram que o preço médio da batata tipo ágata especial no atacado de São Paulo teve queda de 16,3% em relação à anterior”, diz Maria Clara Kirsch, pesquisadora do Núcleo de Economia.
O arroz branco foi o terceiro item que mais aliviou o bolso dos consumidores araraquarenses. Segundo o Cepea, o indicador do arroz em casca voltou a operar nos patamares de fevereiro/2022 em termos nominais. Segundo o Centro de Pesquisas, o mercado do arroz em casca no Rio Grande do Sul continua enfrentando um cenário de baixa liquidez e redução nos preços. A demanda internacional está enfraquecida e os poucos negócios fechados são motivados principalmente pela necessidade dos agentes em cumprir com compromissos financeiros. Quanto à safra brasileira de 2024/25, a produção está estimada em 12,15 milhões de toneladas, avanço de 14,79% em relação à temporada anterior, segundo os dados da Conab de junho.
Gráfico 2 – Evolução do preço médio e da variação mensal da carne de primeira – contrafilé – junho/2023 a junho/2025
INFLAÇÃO
A variação acumulada em 12 meses foi de 13,45%, ou seja, encarecimento de R$ 128,05. Sobre grupos, o de alimentação registrou inflação de 14,15%, equivalente a R$ 110,14, o de higiene pessoal aumentou 9,99%, ou R$ 11,11, e os produtos de limpeza doméstica ficaram 10,81% ou R$ 6,80 mais caros.
Entre os produtos, 21 dos 32 também oscilaram em direção ascendente em 12 meses – o que corresponde a 65,5% dos itens que compõem a cesta básica analisada. No acumulado de julho de 2024 a junho de 2025, destacam-se: 1) café torrado e moído (97,6%), 2) carne de segunda – acém (39,36%), 3) óleo de soja (28,89%), 4) margarina vegetal (23,73%) e 5) desodorante spray (19,1%). E os produtos com as maiores reduções percentuais foram: 1) cebola (-48,17%), 2) batata (-47,38%), 3) arroz branco (-14,59%), 4) farinha de trigo (-11,14%) e 5) farinha de mandioca torrada (-6,06%).
INFLAÇÃO NACIONAL
Em junho de 2025, o subgrupo Alimentação no domicílio do IPCA-15, divulgado pelo IBGE, registrou queda. O índice que havia aumentado no mês anterior, obteve uma queda de 0,24% neste mês. O subgrupo Artigos de limpeza obteve um incremento de 0,43% e o subgrupo de Higiene pessoal variou negativamente 0,13% em junho.
No cálculo do IGP-M, índice de preços elaborado pela FGV-IBRE, a variação mensal do grupo de Alimentação apresentou queda em sua taxa de variação, de 0,46% em maio para -0,19% neste mês, o grupo Habitação, que incorpora o subgrupo Material para limpeza, passou de 0,71% em maio para 0,67% em junho e o grupo Saúde e cuidados pessoais, que incorpora o subgrupo Artigos de higiene e cuidado pessoal, apresentou desaceleração de 0,79% para 0,24% no mês analisado.
SALÁRIO-MÍNIMO
O custo médio da cesta básica em Araraquara representa até o mês de junho de 2025 cerca de 71,2% do salário-mínimo. O valor é inferior ao registrado no mês anterior e aproximadamente 3,8 pontos percentuais acima do registrado no mesmo mês do ano anterior, isto é, em junho de 2024, quando o valor da cesta básica representava 67,4% do salário-mínimo vigente à época. Em junho de 2023 e 2022, a cesta básica custava, em média, R$ 905,72 e R$ 950,72, representando, respectivamente, 68,6% e 78,4% do salário-mínimo do araraquarense.
O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta, para um trabalhador que recebe o piso nacional vigente de R$ 1.518,00, ficou em 156 horas e 33 minutos, aproximadamente. Essa jornada é inferior ao mês anterior, maio de 2025, quando eram necessárias 160 horas e 2 minutos de trabalho para consumir a mesma quantidade de produtos.
Gráfico 3 – Variação mensal do preço médio dos produtos componentes da Pesquisa de Preços da Cesta Básica em Araraquara – junho/2025
Coordenação de pesquisa: Elton Casagrande | Pesquisadores: Maria Clara Kirsch Junqueira e Bruno H. Camacho