Oportunidades, aprendizado, amadurecimento, novas experiências de vida. Essas são algumas das expressões utilizadas por estudantes para descrever a tão sonhada experiência do intercâmbio. A possibilidade de imergir em outra cultura enquanto se adquire e desenvolve conhecimento na própria área de pesquisa proporciona uma contribuição significativa para a formação profissional e científica. É o que acredita e espera viver, nos próximos meses, um grupo de 14 estudantes da Unesp.
Pertencentes a cursos de graduação e programas de pós-graduação em ciências da vida, esse grupo de alunos foi selecionado para participar de um intercâmbio de oito semanas na Universidade de Hubei, localizada em Wuhan, na China. Na véspera da viagem, em 4 de julho, eles se reuniram no prédio da Reitoria da Unesp, em São Paulo, com representantes das pró-reitorias de Pesquisa (PROPE) e de Pós-Graduação (PROPG) e do Instituto Confúcio na Unesp para um bate-papo final antes do embarque. O encontro serviu para apresentar a instituição anfitriã e oferecer orientações culturais e práticas de convivência.
O programa marca um novo capítulo na parceria entre a Unesp e a Universidade de Hubei, que já mantêm relações acadêmicas há anos. “É o primeiro programa, coordenado pela Pró-Reitoria de Pesquisa, que leva uma delegação de alunos selecionados para fazer pesquisa na Universidade de Hubei”, destaca Sérgio Luis Felisbino, assessor da PROPE e docente da Unesp.
Felisbino, juntamente com Rodrigo Fernando Costa Marques, assessor da PROPG, acompanhou os estudantes até a China, onde também participa de reuniões com dirigentes da Universidade de Hubei e da Universidade de Tecnologia Química de Pequim com o objetivo de ampliar colaborações acadêmicas e científicas. “Nós temos muitas áreas ainda para explorar com a China. Esse é o primeiro passo com as ciências da vida, mas a missão servirá para expandir as áreas de colaboração com a China”, explica.
A iniciativa se concentra em áreas relacionadas às ciências da vida, campo em que as universidades chinesas vêm ganhando destaque. Segundo o Nature Index 2024, sete instituições chinesas estão entre as dez que mais contribuíram para o avanço global em ciências naturais e saúde. Para Felisbino, o intercâmbio representa uma oportunidade estratégica de ampliar as colaborações acadêmicas e científicas com o país, e ele espera que os estudantes sejam as pontes entre as instituições. “Vemos que é um momento muito oportuno para aumentar a colaboração com a China”, diz.
Luís Antonio Paulino, diretor do Instituto Confúcio na Unesp, o primeiro a ser constituído no Brasil, acredita que a experiência vai além da aquisição de conhecimento técnico. Para ele, a vivência em uma nova cultura e o contato com uma nova organização universitária e científica pode enriquecer a formação dos estudantes. “A China, hoje, rivaliza [em produção científica e tecnológica] com os Estados Unidos e com a Europa. Em algumas áreas de pesquisa está à frente. Então acredito que o fato dos nossos alunos poderem vivenciar esse ambiente universitário, vivenciar essa estrutura de pesquisa e a dinâmica dessas universidades vai ser muito enriquecedor”, afirma.
EXPECTATIVA DOS INTERCAMBISTAS
Com pesquisas nas áreas farmacêutica, ambiental e da saúde, os pós-graduandos buscam ampliar o escopo de suas produções e estabelecer vínculos entre os grupos de pesquisa brasileiros e chineses. Lara Yassuko, mestranda da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias do câmpus de Jaboticabal, pretende aprender uma nova metodologia durante a estadia para poder aplicá-la no Brasil. “Espero tanto trazer os conhecimentos deles para o meu laboratório quanto ensinar para eles os métodos de pesquisa que utilizamos aqui”, afirma.
A estrutura dos laboratórios chineses também é um dos pontos que desperta o interesse dos estudantes. Samuel de Mattos Alves, mestrando do Instituto de Biociências do câmpus de Botucatu, destaca que ambas as instituições realizam pesquisas em áreas correlatas, como a aplicação de nanotecnologia e biotecnologia na medicina. Essa convergência deverá beneficiar tanto sua pesquisa quanto a de seus colegas.
Natália dos Santos e Laerte Ganéo Neto, doutorandos pela Faculdade de Ciências do câmpus de Bauru e pelo Instituto de Química do câmpus de Araraquara, respectivamente, também esperam aproveitar o intercâmbio para aprofundar seus temas de pesquisa e desenvolver novas ideias a partir da experiência com os laboratórios chineses.
Davy Sapatini e Vitor Sampaio, alunos da graduação dos câmpus de Rio Claro e Tupã, acreditam que a experiência contribuirá para uma formação mais ampla na área de ciências da vida, além de representar um amadurecimento pessoal e profissional. “Ter uma experiência como essa tão cedo na carreira científica, ainda durante a graduação, vai abrir um caminho muito mais amplo para futuras pesquisas. E a excelência da Universidade de Hubei vai tornar nossa formação muito mais completa”, afirma Sapatini.
Os alunos selecionados pertencem aos câmpus da Unesp em Araraquara, Bauru, Botucatu, Jaboticabal, Presidente Prudente, Rio Claro, São José dos Campos, São Vicente e Tupã. Além da ida dos estudantes brasileiros a Wuhan, está programada a chegada de dez alunos chineses na Unesp, prevista para o mês que vem. (Nathan Sampaio)