Representando a Feplana (Federação dos Plantadores de Cana do Brasil) o presidente Luís Henrique Scabello de Oliveira, da Canasol e da Credicentro, disse nesta quarta-feira (12) durante o primeiro painel da 9ª edição do DATAGRO Abertura de Safra Cana Açúcar e Etanol, que começou ontem e termina hoje em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, que a expectativa dos produtores é de uma boa colheita ainda que “alguns percalços tenham ocorrido durante o período de plantio”.
Considerado uma das lideranças do agronegócio regional no centro do Estado, o dirigente na oportunidade como integrante da diretoria da Feplana, representou o presidente Paulo Leal, envolvido em outros eventos de porte do setor no norte do País. Luís Henrique, enalteceu a promoção e os seus objetivos, destacou o papel importante da Feplana em estar presente em acontecimentos deste porte e a permanente missão de unir os produtores.
Ele fez questão de ressaltar o papel político da federação, representando a categoria junto ao trabalho de senadores e deputados para tratar de temas de interesse do setor, e que, nos últimos anos também busca garantir os CBios para os fornecedores de cana. “É a defesa dos anseios e das necessidades da nossa classe canavieira”, pontuou.

COMO FOI O PRIMEIRO DIA DO ENCONTRO
A projeção da 9ª edição da Abertura de Safra Cana Açúcar e Etanol foi apresentada pelo presidente da DATAGRO, Plinio Nastari, durante o acontecimento. O painel ainda contou com a participação de Bruno Wanderley Freitas, líder de conteúdo da DATAGRO, e de Hugo Cagno, presidente da União Nacional da Bioenergia UDOP.
Se confirmada as projeções, teremos uma queda de 1,4% no processamento de cana em relação a temporada 2024/25, quando foram esmagadas 621 milhões de toneladas. “Foi uma safra muito impactada por incêndios e seca, que consumiram 450 mil hectares”, pontuou Nastari.
A DATAGRO aponta ainda que a produção de açúcar na temporada passada totalizou 39,81 milhões de toneladas, queda de 5,6% em relação a 2023/24. Por outro lado, a fabricação de etanol cresceu 3,7%, para 33,57 bilhões de litros, sendo 12,2 bilhões de litros de etanol anidro (-5,8%) e 21,4 bilhões de litros de etanol hidratado (+10,0%).
A temporada 2025/26 tem início oficialmente em abril, todavia, algumas usinas já iniciaram a moagem de cana. “Apesar de em janeiro e fevereiro chover menos, o acumulado desde outubro garante um abastecimento hídrico maior para a safra 2025/26 que está por vir. Mas as precipitações de março e abril serão determinantes para a oferta de cana”, pontuou o presidente da DATAGRO.
De acordo com dados apresentados, a precipitação acumulada entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025 no Centro-Sul do Brasil, meses que antecedem a nova temporada, somou 1.003 mm, ante 686 mm no mesmo período da safra anterior e 935 mm na média dos últimos cinco anos.
Sobre as condições gerais dos canaviais na região, a expectativa é de um aumento na área de corte pela redução de 0,5 ponto percentual na intenção de plantio (de 15,8% para 15,3%). Projeta-se ainda expansão sobre áreas de Citrus, Pastagens e Seringueiras, sobretudo nos estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo.
Quanto à qualidade da cana, espera-se uma maior infestação de plantas daninhas, podendo elevar impurezas, mas menor infestação de pragas, como a broca de cana, e redução de inoculo de doenças devido ao aumento de incêndios em 2024.
Já o prefeito de Ribeirão Preto, Ricardo Silva, participou da abertura oficial da 9ª edição da DATAGRO – Abertura de Safra Cana, Açúcar e Etanol, entendendo ser o evento de grande relevância para o setor sucroenergético brasileiro. O encontro, que termina nesta quinta-feira (13), é tradicionalmente o marco do início do planejamento anual do setor, destacando-se pela análise e projeção dos resultados da safra de cana-de-açúcar.
Além de discutir os resultados da safra 2024/25 e as projeções para a próxima safra, a DATAGRO proporcia um ambiente ideal para o networking, fortalecendo os laços entre os principais atores do setor sucroenergético.
O prefeito Ricardo Silva destacou a importância do evento para Ribeirão Preto e para o Brasil, reafirmando o compromisso da cidade com o desenvolvimento sustentável e o apoio a inovações que impulsionem o crescimento do setor. “Ribeirão Preto se orgulha de ser um polo do setor sucroenergético, e eventos como a DATAGRO são fundamentais para fortalecer o nosso papel nesse cenário e para contribuir com o futuro da nossa economia”, afirmou o prefeito.
Por outro lado, o líder de Açúcar para as Américas da ED&F Man, Rodrigo Ostanello, ressaltou que – nos setores de açúcar e etanol, os Estados Unidos dependem mais do Brasil do que nós deles, pois diante de um cenário de guerra comercial, o setor sucroenergético brasileiro está bem posicionado para negociar.”
No que diz respeito especificamente ao açúcar, o head de Açúcar nas Américas da Hedgepoint Global Markets, Carlos Murilo Barros de Mello, assegurou que o balanço global do adoçante – de oferta e demanda – está equilibrado, o que deixa o cenário, neste momento, menos construtivo para os preços. “Há um certo quadro de ciclo de baixa que deve perdurar por mais uns dois anos, mas no longo prazo a tendência é altista, porque as áreas de cultivo de cana mundialmente são restritas.”
De todo modo, segundo Mello para a temporada 2025/26 o mix de produção no Brasil deve ser mais açucareiro pelo fato que os preços do etanol estão defasados no mercado doméstico, no que foi endossado pelo trazer sênior da Sucden, Ulysses Carvalho.
Representando o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o coordenador Geral de Cana-de-açúcar e Agroenergia da pasta, Luiz Gustavo Wiechoreki, disse que a elevação está na pauta do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que delibera a questão, deste ano. “Contem com o Mapa para que este pleito seja aprovado”, disse.
Homenageado pela sua trajetória de vida pública em defesa do agro, em particular do setor sucroenergético, o deputado federal Arnaldo Jardim, enfatizou que a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), da qual é vice-presidente, trabalhará de forma ativa para que o aumento do percentual do etanolanidro na gasolina seja aprovado