Neste final de semana, o RCIA conversou com Walter Miranda, diretor do SINSPREV-Sindicato dos Servidores Públicos em Saúde, Previdência e Assistência Social no Estado de São Paulo sobre o andamento da greve dos servidores do INSS, que segue com mobilização crescente, ainda que o governo Lula tenha tentado enfraquecer o movimento.
Na última semana, o Planalto apelou ao STF (Supremo Tribunal Federal) para a suspensão da paralisação, com aplicação de multa aos sindicatos. Além disso, houve a promessa de corte de ponto dos trabalhadores, uma manobra que os servidores afirmam “ser baixa e que fere o sindicalismo brasileiro”.
Os servidores revelam ainda que, apesar da tentativa de criminalização da luta, a categoria não se deixou abater, buscou ações na justiça contra a decisão do governo e entra nesta semana fortalecida com mais localidades e unidades aderindo à greve total ou parcialmente.
RCIA: Walter, estamos vendo os servidores do INSS em greve nacional desde o dia 16 de julho em todo Brasil. Quantas Agências da Previdência existem no Brasil, com quantos servidores?
WALTER: O INSS tem mais de 1,5 mil agências em todo país, com 19 mil servidores ativos, para atender cerca de 45 milhões de segurados ativos e inativos.
RCIA: Quantas agências e servidores estão em greve?
WALTER: Em torno de 700 Agências da Previdência Social no Brasil, além de Gerências Executivas Regionais, envolvendo mais de oito mil servidores.
RCIA: A Região de Araraquara tem quantas Agências da Previdência Social, e quantas estão em greve?
WALTER: A Gerência Executiva do INSS em Araraquara tem 14 Agências da Previdência Social, e abrange 38 municípios, responsável pelo pagamento de 283 mil benefícios, num valor mensal de mais de R$ 590 milhões. Metade das Agências estão em greve, total ou parcialmente fechadas. As que não estão fechadas é porque os médicos peritos, que não estão em greve, estão trabalhando e sendo auxiliados por jovens estagiários. Temos, aproximadamente, 20 servidores em “home office” trabalhando pelo sistema de tele trabalho.
RCIA: O que os servidores estão pedindo para o governo Lula?
WALTER: A pauta de reivindicação é: a) Reestruturação da Carreira; b) reposição das perdas salariais; cumprimento do acordo de greve efetuado com o governo em 2022; c) incorporação das gratificações ao vencimento básico; d) Dotações orçamentárias para o INSS melhorar os valores dos benefícios aos segurados, informatizar o INSS, concurso público para contratação de mais servidores e outras reivindicações, sempre voltadas para fortalecer o INSS.
RCIA: Como está a adesão à greve?
WALTER: No próximo dia 16 de agosto a greve, que é nacional, estará completando 30 dias. No Estado de SP 30% está em greve; nordeste 45% em greve; nacionalmente 28% em greve; Rio Grande do Sul 32% em greve. A adesão aqui na região está ótima. Aqui até os gestores, gerentes das Agências e outros estão em greve.
RCIA: O governo tem atendido as reivindicações?
WALTER: Até agora, lamentavelmente, o Governo tem realizado várias mesas para conversas, mas sem avanço. A última reunião do MGI-Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, realizada no dia 08 de agosto, foi um fracasso em termos de atendimento. Foi só enrolação, razão pela qual a greve deverá continuar e crescer.