O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que os números refletem uma economia mundial em desaquecimento. “O FMI reduziu, em outubro, em 0,1% o crescimento da economia mundial para 2024. O mundo está crescendo abaixo da média histórica dos últimos três anos”, comenta. Segundo ele, soma-se ao desaquecimento das principais economias, entre elas Estados Unidos e países da Europa, que convivem com juros e inflação elevados, a recomposição da China no mercado de calçados. No último mês divulgado, em setembro, a China exportou 746,4 milhões de pares de calçados, 3% a mais do que no mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano, as exportações chinesas já chegam a 6,8 bilhões de pares.
“Logicamente, o aumento da concorrência da China no ambiente internacional, tem reflexos nos embarques brasileiros”, informa o dirigente. Já as importações totais de calçados dos Estados Unidos, maior importador de calçados do mundo, caíram 30,5% no acumulado de janeiro a setembro de 2023, ante o mesmo período do ano anterior.
Principal destino das exportações brasileiras de calçados, entre janeiro e outubro, a Argentina importou 12,9 milhões de pares por US$ 202,9 milhões, resultado 10% inferior em volume e 28,7% superior em receita na relação com o mesmo período do ano passado.
O segundo destino foi os Estados Unidos. Nos dez meses, foram embarcados para lá 8,62 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 191,2 milhões, quedas tanto em volume (-35,4%) quanto em receita (-47%) em relação ao intervalo correspondente de 2022. “Nossas exportações para os Estados Unidos estão caindo mais do que a média mundial, sendo que a China vem conquistando cada vez mais espaço naquele país”, avalia Ferreira.
O terceiro destino do calçado brasileiro em 2023 foi a França. Entre janeiro e outubro, os franceses importaram 2,5 milhões de pares verde-amarelos por US$ 49 milhões, quedas de 55% em volume e de 9,2% em receita na relação com o mesmo ínterim do ano passado.
Entre janeiro e outubro, o principal exportador de calçados do Brasil seguiu sendo o Rio Grande do Sul, seguido por Ceará e São Paulo.
Em partes de calçados – cabedais, palmilhas, solados etc – as importações até outubro somaram US$ 23,74 milhões, 0,8% menos do que no mesmo período do ano passado.