Enquanto cidades como Paris e Nova York incentivam proprietários de bares, cafés e restaurantes a estender suas mesas e assentos para as calçadas, os empresários da cidade de São Paulo se empenham para conseguir a mesma liberação.
Desde o início de julho, a capital entrou na fase 3 (amarela) no Plano São Paulo de flexibilização gradual. Entretanto, uma pesquisa elaborada pela Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) mostra que pelo menos 80% dos estabelecimentos paulistanos permanecem fechados, mesmo após a permissão da prefeitura.
Os protocolos de reabertura envolvem redução no horário de funcionamento, ocupação máxima de 40%, a obrigatoriedade do uso de máscaras, distanciamento entre clientes e também a proibição de mesas nas calçadas.
Ocorre que, para muitos donos de restaurantes, bares e cafés, as regras impostas pelo governo trazem um novo normal que não corresponde com a realidade, e na maioria dos casos, ameaça a sobrevivência dos negócios. Eles argumentam que abrir com ocupação reduzida dificulta ainda mais a obtenção de um lucro que, segundo os empresários, já era difícil de ser conquistado antes da pandemia.
O primeiro avanço viria na toada de soluções similares feitas em cidades europeias – passar metade das mesas para rua quando os restaurantes, bares e cafés reabrirem. Uma realidade que nem todos os estabelecimentos conseguem reproduzir, mas em certos endereços, onde funcionam muitos pequenos negócios e com poucas residências, a proposta funcionaria.
PROJETO OCUPA RUA
Muito discutida entre os empresários do setor, a ideia se transformou num projeto-piloto que aguarda a liberação do governo para ser testado. Chamada de Ocupa Rua, a iniciativa prevê a criação de uma cartilha educativa para oferecer opções de rápida instalação e custo baixo. Os primeiros trechos a serem readequados serão nos arredores da Praça da República, na região central da capital.
A flexibilização e ocupação do espaço público adicional para acomodar mais clientes segue em análise por um grupo multidisciplinar da prefeitura, assim como a simplificação de alguns procedimentos, como isenção de taxas e a possibilidade de autodeclarações para obtenção de Termo de Permissão de Uso (TPU) para as autorizações em questão.
Percival Maricato, presidente da seccional paulista da Associação Abrasel, explica que a proibição do uso de mesas e cadeiras do lado externo dos estabelecimentos veio logo após os relatos de aglomeração no primeiro dia de reabertura de bares do Leblon, no Rio de Janeiro.
Para Maricato, essas restrições têm dificultado a reabertura do setor. Segundo ele, alguns estabelecimentos estão abrindo apenas para tentar assimilar esse novo normal, treinar os funcionários, reconquistar os clientes, comprar estoque, e colocar o negócio para funcionar. “Mas esses que reabriram estão tendo mais prejuízos do que os que estão parados”, diz.
Em uma recente declaração feita pelo Instagram, a chef Janaína Rueda, da Casa do Porco e do Bar da Dona Onça, afirma que só abrirá as portas quando se sentir segura. Em sua declaração ela afirma que a reabertura dos seus, e de outros 30 restaurantes da região, deve demorar, e que só deve ter novidades em agosto ou setembro.
“São muitas dificuldades e, por isso, estamos tentando ser muito responsáveis. Nos preparando para esse projeto no Centro, ocupar as calçadas com o máximo de consciência, educação e civilidade. Assim como tantos outros países fizeram. Preferimos esperar para reabrir com a esperança de que São Paulo será exemplo de cidadania”.