Em agosto de 2025, o preço médio da cesta básica em Araraquara caiu para R$ 1.044,60, registrando a queda mensal consecutiva (-1,81%) desde agosto de 2024. O valor representa um recúo de R$ 19,26 em relação a julho, quando estava em R$ 1.063,86, segundo a pesquisa mensal do Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara.
Gráfico 1 – Evolução do custo médio e variação mensal da cesta básica em Araraquara – agosto/2024 a agosto/2025

No período, os três grandes grupos apresentaram queda de preço: 1) a alimentação, que possui maior peso no custo total da cesta, apresentou variação negative de 1,86%, ou redução de R$ 16,20 no preço médio; 2) a limpeza doméstica apresentou deflação de 3,77%, ou barateamento de R$ 2,63; 3) e higiene pessoal, que deflacionou 0,35%, o que significou um barateamento de R$ 0,43.
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Ainda sobre o mês em análise, os principais aumentos percentuais foram: 1) farinha de mandioca torrada (10,3%); 2) absorvente higiênico (5,8%); 3) molho de tomate (4,5%); 4) macarrão com ovos (3,9%) 5) e papel higiênico (3,2%). E os produtos com maior decréscimo percentual foram: 1) alho (-11,9%); 2) cebola (-11,2%); 3) queijo muçarela – peça (-6,3%); 4) sabão em pó (-5,6%); 5) e carne de segunda – acém (-3,7%).
Em termos monetários, a carne de segunda – acém foi o maior item responsável por aliviar o bolso dos consumidores, provocando o decréscimo de R$ 5,34 no custo médio da cesta, em razão da diminuição de R$ 1,34/kg. Na outra ponta, o item que mais acrescentou custos foi a farinha de mandioca torrada, com um aumento de R$ 0,85 no custo da cesta analisada, em razão do incremento de R$ 0,85/pacote 500g.
Entre as quedas em agosto, o maior destaque foi observado na carne de segunda – acém, cuja retração refletiu a fragilidade do consumo interno associada ao aumento da oferta desse tipo de corte. De acordo com o Cepea, o abate de vacas e novilhas vem crescendo, o que amplia a disponibilidade de carnes de dianteiro, e pressiona os preços para baixo.
“Assim, a combinação de maior oferta e demanda enfraquecida resultou na queda do acém, mesmo em um cenário de firmeza para o boi gordo e para as exportações de carne”, afirma Maria Clara Kirsch, pesquisadora do Núcleo d Economia do Sincomercio.
A carne de primeira – contrafilé foi o segundo item que mais aliviou o bolso dos consumidores araraquarenses, a queda de preços pode ser explicada em razão do baixo dinamismo do mercado doméstico. Apesar da valorização do boi gordo e da carne no atacado apontada pelo Cepea, frigoríficos e varejistas reduziram margens sobre cortes nobres para manter as vendas. Esse comportamento é típico em períodos de menor poder de compra das famílias, quando consumidores substituem carnes de maior valor por opções mais acessíveis, pressionando o contrafilé no varejo.
Outro item que está na segunda deflação consecutiva, o café torrado e moído, também está diminuindo os custos do grupo de alimentação. Apesar de os indicadores do Cepea apontarem forte valorização do café no mercado produtor e exportador em agosto de 2025, altas de 28,2% no arábica e 49,2% no robusta, influenciadas por quebra de safra, estoques limitados e tarifas norte-americanas, o varejo registrou queda de preços em Araraquara e em várias capitais. A diferença decorre da defasagem entre os mercados, parte do consumo interno ainda veio de estoques antigos e os repasses foram postergados por uma demanda doméstica mais contida.
Gráfico 2 – Evolução do preço médio e da variação mensal da carne de segunda – acém – agosto/2023 a agosto/2025
INFLAÇÃO
A variação da inflação acumulada em 12 meses foi de 11,77%, ou seja, encarecimento de R$ 110,01. Sobre os grupos, o de alimentação registrou inflação de 12,63%, equivalente a R$ 95,99, o grupo de higiene pessoal aumentou 10,34%, ou R$ 11,41 e os produtos de limpeza doméstica ficaram 4,04% ou R$ 2,61 mais caros.
Entre os produtos, 23 dos 32 oscilaram em direção ascendente – o que corresponde a 71,8% dos itens que compõem a cesta básica analisada. No acumulado de setembro de 2024 a agosto de 2025 destacam-se: 1) café torrado e moído (71,74%), 2) carne de segunda – acém (28,8%), 3) ovos brancos (22,67%), 4) óleo de soja (22,6%) e 5) leite em pó integral (21,45%). Já os produtos com as maiores reduções percentuais foram: 1) cebola (-55,7%), 2) batata (-49,4%), 3) arroz branco (-18,4%), 4) alho (-14,3%) e 5) queijo muçarela (-10 %).
Em agosto de 2025, o subgrupo Alimentação no domicílio do IPCA-15, divulgado pelo IBGE, registrou queda. O índice que já havia sido reduzido no mês anterior, obteve uma queda de 1,02% neste mês. O subgrupo Artigos de limpeza obteve um incremento de 0,27% e o subgrupo de Higiene pessoal variou positivamente 1,07% no período.
No cálculo do IGP-M, índice de preços elaborado pela FGV-IBRE, a variação mensal do grupo de Alimentação apresentou avanço em sua taxa de variação, de 0,03% em julho para -0,42% neste mês, o grupo Habitação, que incorpora o subgrupo Material para limpeza, passou de 0,75% em julho para -0,19% em agosto e o grupo Saúde e cuidados pessoais, que incorpora o subgrupo Artigos de higiene e cuidado pessoal, apresentou variação de 0,27% para 0,59% no mês analisado.
SALÁRIO MÍNIMO
O custo médio da cesta básica em Araraquara representa até o mês de agosto de 2025 cerca de 68,8% do salário-mínimo. O valor está aproximadamente 2,6 pontos percentuais acima do registrado no mesmo mês do ano anterior, isto é, em agosto de 2024, quando o valor da cesta básica representava 66,2% do salário-mínimo vigente à época. Em agosto de 2023 e 2022, a cesta básica custava, em média, R$ 886,49 e R$ 950,20, representando, respectivamente, 67,2% e 78,4% do salário-mínimo do araraquarense.
O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta, para um trabalhador que recebe o piso nacional vigente de R$ 1.518,00, ficou em 151 horas e 23 minutos, aproximadamente. Essa jornada é inferior ao mês anterior, julho de 2025, quando eram necessárias 154 horas e 10 minutos de trabalho para consumir a mesma quantidade de produtos.
Gráfico 3 – Variação mensal do preço médio dos produtos componentes da Pesquisa de Preços da Cesta Básica em Araraquara – agosto/2025
Coordenação de pesquisa: Elton Casagrande | Analista de Estudos Econômicos: Maria Clara Kirsch Junqueira | Pesquisador: Bruno H. Camacho