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Sindicato Rural dá força à voz que vem do campo

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Desde a sua instalação nos anos 90, o SENAR e o Sindicato Rural de Araraquara contribuem para o fortalecimento de um dos mais bem organizados assentamentos rurais do interior: o Monte Alegre.

Voz do Campo

A propagação dos cursos de capacitação e formação profissional realizados pelo Sindicato Rural e o SENAR SP em sua base territorial que tem Araraquara como sede, foi além da expectativa no ano passado. A frase do presidente Nicolau de Souza Freitas resume praticamente o notável trabalho social realizado pela entidade e evidencia o investimento feito nos seis assentamentos que formam o Monte Alegre, que agrega áreas de Araraquara, Matão e Motuca.

“Grande parte dos cursos de capacitação e formação profissional organizados em 2017 aconteceu no Monte Alegre e este fato demonstra a seriedade da Fundação Itesp que controla a atividade praticada nos assentamentos”, declarou o presidente. Entre as ações realizadas, está a Feira do Produtor Rural que capacitou após oito meses de aulas práticas e teóricas, novos 23 feirantes que já atuam na produção e comercialização de produtos hortifrutigranjeiros na Vila Ferroviária.

GENTE DE BRAÇO FORTE

Carlos César Rocha da Silva, da Fundação Itesp, lembra que o conjunto de assentamentos denominados Monte Alegre, começou em 1985, com a implantação do Projeto de Assentamento Monte Alegre I, sendo que com o passar dos anos, foram implantados os demais Assentamentos Monte Alegre II, III, IV, V, VI, Silvânia, e Bueno de Andrada, finalizando esse processo no ano de 1998.

O complexo de assentamentos abrange uma área total de mais de 6.600,00 hectares de terra, com 413 sítios e uma população estimada em mais de duas mil pessoas, sendo suas principais produções agrícolas olerícolas em geral, frutas, mandioca, milho, eucaliptos, entre outros; na área animal criação de gado de leite e corte, suínos, caprinos, equinos,ovinos, peixes, aves de corte e ovos.

O Monte Alegre ainda dispõe de serviços comunitários como escola, creche, posto de saúde, barracões comunitário, além de rede elétrica e linha de ônibus regular. Sempre contou com a assistência técnica da Fundação Itesp, por meio de seu escritório em Araraquara.

A EDUCAÇÃO

Noemi Jesus de Oliveira e Maria Cristina dos Santos Bezerra, contam em pesquisa de conclusão do Curso de Pedagogia da Terra, na Universidade Federal de São Carlos em 2011, que o Assentamento Monte Alegre percorreu um longo período de avanços, retrocessos e resistências em sua história iniciada desde 1984 até 1998 em que foi efetivada sua total implantação; sendo assim, diversos fatores e singularidades dessa história Se fazem presentes, um deles a Educação.

Diz Maria Cristina em sua conclusão de curso que “como parte da luta pela terra, é que foi construída a escola no assentamento para atender a necessidade de suprir vagas para as crianças filhas dos trabalhadores do campo.

Ela lembra que junto a todo processo de formação do assentamento surgiu uma enorme dificuldade para o acesso a educação das crianças assentadas. Na continuidade do trabalho, diz Maria Cristina, que “enquanto não havia escola no assentamento, as crianças tinham que estudar nas escolas dos municípios vizinhos – Matão, Araraquara e Motuca, passando por diversas dificuldades como superlotação em salas de aulas, longos trajetos que os alunos tinham que percorrer a pé até chegarem ao transporte precário, no qual havia superlotação de crianças trazendo assim riscos para as mesmas, além da viagem longa e cansativa em estradas de más condições do assentamento até a escola na zona urbana, sem falar nos preconceitos enfrentados no ambiente das escolas urbanas causando sofrimento aos filhos dos trabalhadores do assentamento”.

É importante destacar que no ano de 1984, o município de Araraquara contava com 31 escolas rurais e dezesseis anos depois o Estado reduziu o atendimento para 3 escolas, num total de 191 alunos. Formaram-se então as três escolas municipais rurais existentes em Araraquara: EMEFO Monte Alegre III conta com um belo salão de festas (Ramos) que recebe grandes eventos “Prof. Hermínio Pagôtto” no Assentamento Bela Vista; EMEF “Profª. Maria de Lourdes da Silva Prado” no Assentamento Monte Alegre e a EMEF “EugênioTrovatti”, localizada no distrito de Bueno de Andrada.

Há 33 anos, iniciado o Assentamento Monte Alegre e há exatamente 20 anos de finalização do projeto, o coordenador do SENAR, João Henrique de Souza Freitas, enaltece o envolvimento do órgão e destaca o papel do Sindicato Rural, Sebrae e Fundação Itesp, pois considera que apenas a integração de todos poderia fazer andar qualquer planejamento, por mais simples que ele viesse a ser. “É evidente que reconhecemos o sacrifício de cada assentado, a luta mantida por eles, a coragem e a forma paciente com que se dispuseram a enfrentar os desafios e hoje, comemorar 20 anos da implantação do projeto é mais que um sonho, é ter certeza do cumprimento do ideal de conviver todos os dias com o campo”,completa João Henrique.