O valor médio da cesta básica em Araraquara registrou alta de 1,75% no mês de abril, segundo a pesquisa mensal do Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara. De acordo com o levantamento, o consumidor que desembolsou R$ 762,08 em março de 2021 para adquirir todos os itens da cesta avaliada, atualmente paga R$ 775,44, ou seja, R$ 13,35 a mais.
Este é o segundo aumento registrado após três meses consecutivos de queda, entre janeiro e março de 2021. No período, as três categorias de produtos avaliados tiveram elevação: alimentação (+1,77%), higiene pessoal (+1,91%) e limpeza doméstica (+1,27%).
Considerando o preço unitário médio dos 32 itens analisados, 22 apresentaram alta, enquanto 9 registraram redução no mês de abril. Na categoria de alimentação, a elevação atingiu 14 dos 23 itens; na de limpeza doméstica, 3 dos 4 itens; e na de higiene pessoal, em todos os cinco itens que compõem o grupo. Por outro lado, as reduções de preço foram observadas em oito produtos do grupo de alimentos, um item de limpeza doméstica e em nenhum produto do grupo de higiene pessoal.
Os produtos que apresentaram as maiores altas foram a carne de segunda, como o acém (+10,3%), além do alho (+8,2%), cebola (+7,4%), molho de tomate (+6,9%) e detergente líquido (+6,7%). Já os itens em queda foram o queijo muçarela (-18,6%), salsicha avulsa (-2,6%), sabão em barra (-2,4%), batata (-1,8%) e arroz branco (-1,7%).
Para Marcelo Cossalter, pesquisador do Núcleo de Economia, a elevação está associada ao aumento nos preços das três categorias avaliadas, sobretudo, dos alimentos, com destaque para a carne de segunda, assim como outros 14 dos 23 produtos de alimentação analisados. “Ainda que alguns itens de maior peso, como o arroz branco, o açúcar refinado e o frango resfriado, tenham registrado queda nos preços, a alta observada em outros produtos foi superior, o que pressionou o valor médio da cesta”, analisa.
VARIAÇÕES INTERANUAIS
Ao comparar o valor em abril de 2020 e abril de 2021, foi constatada também uma elevação de 20,6% no custo médio da cesta básica em Araraquara. O consumidor que, em abril do ano passado, desembolsava R$ 643,17 para adquirir todos os itens da cesta avaliada, atualmente precisa de R$ 132,27 a mais para arcar com os R$ 775,44.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O custo médio da cesta básica encerrou o mês de abril em alta, resultado que está diretamente associado a elevação nos preços das três categorias avaliadas. Com o fim do auxílio emergencial, em dezembro, cresceu a pressão sobre o orçamento das famílias e das empresas, criando um cenário de queda da renda, alta da inflação, aumento dos riscos de inadimplência e agravamento do cenário econômico.
Mas, a nova rodada do auxílio emergencial, ainda que com um valor inferior – de R$ 150 a R$ 275 – pode modificar esse cenário nos próximos meses e permitir a recuperação do consumo dos itens essenciais. A volta do benefício prevê a inserção de R$ 44 bilhões e deve favorecer a economia através da sustentação do consumo das famílias mais vulneráveis.
Um cenário possível é que o aumento da demanda pelos itens básicos em um contexto de inflação ascendente coloque o preço desses produtos novamente em trajetória de crescimento. Cabe, porém, acompanhar a produtividade nos campos, futuras safras, assim como as alterações na taxa de câmbio, uma vez que essas são variáveis-chave na determinação dos preços pelo lado da oferta.
Em meio a um cenário de aumento no preço dos alimentos, da energia elétrica e de outros itens essenciais, o Comitê de Política Monetária decidiu elevar a taxa básica de juros (Selic) pela segunda vez consecutiva, a fim de manter a inflação abaixo da meta. Em março, o Copom elevou a Selic de 2% para 2,75% ao ano e, na última reunião, o aumento de 0,75% colocou a taxa no patamar de 3,5% ao ano, encerrando um período de estímulo à atividade econômica via política monetária.
Ademais, os preços internacionais das commodities seguem em alta influenciados pela maior demanda de países como Estados Unidos e China e isso impacta os preços domésticos de alimentos e bens industriais. Assim, esse novo ciclo de alta da taxa básica de juros pode reduzir as cotações do dólar no médio prazo, barateando as importações e contendo a inflação doméstica.