O movimento do comércio, indicador da Boa Vista que acompanha o desempenho das vendas no varejo em todo o Brasil, cresceu 1,3% em junho deste ano na comparação com maio, já descontados os efeitos sazonais.
Na comparação com junho de 2018, contudo, houve queda de 1,7%, enquanto, no acumulado em 12 meses, o indicador vem praticamente mantendo o ritmo observado desde o início do ano e subiu 1,4%.
Ainda é cedo, portanto, para falar em retomada das vendas do comércio. Fatores como alto nível de desocupação e subutilização da mão de obra, menor confiança e tímido crescimento da renda continuam sendo os principais entraves para uma evolução mais robusta do setor.
Apesar das condições favoráveis do mercado de crédito, o endividamento em alta também parece comprometer uma retomada mais acelerada dos empréstimos e, consequentemente, das vendas.
A provável liberação dos recursos de contas ativas e inativas do FGTS, por outro lado, deve trazer uma injeção de ânimo para o comércio e reverter a trajetória de desaceleração das vendas observada desde o ano passado.
Na análise mensal, todos os principais setores registraram crescimento das vendas. O segmento de móveis e eletrodomésticos apresentou alta de 0,6% em junho, descontados os efeitos sazonais. Nos dados sem ajuste sazonal, o acumulado em 12 meses apresentou estabilidade.
A categoria de tecidos, vestuários e calçados” cresceu 0,3% no mês, expurgados os efeitos sazonais. Nos dados acumulados em 12 meses houve alta de 1,3%.
A atividade do setor de supermercados, alimentos e bebidas registrou aumento de 0,1% na série dessazonalizada. Na série sem ajuste, a variação acumulada em 12 meses foi de 1,8%.
Por fim, o segmento de combustíveis e lubrificantes subiu 0,5% em junho considerando dados dessazonalizados, enquanto, na série sem ajuste, a variação acumulada em 12 meses foi de 1,4%.
Como analisam os economistas da Boa Vista, o indicador de junho cresceu pela primeira vez após seis meses consecutivos de retração mensal do movimento do comércio. Até por isso o dado deve ser analisado com cautela, já que a alta mensal se deu após seguidas quedas.
O fato novo, que pode reverter a trajetória de enfraquecimento das vendas observada desde o final do ano passado, é a provável liberação dos recursos do FGTS nos próximos meses, que deve aliviar a situação das famílias mais endividadas e viabilizar a retomada de projetos adiados de consumo.
Somada ao aumento da confiança e à queda dos juros futuros decorrente do avanço da reforma da Previdência no Congresso, a medida tende a alavancar o movimento do comércio no segundo semestre.