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A Ferroviária e os vários exércitos de um homem só

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 tadeu tonyAraraquara se reaproximou da Locomotiva

Depois da Ferroviária ser eliminada pelo Corinthians, foi a vez de voltar para Araraquara. Dentro do carro, sob as mais vertentes do rock nacional, chega a música “Exército de Um Homem Só”, da banda Engenheiros do Hawaii.

Ali, começou uma boa reflexão sobre como foi o comportamento do nosso time dentro deste Paulistão e, na coletiva pós-jogo, o zagueiro Rayan colocou tudo aquilo que a música me disse na hora.

Na entrevista, questionei o defensor sobre como foi ter trabalhado com este grupo, ter levado o nome de Araraquara para todos os cantos do Brasil e o que a Ferroviária representou para ele.

A resposta soou como um refrão de música: “Ressurgimento”, disse. Não só dele, mas do clube, do futebol, dos torcedores e de toda a cidade. E se mostrou um verdadeiro soldado, tanto que apareceu com o cotovelo sangrando na mesa da sala de imprensa, na Arena Corinthians.

Assim como foi para os outros jogadores, que no ano passado, boa parte deles amargaram um rebaixamento dentro das divisões do Campeonato Brasileiro. Eram soldados derrotados, mas todos tinham o pensamento de se reerguerem, para mostrarem que ainda são capazes de serem jogadores de futebol e o homem de carregar toda a família nas costas.

O choro de Rayan mostrando que a sua namorada e família foram o seu porto seguro para ressurgir na carreira com a camisa grená. No final, pediu desculpas pelo choro, que, na verdade, não precisava nem pedir.

Rayan: choro e sangue através de suas palavras

“Somos um exército (o exército de um homem só) sem bandeira, sem fronteiras para defender”, diz um trecho da música.

A todo momento, a ideia foi defendida. O futebol foi apresentado e nunca saiu do mesmo sistema defendido desde a primeira rodada, naquele calor de Santos. Não saímos derrotados deste campeonato, mesmo quando o placar apontava o revés. Aquilo nunca fez parte do plano do exército.

Vinícius Munhoz também lidera o seu exército. Aceitou o desafio de deixar a idolatria conquistada no Inter de Santa Maria, família e seus cachorros, para viver um dos melhores momentos de sua carreira aqui na Fonte Luminosa, não ousando, mas mantendo o seu ideal para fazer a história com o clube grená.

Como disse Tadeu, ainda no campo da batalha: “Muitas pessoas não sabem o que é a Ferroviária”. Não se limitou a dizer isso por ter feito esses dois grandes jogos contra um dos melhores clubes do Brasil, mas sim de conhecê-la, trata-la bem e, aos poucos, conquistando-a.

Se você nunca se apaixonou, a Ferroviária acabou de te ensinar isso. Araraquara se reatou com a Locomotiva. E os exércitos de vários homens conseguiram escrever cada um o seu capitulo com essa camisa que voltou a fazer história, andando pelos trilhos de todo o estado de São Paulo.

Vinícius Munhoz pertenceu a um dos principais exércitos do time grená

Crédito das fotos: Beto Boschiero – Reprodução / Facebook

Texto: Rafael Zocco
Jornalista e torcedor da Ferroviária