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Araraquara recebe exposição do Museu do Futebol de São Paulo sobre futebol de mulheres

“CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol” marcou história no Museu do Futebol, em São Paulo, e agora ela chega a Araraquara, casa da Ferroviária, campeã da modalidade

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Crédito: Divulgação

Depois de ter sido vista por quase 200 mil visitantes no Museu do Futebol, em São Paulo, a exposição “CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol” chega no dia 28 de janeiro a Araraquara. A mostra itinerante ocupará o térreo e primeiro andar da Biblioteca Municipal Mário de Andrade apresentando a história de resistência das mulheres brasileiras que foram proibidas por Lei de jogar bola, entre 1941 e 1979, e driblaram as dificuldades para manter o esporte vivo como sonho de mulheres e meninas das gerações atuais. A exposição acontece em ano de Copa do Mundo de Futebol de Mulheres, que será disputada na Austrália e Nova Zelândia em julho, e também celebra os 80 anos da Biblioteca Municipal Mário de Andrade.

Com curadoria das pesquisadoras Aira Bonfim, Silvana Goellner e Lu Castro, além da ex-jogadora e atual dirigente da CBF Aline Pellegrino, a exposição é uma realização do Museu do Futebol, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, em parceria com a Prefeitura de Araraquara e o SESC Araraquara. A iniciativa conta com recursos do ProAC Direto, programa de incentivo à cultura do Governo do Estado de São Paulo.

No jogo de futebol, um contra-ataque ocorre quando um dos times recupera a posse da bola e avança rapidamente em direção ao gol, sem deixar espaço para a armação da defesa do time adversário. Essa jogada extremamente emocionante foi a metáfora escolhida para narrar a trajetória da modalidade, proibida por decreto-lei no Brasil por décadas.

Logo na entrada da exposição o público vai entender o contexto de preconceito e machismo que levou ao decreto-Lei assinado pelo presidente Getúlio Vargas proibindo às mulheres “a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. O ator Antonio Fagundes e a atriz Patrícia Pillar interpretam em áudio cartas publicadas em jornais de 1940, respectivamente contra e a favor do futebol de mulheres, ilustrando como a opinião pública debatia a questão.

A exposição mostra como as mulheres brasileiras deram um jeito de continuar jogando mesmo sob a proibição – por exemplo, em partidas disputadas como atrações de circo. Em seguida, os visitantes verão como a modalidade começa a se desenvolver depois que a proibição caiu, em 1979, e especialmente após a regulamentação, em 1983, com muita precariedade e falta de apoio até o final da década de 2010 – basta lembrar a Seleção Feminina de Futebol que jogou com uniformes da Seleção masculina até 2019, quando finalmente foi desenvolvido um modelo próprio para mulheres.

O público verá também um apanhado de frases preconceituosas publicadas pela imprensa e vistas nas redes sociais até hoje sobre mulheres que jogam bola. Na instalação audiovisual, as frases são reescritas para deixar de fora palavras negativas e preconceituosas contra mulheres que jogam bola. Uma coleção de jogadas incríveis mostra o jogo bonito desenvolvido por mulheres apesar das adversidades, e deixam claro o que a modalidade poderia ser hoje não fossem as décadas de proibição e falta de apoio.

Homenagem a Araraquara

A edição itinerante de “CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol” faz uma homenagem a Araraquara e à Associação Ferroviária de Esportes, que por muito tempo foi o único clube brasileiro a investir de maneira consistente no futebol de mulheres. A equipe feminina foi estabelecida em 2001, muito antes de a FIFA exigir dos clubes que disputam campeonatos oficiais que mantivessem times de mulheres.

Um grande painel da exposição será dedicado a contar essa história, que começa antes mesmo do protagonismo da Ferroviária, com informações inéditas sobre a presença de mulheres jogando bola na cidade nas décadas de 1970 e 1980 com as equipes Mazaroppi, nome do dono de uma oficina local que passou a promover preliminares femininas e fomentar a criação de outras equipes entre as cidades da região.

O público também poderá ver de perto o troféu da Libertadores Feminina conquistada pelas Guerreiras Grenás em 2015, além dos uniformes de 2014 e de 2004, este último ano em que a equipe foi campeã paulista pela primeira vez.

Pebolim de mulheres no SESC

A itinerância de “CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol” em Araraquara também está no SESC da cidade. O Museu do Futebol levou para lá um pebolim feito com jogadoras, desenvolvido especialmente a pedido do Museu, já que a versão com mulheres não existe no mercado até hoje. O fato mostra como o futebol ainda é naturalizado no Brasil como um esporte só de homens. O pebolim de mulheres normalmente fica na sala Números e Curiosidades, do Museu do Futebol, e foi transportado especialmente para a exposição. O jogo poderá ser usado livremente pelos frequentadores do SESC Araraquara.

SERVIÇO

Biblioteca Municipal Mário de AndradeR. Carlos Gomes, 1729 – Centro, Araraquara-SPsegunda a sexta, das 9h às 19h, sábados e domingos, das 10h às 16h.GRÁTIS

SESC AraraquaraRua Castro Alves, 1315, Quitandinha, AraraquaraSegunda a sexta, das 9h às 19h; sábados e domingos, das 10h às 16h.GRÁTIS

SOBRE O MUSEU DO FUTEBOL 

Localizado numa área de 6.900 m² no Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho – o Pacaembu, o Museu do Futebol foi inaugurado em 29 de setembro de 2008 e já recebeu mais de quatro milhões de visitantes. Sua exposição principal, distribuída em 15 salas temáticas, narra de forma lúdica e interativa como o futebol chegou ao Brasil e se tornou parte da nossa história e nossa cultura. É um museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, concebido pela Fundação Roberto Marinho e administrado pela Organização Social de Cultura IDBrasil Cultura, Educação e Esporte.