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A garapa gelada do ‘Zé Luis’: o `point´ da Fonte Luminosa

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Para acompanhar o tratamento de saúde da esposa, o eletricista José Luis Gonçalves Garcia decidiu encerrar as atividades da sua empresa e depois de três anos recebeu de um amigo o presente: ponto e o carrinho com a máquina para fazer e vender garapa nas proximidades do Teatro.

Garapa Ze Luis 3

Prestes a se aposentar por idade, José Luis Gonçalves Garcia está muito feliz em ganhar o pão sagrado de cada dia vendendo garapa em sua banca na Fonte, quase em frente ao Teatro Municipal. “Hoje estou mais tranquilo, faço o horário que quero. Pago meu alvará e todos os meus impostos para a Prefeitura. Tudo está em dia. Gosto deste trabalho”, conta ele à reportagem da RCIA.

Há oito dos seus 65 anos no ramo, Garcia deixou a profissão de eletricista para se dedicar à venda de caldo de cana-de-açúcar. Seu turno é de segunda a sábado, das 12h às 17h.“Em dias bons, o pessoal chega a consumir 50 copos. Já foi melhor, mas considero a marca satisfatória pelo momento econômico ruim no qual vivemos”, revela. No local, a bebida é vendida em três quantidades: 300ml, 500 ml e 1L. A opção mais barata custa R$ 3.

A cana utilizada é comprada diretamente do produtor rural uma vez por semana, normalmente. Ela já vem descascada. A periodicidade varia de acordo com a produção “Essa é uma das vantagens da garapa. Ela é fresquinha. Até tentaram vender conservada, mas não dá certo. Ao menos nesse sentido, vencemos a concorrência com as grandes redes de mercados da cidade”, afirma.

Um dos seis comerciantes que trabalham na região com o produto, o garapeiro conta que tem uma clientela fixa, cuja faixa etária é variável. Fã de uma boa conversa, ele lamenta (em tom de brincadeira) a pressa das pessoas. “Aqui as compras são rápidas, até porque o estacionamento é restrito. É aquela parada breve para se refrescar”, conta.

Herdando sua barraca de outro vendedor, o conhecido e falecido Zé do Coco, Garcia não é o mais velho garapeiro de Araraquara, porém ele comenta que os outros (cerca de 11) também não possuem tanto tempo a mais que ele de estrada. “Os mais antigos, já morreram. Grande parte de quem está aí é da minha faixa etária”, diz.

E desse ramo, José Luis Gonçalves Garcia não pretende sair. Ao menos por enquanto. “Mesmo me aposentando, não posso abrir mão dessa renda extra. Enquanto tiver saúde e força, estarei por aqui, sempre com uma garapa bem gelada”, finaliza.

A VIDA COMO ELA É

Ao resgatar e valorizar cada história ligada ao agronegócio, o Sindicato Rural enaltece uma atividade como a de José Luís que como bom eletricista decidiu montar inicialmente uma empresa para prestação de serviços. Tudo caminhava bem, porém a esposa adoeceu e alguém precisava estar com ela nas chamadas urgentes. Às vezes precisava deixar o serviço para socorrê-la e segundo ele, não houve como conciliar suas atividades, afinal não poderia cumprir a agenda de atendimento aos clientes.

Passados três anos, ‘Zé Luís’ foi indagado por um amigo se não desejava trabalhar. Disse que sim e este amigo lhe ofereceu a oportunidadede assumir o carrinho de garapa nas proximidades do Teatro. De lá prá cá não parou mais e sobra tempo para ajudar a esposa que felizmente está se recuperando.

Para ele, o ano passado foi só de elogios pois a cana moída possuía alto têor de sacarose e a garapa se tornava bem adocicada, ao contrário deste ano, pois muita chuva torna a cana pesada e baixa o nível do açúcar. A expectativa contudo, diz ele, é das melhores e acredito que a rentabilidade será muito boa.