Localizado entre Araraquara e Gavião Peixoto, o espaço comandado pelos irmãos Trevisan dialoga com a natureza sem agressões para vender para toda a região o cogumelo mais consumindo hoje no mundo, o shimeji branco.
De acordo com dados levantados pela ONU em sua repartição responsável, ele é o terceiro tipo de cogumelo comestível mais consumido no mundo. Além de muito saboroso, possui pouquíssimas calorias e é muito fácil de preparar, sendo um nobre ingrediente para receitas, de gourmet a populares.
Reconhecendo e valorizando o trabalho dos pequenos empreendedores, o Sindicato Rural de Araraquara apresenta a história dos jovens irmãos Trevisan.
Em Araraquara (quase Gavião Peixoto), o shimeji branco é a fonte de renda de três jovens amigos: Gabriel Trevisan (25), Lucas Trevisan (31) e André Zanon (32). Com formações acadêmicas diferentes – aviação civil, engenharia florestal e ciência dos alimentos, em sequência – e sem influência dos pais, os três apostam no cultivo e venda desses cogumelos na fazenda Mekaô, ou Espaço Mekaô, como eles gostam de chamar.
À reportagem da Revista Comércio, Indústria e Agronegócio, Lucas e Gabriel revelaram que entraram nesse ramo por recomendação de André. Há quatro anos nele, os três só enxergam um mercado em plena expansão. “O shimeji deixou de ter aquela roupagem de um produto caro, típico de programas como ‘MasterChef’, ganhando então o prato do brasileiro. A busca por uma alimentação mais saudável também impulsionou esta situação, visto que ele é opção extremamente nutritiva”, conta Lucas.
“Claro que sonhamos com uma expansão, porém precisaríamos de mais tecnologia e mão de obra, pois tudo aqui é feito à mão, artesanalmente. Trabalhamos o dia todo em cada passo. Usamos água de um poço artesiano e a energia para as máquinas é oriunda das lenhas que nós mesmos recolhemos aqui no sítio, fora os dois galpões que também construímos”, conta Lucas, com um “cacho” de cogumelos na mão. Eles brotam de um saco cheio de substratos, cultivados nesses galpões escuros e úmidos, que contam com sistemas de irrigação feitos para enfrentar a seca e a temperatura alta da região, não tão propícia para o cultivo.
Assim, para a rotina dos irmãos (André Zanon fica mais na parte administrativa) acordar cedo até aos domingos, sujar as mãos na terra, ouvir o canto dos pássaros e tomar um tererê bem gelado, são situações reais e românticas que mostram a rotina de quem decidiu largar tudo para viver na natureza e da natureza.
Além do cultivo de cogumelos, estamos trabalhando numa agrofloresta, onde serão cultivados, no ritmo da natureza, vegetais como bananas, batatas, mandioca e outras plantas frutíferas. “Além de produzir nosso próprio alimento, queremos estreitar a relação entre produtor e consumidor. Muita gente acha ruim pagar sete reais por uma bandeja de shimeji, mas acha normal gastar mais que isso com remédios de que talvez não precisasse se comesse melhor”, complementa Lucas.