Araraquara terminou 2018 com 1.050 casos, só em janeiro de 2019 já temos a confirmação de 49 casos de dengue
Araraquara inicia o ano de 2019 com risco de epidemia de dengue. O alerta é da secretária municipal de Saúde, Eliana Honain, que desde agosto de 2018 coordena a Sala de Situação da Dengue do Município, grupo que reúne várias secretarias e órgãos na articulação de ações de prevenção e combate à dengue.
As ações incluem bloqueios casa a casa dos agentes de vetores para eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, atividades de nebulização e mutirões, além do trabalho de Avaliação de Densidade Larvária (ADL). E é justamente a ADL que traz à tona um dado bastante alarmante: 80% dos criadouros do mosquito estão nos quintais das residências que têm moradores. Ou seja, a população precisa se envolver.
Em entrevista nesta terça-feira (15) para a edição especial sobre a dengue do programa Voz da Cidade, da rádio web participativa, Eliana Honain atualizou os números da doença e ressaltou, principalmente, a importância deste envolvimento da população na luta contra a proliferação do mosquito transmissor da dengue.
Leia na íntegra a entrevista
Voz da Cidade – A situação na cidade é bem preocupante. Araraquara terminou 2018 somando 1.050 casos. Neste ano, já foram confirmados mais casos?
Sim, nestes primeiros 15 dias de janeiro nós já temos a confirmação de 49 casos de dengue em 2019. E temos uma demanda rotineira nas nossas 3 UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) de 200 pessoas/dia com suspeita de dengue. Então é uma situação extremamente preocupante hoje no município de Araraquara.
A cidade corre o risco de uma epidemia de dengue neste ano? Existe algum agravante em relação aos anos anteriores?
Corremos o risco de uma epidemia e o grande agravante é que o vírus que está circulando hoje e causando a dengue é o vírus tipo 2. Nos anos anteriores, todas as pessoas que tiveram dengue foi do vírus tipo 1. O que significa isso: quando você tem dengue de um tipo de vírus, deste você fica imune. Mas, como o vírus que circula este ano é outro, mesmo aqueles que já tiveram dengue, não estão imunes. Então, toda a população de Araraquara está suscetível à dengue este ano, porque o vírus é outro. É o vírus tipo 2.
Quais são as ações da Prefeitura para combater a proliferação do mosquito e da doença?
Além das visitas casa a casa, que permanecem, estamos fazendo nebulização na região dos casos confirmados de dengue, estamos fazendo arrastões nos bairros e vamos fazer uma série de arrastões nos finais de semana. Então, a Prefeitura tem intensificado toda a sua equipe de controle de vetores para que façam as visitas, assim como os agentes comunitários de saúde, ressaltando a importância de estar entrando nos domicílios, no comércio, para poder identificar e eliminar os focos da criação de larvas.
Quais as dificuldades encontradas neste trabalho? Se 80% dos criadouros estão nas residências, conforme já foi divulgado, isso quer dizer que a população não está colaborando?
O que a gente precisa dos moradores é de uma vistoria diária, porque a capacidade de proliferação do mosquito é muito grande. Hoje a pessoa vistoria o quintal, não tem nada, mas aí chove à noite e pode haver acúmulo de água. É preciso eliminar todo local que pode haver acúmulo de água. Não é um trabalho a ser feito só quando passa o agente do controle de endemias ou o agente comunitário; é um trabalho diário, de todos. Precisamos muito da colaboração da população; hoje não tem nada, mas o morador pode encontrar amanhã. Dependemos muito desse auxílio, de uma vistoria diária dentro de nossas casas.
E mesmo aqueles que colaboram, existem alguns pontos nos quintais que as pessoas estão deixando de verificar? Caixa de contenção da geladeira, ralos…
Hoje, o mosquito se prolifera nas canaletas de box no banheiro e no vaso sanitário daquele banheiro de pouco uso, então é preciso estar sempre renovando a água, dando descarga. Temos geladeiras que fazem degelo e têm uma bandeja atrás, que junta água e vira criadouro. Temos as grelas e ralos dos quintais, que precisam ser lavados todo dia. A gente precisa desmistificar que só tem larva em pneu e vaso. Esses são também locais de criadouros. Mas todo espaço que acumula água e que essa água não é trocada diariamente, também é um criadouro. Isso vale, por exemplo, para os potes que se coloca água para os animais; eles precisam ser lavados diariamente, porque podem acumular ovos das larvas.
Como as unidades de saúde estão organizadas para atender os pacientes com suspeita de dengue?
As unidades de saúde estão em alerta e preparadas para que, em quaisquer sinais de dengue, a pessoa tenha tratamento adequado. Inclusive todas estão preparadas para que as pessoas possam ser reidratadas já nas unidades. A dengue, na maioria das vezes, é uma doença que evolui de maneira benigna. Porém, pessoas idosas ou que têm algumas outras patologias, principalmente as autoimunes, ou outras morbidades, a doença pode potencializar e levar à morte. Por isso, reforçamos: a dengue pode matar.
Quais os sintomas da dengue?
Febre, mal-estar, dor no corpo como um todo, dor atrás dos olhos e vermelhidão. São sinais clássicos de dengue.
É importante ressaltar que estamos falando de uma doença que pode matar e, por isso, é muito importante que a população também colabore…
Sim, a Prefeitura precisa fazer sua parte, mas a população precisa colaborar. Temos feito várias ações, as UPAS estão preparadas, mas nós precisamos da ajuda da população, da conscientização de que todos os dias eu tenho que fazer uma busca por focos de dengue dentro da minha casa.