O prefeito Edinho Silva rebate as críticas de ex-presidentes que falam da sua ingerência no clube e anuncia que não vai mais ajudar a associação enquanto os fatos não forem esclarecidos. Para isso, o ex-presidente Milton Cardozo solicita ao presidente do Conselho da Ferroviária S/A uma reunião urgente.
“Eu, por exemplo, enquanto a verdade não for estabelecida publicamente, não ajudo mais, e por transparência, por honestidade, vou avisar todas as empresas que eu aproximei da instituição, que hoje representam 80% das receitas com patrocinadores, que eu não faço mais parte do projeto”.
O paragrafo acima foi extraído do texto escrito pelo prefeito Edinho Silva e enviado à imprensa na manhã desta segunda-feira (28), respondendo as críticas feitas pelos ex-presidente Milton Cardozo e Welson Alves Ferreira Junior, através do RCIARARAQUARA.COM neste domingo. Ambos pertencem tanto a Associação Ferroviária de Esportes quanto a Ferroviária Sociedade Anônima, como dirigentes e acionistas; Milton, é ex-presidente da Ferroviária e atualmente preside o Conselho Deliberativo da antiga associação, além de conselheiro e acionista da Ferroviária Sociedade Anônima; Juninho, é presidente do Conselho da Ferroviária S.A. e revelam a ingerência do prefeito nas atividades do clube. Milton recorreu a Juninho o agendamento urgente de uma reunião dos conselheiros e acionistas para o esclarecimento de fatos que estariam ocorrendo na entidade que ora disputa o Campeonato Paulista da Série A.
A carta enviada ao nosso portal também está nas mãos do presidente da Ferroviária Carlos Salmazo e a publicamos na íntegra.
“Ao presidente Salmazo, em reposta aos ataques, as mensagens que ele me enviou, por conta dessa falsa polêmica publicada nas redes sociais, debate destrutivo para a Ferroviária.
É muito pior presidente, a questão não é só falta de lealdade e amor a Ferrinha, maior símbolo cultural do nosso povo. Esse debate leviano e irresponsável, vai instaurar uma crise sem precedentes na Ferroviária. Uma crise no meio do campeonato paulista que tanto lutamos para retornar, em um cenário muito difícil que a competição desenha. Isso vai parar na gestão de futebol, na comissão técnica e por consequência, no elenco. Em um momento, que o correto, seria de união de forças, de busca de mais patrocinadores, de se levar torcida ao estádio; momento de unidade, ao contrário, a Ferroviária vai se engalfinhar em luta interna.
Eu, por exemplo, enquanto a verdade não for estabelecida publicamente, não ajudo mais, e por transparência, por honestidade, vou avisar todas as empresas que eu aproximei da instituição, que hoje representam 80% das receitas com patrocinadores, que eu não faço mais parte do projeto. Por responsabilidade com a cidade eu não vou ficar no meio de ataques que, todos que acompanham a história da Ferroviária sabem, não mereço.
A minha prioridade é ser prefeito, ajudo a Ferroviária por puro amor, e por saber o que ela representa para a nossa cidade, nunca tive um benefício, ao contrário, só desgates, como esse agora. Eu não vou permitir que oportunistas me desgatem, prejudicando o meu trabalho como prefeito. Isso jamais.
É importante que se relembre o passado. Quando, aqueles que hoje criticam, jogaram a Ferroviária na última divisão do campeonato paulista, permitiram que a Fonte Luminosa fosse penhorada por dezenas de vezes, o estádio nem energia elétrica tinha, cortada por falta de pagamento, jogadores não podiam tomar banho após os jogos, vamos olhar as matérias na imprensa no período; não se “vendia” jogadores da base, simplesmente porque nem base existia, ao contrário, por falta de gestão, credibilidade, chegamos ao extremo, de nem comida para os atletas tinham (esses por diversas vezes fizeram “vaquinha”, para comprar alimentos e os próprios atletas cozinhavam, já que os funcionários do clube, por meses sem receber salários se recusavam a trabalhar), nenhum jogador queria vestir a camisa grená por não receber salários no cumprimento dos seus contratos, e as dívidas trabalhistas liquidavam o patrimônio, não podemos nos esquecer do leilão da antiga Chácara do São Geraldo). Esse é um desenho simples, resumido, da Ferroviária que existia, que “esses gestores”, melhor, cartolas, que hoje criticam, construiriam.
Nesse cenário, eu fui procurado, foram na minha residência. Repito, um grupo (torcedores, empresários, profissionais librais), bateram na porta da minha casa, para que eu elaborasse um projeto que impedisse que a Ferroviária acabasse. Enfatizo, nunca procurei nenhum diretor, mesmo sendo torcedor apaixonado pela Ferroviária, eu fui procurado. Desde então, trabalho incansavelmente para que o time da nossa cidade seja forte e recupere seu respeito e o orgulho dos araraquarenses.
Criamos a S.A., justamente para afastar os gestores inconsequentes, aqueles que destruiriam a Ferroviária, esses que agora criticam; salvamos a Fonte Luminosa, construímos a Arena, sob críticas desses mesmos, só olhar a imprensa da época, não podemos “deixar de ter memória”; a Ferroviária foi profissionalizada, modernizou sua gestão, atraiu patrocinadores e investidores, constitui uma gestão profissional no futebol, reorganizou suas categorias de base (por isso hoje revela, negocia jogadores, e gera receitas); a Ferroviária voltou a principal divisão do campeonato paulista, voltou ao calendário nacional, hoje coleciona finais e títulos. De fato tem ingerência minha na Ferroviária, interferi, junto com dezenas de amantes do clube (empresários, torcedores), nos rumos dela, simplesmente para que ela não acabasse.
Ainda hoje, eu nunca bato na porta da Ferroviária, quem bate na minha porta são os que hoje lideram o projeto, pessoas sérias e amantes da camisa grená, seja para que eu fale com empresas para patrocinar, para que eu aproxime de investidores que se interessam pelo futebol, ou quando precisam da minha ajuda para a resolução de algum problema grave, ou decisão importante. E não penso que isso seja um erro, pela estrutura do futebol, os clubes do interior que não tiverem sinergia (sem utilização de dinheiro público), com o poder local dificilmente sobrevivem, os exemplos estão aí e a Ferroviária chegou muito perto do seu fim.
É muito triste ver que em Araraquara tem gente que prefere olhar seus interesses particulares em detrimento do coletivo, tem gente que prefere o ego inflado e a vaidade do que os valores de um povo inteiro. E ainda tem aquele que só enxergam a cor do dinheiro, para isso destroem o que estiver na frente. Eu ainda acredito que a história registra o que é perene, o que é de fato verdadeiro, por isso a Ferroviária sobreviverá as leviandades e mentiras.
Edinho”.