Em sua página no facebook, o prefeito de Araraquara Edinho Silva, faz uma espécie de desabafo ao esclarecer questionamento feito por Renata, de Bueno de Andrada, pessoa por quem tem, segundo ele, muito carinho e respeito. Renata me questionou sobre a mobilização social ocorrida na Câmara Municipal ontem, dia 14 de agosto”, diz o prefeito. Em seguida afirma: “Eu respondi fraternalmente a ela, e resolvi publicar aqui a minha resposta para que possa esclarecer outros que tenham a mesma dúvida”.
RESPOSTA PARA A RENATA DE BUENO (Prefeito Edinho Silva)
“Oi querida, eu desconheço que tenha ocorrido mobilização de cargos comissionados. Os servidores públicos têm o direito de ter posição política, sejam eles de carreira ou comissionados. Da mesma forma que os sindicalistas têm esse direito, que no caso do Sindicato dos Servidores Municipais, também são servidores. Todos devem ter esse direito e devem ocupar espaços públicos para manifestarem o que pensam. Esse é o princípio da democracia, o direito da livre expressão do pensamento.
A democracia não pode ser boa só quando ela expressa o pensamento idêntico ao nosso. A intolerância gerada pelo pensamento diferente é uma doença que deve ser extirpada. Ela explica, em boa parte o autoritarismo.
Sei que ontem na sessão da Câmara Municipal muitos setores dos movimentos sociais saíram na defesa do governo já que se travou “uma guerra política”, que ia muito além do mérito do projeto em debate (uma área que será repassada ao DAAE para melhorar a estrutura de atendimento ao público do Município), já que em outras gestões, operações financeiras foram feitas na autarquia em benefício da Prefeitura.
Vale ressaltar que os que “gritam hoje”, se silenciaram na época, e até legitimaram as operações. Agora, é bom que se diga, não é nenhuma operação financeira que está sendo feita e, sim, uma aquisição de imóvel que vai beneficiar o atendimento à população. Já que não existia coerência no mérito do projeto, o que ficou claro foram os objetivos em impor uma derrota a um governo legítimo, escolhido pelo voto popular, pela nossa população.
A mobilização social na defesa do governo municipal é legítima, até porque o nosso governo tem mudado a vida de muitos setores excluídos da nossa cidade. E eles podem, sim, estar lá, na Câmara Municipal, e defender o governo que muda para melhor suas vidas.
Terei o maior prazer em te receber, Renata, como já fiz em outras situações, e dialogar com você sobre essa tentativa de desqualificar a defesa do nosso governo. Quando os setores mais retrógrados de Araraquara mobilizam, é legítimo, quando os setores populares mobilizam, isso é desqualificado com os piores adjetivos. Essa é uma concepção tradicional do pensamento elitista do Brasil e da cidade.
Apareça para um café, como você já fez, e vamos dialogar sobre isso. Terei o maior prazer em te receber e falarmos sobre o método da desqualificação como forma para não se debater o conteúdo.
Mas, saiba que existe uma grande e importante mobilização de setores conservadores e do esquerdismo, que é diferente da esquerda; o primeiro, historicamente, faz o “serviço sujo” para as forças do retrocesso. Essa união em Araraquara quer obstruir o nosso governo e as mudanças que ele está imprimindo.
Muita gente em Araraquara não aceita um governo que inverte prioridades, que leva projetos sociais para os bairros, que combate a pobreza, que enfrenta a miséria, a precarização da saúde, da educação, que implanta programa de segurança alimentar, que compra a produção dos assentados e distribui para a população que hoje passa fome. Que estende a mão para os “lázaros do século XXI”.
Muita gente em Araraquara não aceita o OP (Orçamento Participativo), e a democratização do poder que ele impõe. Muita gente não aceita um governo que dá protagonismo para as mulheres, negros, homossexuais, moradores de rua, para os que carregam as deficiências, físicas e mentais, que joga luz sobre as sombras da exclusão social na cidade.
Desqualificar quando os excluídos saem “dos seus lugares” e ocupam o protagonismo político, como o que aconteceu ontem, é um dos métodos mais autoritários que possa existir e reforça a concepção que os espaços políticos só podem ser ocupados por poucos. Ninguém falou das pizzas que foram comidas no plenário da Câmara na sessão da última semana. Por que será? Aqueles que estavam lá comendo as pizzas, e confraternizando com os vereadores, que resolveram antecipar 2020 e tornaram-se oposição sistemática ao governo, estavam no lugar certo. É isso?
O povo que foi para a Câmara Municipal ontem estava no lugar errado? Estavam em um lugar que não era o deles. Eles têm que estar “nas sombras” da exclusão dos Angicos, dos Assentamentos, dos “Valles Verdes” de Araraquara, dos “Quilombos Rosas”, da periferia que não pode aparecer e ter protagonismo. Lá é o lugar deles? Por isso foram tão hostilizados?
Um dia essa cidade ainda será de todos. Pode ter certeza. O nosso governo tem uma força que ninguém entende, simplesmente, por ele ser um instrumento coletivo dessa construção.
Reforço aqui o convite para o café.
Edinho
Nota da Redação: O assunto em pauta refere-se a mobilização de pessoas levadas por vans, provavelmente fretadas, que saíram em defesa de 11 vereadores predestinados a aprovar abertura de crédito especial para o DAAE comprar o campo do Estrela.