Em Ribeirão Preto, nesta sexta-feira (17), o setor canavieiro acompanhou na Orplana (Organização de Plantadores de Cana da Região Centro Sul do Brasil) uma palestra ministrada pelo consultor André Luis de Souza Alves, da A6 Consultoria Empresarial, sobre os reflexos e os efeitos que o projeto de autoria do senador Otto Alencar (PSD-BA) vai impactar no mercado após sua aprovação na Câmara Federal. O projeto em questão, se aprovado, permitirá a venda de etanol hidratado diretamente das usinas produtoras para os postos de combustíveis, sem intermediação das distribuidoras.
Por ter trabalhado muitos anos na indústria do petróleo André possui grande experiência na área, o que motivou a Orplana a convidá-lo para ser palestrante num 0encontro de características regionais.
O consultor baseou sua palestra no levantamento de dados junto às distribuidoras, o que lhe permitiu com propriedade fazer observações mais críticas sobre o posicionamento das entidades de classe, como Sincopetro e Plural, que têm visão contrária ao projeto.
“Mostrei a eles que existe uma série de interesses por trás deste posicionamento que não se prende apenas ao projeto que vem sendo discutido”, disse ele. André citou o caso dos contratos de exclusividade das distribuidoras com os postos, o que deixaria vulnerável a possibilidade da venda direta – usina e os postos. Vulneráveis, comentou, porque você vai ter um novo agente no mercado fazendo essa distribuição para os postos.
Para André, “isso pode começar a despertar nos postos que têm contratos com as distribuidoras de bandeiras de que a liberdade seja uma alternativa interessante sob o ponto de vista concorrencial”. Considerando que sua participação na palestra foi muito mais de orientar com informações as entidades que defendem o projeto, do que propriamente dar a elas a garantia de que o etanol da usina para o posto será mais compensador, André disse que a decisão deve sair de um consenso após estudos plenamente técnicos.
As usinas até que já tentaram através de liminares promoverem o início da comercialização, no entanto isso ocorreu durante a paralisação dos caminhoneiros e logo foram derrubadas, por exemplo uma em Pernamuco e outra em alagoas.
O que está em voga agora é a discussão da PDF 61 colocada em discussão pelo senador Otto Alencar e que foi aprovada no Senado por 47 votos a 2 está na Câmara dos Deputados a lei. Em prática atenderá os anseios dos produtores de cana com benefícios aos consumidores do etanol.
O presidente Luis Henrique Scabello de Oliveira, da Canasol, tão logo terminou o encontro disse que além de proveitoso deu aos produtores um caminho, que sendo seguido, representará a perda de mercado para as distribuidoras: “Particularmente considero o projeto da usina entregar o etanol direto nos postos de serviços extremamente benéfico para o consumidor; vamos fazer o mercado, aumentar o consumo do produto, gerar riquezas, mão-de-obra, com cada qual fortalecendo sua região”.
E completa: “Isso não será bom para as distribuidoras porque elas não possuem reserva de mercado e começarão a perder o que tem, embora o número de postos bandeira branca no Brasil ainda seja em torno de 40% e os outros 60% são postos contratados (postos bandeirados)”.
Na verdade, a venda direta do produto vai impedir a renovação dos contratos entre as distribuidoras e os postos; com isso, elas vão perder o mercado do etanol.
Estiveram representando a Canasol em Ribeirão Preto: Luís Henrique Scabello de Oliveira (presidente), Tatiana Caiano Teixeira Campos Leite (vice) e Guilherme Lui de Paula Bueno , especializado em questões ambientais.