Um grupo de cristãos se reuniu em frente ao Cisam (Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros), no Recife, em Pernambuco, neste domingo (16), para protestar contra a realização do aborto na menina de 10 anos que foi estuprada pelo tio, em São Mateus, no Espírito Santo.
Os manifestantes se reuniram no local após a ativista Sara Winter divulgar nas redes sociais o nome da vítima e o local onde aconteceria o procedimento. As informações divulgadas por Sara eram sigilosas.
Do lado de fora do hospital, o grupo deu as mãos em oração, entoou palavras de ordem e chegou a confrontar o médico que seria responsável pelo procedimento, chamando-o de assassino.
“Estamos aqui como grupo cristão, pró-vida. A gente não quer permitir isso, vai acontecer aqui o assassinato de uma criança” disse a deputada estadual pernambucana Clarissa Tércio, que estava com o grupo no hospital, fazendo vídeos para suas redes sociais.
A menina começou os procedimentos de aborto neste domingo mesmo. Não é possível saber quanto tempo irá durar o procedimento, uma vez que depende do estado clínico da paciente e dos efeitos da medicação utilizada.
Antes da violência sexual à que foi submetida, a menina já tinha sofrido a morte precoce da mãe e ausência do pai, que está preso.
ABORTO NEGADO
Embora tenha sido abusada sexualmente no Espírito Santo, a menina foi transferida para o Recife, em um voo comercial, porque o hospital referência em aborto de Vitória se negou a realizar o procedimento. A unidade de saúde alegou que ela já está em “idade gestacional avançada”. A vítima está com 5 meses e duas semanas de gravidez.
O hospital não iniciou os procedimentos para a indução do aborto e simplesmente pediu que a menina retornasse nesta semana para uma nova reavaliação, mas ela desenvolveu diabetes gestacional e corre risco de morrer. Se seguir grávida, ela pode contrair outras complicações clínicas, como pressão alta e fissuras no útero, que colocarão sua vida ainda mais em risco.
A Corregedoria do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) também abriu investigação para apurar se a Justiça do Espírito Santo resguardou os direitos da criança durante a condução do processo.
DEFESA
O Fórum de Mulheres de Pernambuco foram ao local. Cerca de 50 ativistas defenderam a interrupção da gravidez. Em conjunto, elas disseram o seguinte: “‘A vida dessa menina estuprada importa para toda sociedade. O aborto legal é um direito. Não vamos abrir mão disso. Não vamos abrir mão da vida de uma menina de 10 anos. Gravidez forçada é tortura. Gravidez aos 10 anos é morte”.
https://twitter.com/i/status/1295127571181568003