Falar que a história do Lago Azul está fundamentada em “dois patinhos na lagoa” faz sentido pois eram dois lagos projetados por Olympio Ferreira que sonhava construir uma sede de campo para a Associação Atlética Banco do Brasil, porém não deu. Com a criação do Clube de Campo Lago Azul em 1959, logo eram 200 associados, que após a venda do empreendimento para o 22 de Agosto passaram também a serem sócios patrimoniais.
O Clube de Campo Lago Azul já era nos anos 60 uma entidade social e esportiva criada por Olympio Ferreira, o “Dob”, funcionário aposentado do Banco do Brasil. Nesta época, em nossa cidade também já existia a AABB – uma associação destinada a congregar os funcionários da agência. A estes clubes juntavam-se – o Clube Araraquarense, Clube 22 de Agosto, Grêmio Recreativo 27 de Outubro, Associação Cultural Nipo Brasileira, Academia A do Samba, Associação Ferroviária de Esportes e a partir de 1962, o Country Club margiando a Rodovia Washington Luiz.
Imaginando criar uma área de lazer para os funcionários do Banco do Brasil, Dob adquiriu entre o São Geraldo e o Santana uma faixa de terra da fazenda de Eduardo Borges Correa. Contudo, não houve acordo com a AABB e por conta própria ele começou a construção de um pequeno clube, denominando-o Lago Azul pelo aproveitamento de uma nascente que formaria o lago.
No dia 07 de janeiro de 1965 com a estrutura do lago formada, um tanque semelhante à piscina construído em atividade e alguns melhoramentos dentro do empreendimento, “Dob” já possuía pelo menos uns 200 associados definindo para eles a categoria de “sócio patrimonial”.
Avistando problemas para a continuidade da conclusão do sonho projetado e compreendendo que o Clube 22 de Agosto era uma entidade social e esportiva em ascensão decidiu colocar o Lago Azul à venda em pleno período de eleição e a transição de diretoria.
Assim, embora tenha realizado um excelente trabalho à frente do Clube 22 de Agosto, é verdade que Manoel Lopes Lopes, não conseguiu vencer as eleições de julho/64, perdendo para o candidato Italo Angelieri que encabeçava a chapa “22 de Agosto” (287 votos). Lopes conseguiu 211 votos, representando a chapa “Sede Própria”, cujo terreno da Avenida Brasil ele e Urbano Lopes da Fonseca haviam adquirido em 62. Na memorável eleição de 64, compareceram 501 associados para votar, sendo dois em branco e um anulado.
Italo Angelieri, o novo presidente, já conhecia praticamente todo o funcionamento da agremiação, pois em 1960, a pedido de Vicente Micelli, no mais crítico período do clube, foi fazer parte do Conselho Consultivo em substituição à Ovídio Robíola. No ano seguinte, Angelieri foi 2° secretário; em 62, 2° tesoureiro, permanecendo na função até 63.
Reeleito presidente em 1965, Italo Angelieri criou a Categoria de Sócio Universitário no 22 de Agosto, figurando na primeira vice-presidência Eurípes Anselmo, um dos grandes baluartes do clube ao longo da sua história.
Já com a escritura do imóvel adquirido na Avenida Brasil, passada em 18 de novembro (65), Italo Angelieri recebeu em janeiro do ano seguinte (dia 7) a primeira proposta para adquirir a sede de campo do Clube Lago Azul. Numa reunião da diretoria realizada oito dias depois, os proprietários do “Lago Azul” apresentaram oficialmente a proposta de venda da sede: 60 milhões de cruzeiros à vista, mais uma carteira de recebimentos referente a 200 títulos já vendidos por Dob. Não houve acordo.
Depois de algum tempo, ficou estabelecido que o “Clube de Campos Lago Azul” custaria ao 22, a quantia de 60 milhões de cruzeiros antigos, sendo quatro parcelas de 2,5 milhões (duas no ato da assinatura do contrato) e os restantes 50 milhões, em vinte e cinco parcelas de 2 milhões de cruzeiros. Mas, também não foi naquela noite que o 22 de Agosto fechou negócio; foi preciso marcar uma assembleia extraordinária para o dia 27/02/66, quando definiu-se a compra do “Lago Azul”, criação da categoria de Sócio Patrimonial e inclusão de mais seis cargos na constituição da Diretoria Administrativa: Secretário Geral, Tesoureiro Geral, Diretor Social, Vice Diretor Social, Diretor de Esportes e Vice Diretor de Esportes.
Desde o início do seu mandato, Italo Angelieri, teve em mente oferecer aos associados e principalmente aos seus dependentes, maiores, a fim do clube atingir os seus verdadeiros objetivos sociais, que são a prática da educação física e do esporte amador, bem como a realização de atividades de caráter social, cultural e recreativo, segundo ele mesmo confidenciava aos demais diretores.
A compra do “Lago Azul”, com aproximadamente 12 mil metros quadrados proporcionou ao clube meios rápidos para o seu franco desenvolvimento, já que para saldar o compromisso teve que colocar títulos patrimoniais à venda. Em julho de 1967 foi paga a última prestação do imóvel, lavrando-se a escritura definitivamente.
Até aí inúmeros melhoramentos já haviam sido feitos na sede de campo: aquisição do parque infantil, construção de vestiários, construção do muro na altura de 2,50m, construção de rede de linha telefônica, reforma da piscina média e construção da piscina infantil.
No final de julho de 67, Italo Angelieri foi reeleito presidente, desta feita por dois anos (na reforma geral dos estatutos em 27/02/66 o período foi ampliado de um para dois anos). Na sua administração também passou a vigorar oficialmente o dístico do clube que seria simbolizado através C22A bem como, aprovadas as cores oficiais da agremiação em azul e branco.
Angelieri terminou o seu mandato com mais três conquistas importantes, sendo uma delas a aquisição de mais 12 mil metros quadrados (27/06/68), anexos ao “Lago Azul”, de propriedade de Francisco Zacarias de Medeiros, por NCr$ 21.650,00, pagos em dezessete prestações, sendo as quatro primeiras de NCr$2.000,00; a quinta de NCr$ 1.650,00 e as outras doze de NCr$ 1.000,00. Mas, as duas áreas eram cortadas pela Rua Tenente Joaquim Nunes Cabral, e foi preciso que o Prefeito Municipal Rubens Cruz convencesse os 15 vereadores para que aprovassem na Câmara a doação da faixa de terra impedindo a divisão da sede de campo para via pública.
A inclusão dos patinhos na logomarca não agradou. O logotipo parecia mostrar que o clube estava regredindo em suas atividades, abrindo espaço para o esporte e fugindo da finalidade social. Era preciso estabelecer uma conciliação entre os dois extremos. Foi num concurso público realizado em fevereiro de 1967 que o 22 de Agosto selecionou, entre 24 trabalhos apresentados, o logotipo que utiliza até hoje.
Em princípio, a Comissão Julgadora formada pelo professor Antonio Luiz de Oliveira Buzzá, professor Lafayete Carvalho de Toledo, professora Constança de Barros, professora Julieta Graziato e engenheiro José Henrique Albiero, escolheu três trabalhos, considerando vencedor o de número 13, de autoria do policial militar Italo Conrado Santiago, sob o pseudônimo de “Milico”. O ganhador após ser reformado na Polícia Militar viveu por muitos anos na cidadezinha de Talhados, próxima a São José do Rio Preto.