Um dos gigantes da agropecuária mundial, o Brasil ainda esbarra na má qualidade de sua malha rodoviária para escoar a produção agrícola. O setor, que bateu recordes de produção de milho e soja, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é um dos que sustenta a economia do país.
Só em 2017, a agropecuária atingiu o segundo maior saldo na balança comercial, com um superávit de mais de US$ 81 bilhões, de acordo com o governo. Os números chamam a atenção e crescem mesmo diante de um obstáculo que coloca em risco a competitividade no mercado externo: a logística.
Segundo a assessora técnica da Comissão Nacional de Infraestrutura de Logística da Confederação de Agricultura e Pecuária (CNA), Elisangela Lopes, a malha rodoviária do Brasil é responsável por transportar cerca de 60% de todos os produtos cultivados no campo, seguido por ferrovias e hidrovias. No entanto, as longas viagens nas estradas fazem com que os produtores paguem cerca de três vezes mais do que os concorrentes de países como Estados Unidos e Argentina.
A representante da CNA ressalta que, no caso dos produtores de grãos do Centro-Oeste, os portos de Santarém e de Miritituba, no Pará, são as principais alternativas de exportação para os produtores. O deslocamento até lá é feito pela BR 163, que liga Cuiabá, capital do Mato Grosso, até Santarém, no Pará.
Elisangela relembra que, em março do ano passado, as más condições do tempo causaram paralisações e, consequentemente, prejuízos ao setor e dimensiona a importância da via para o escoamento da produção. “O setor de grãos calculou um prejuízo de RS$ 400 mil por dia, porque ela ficou paralisada, e era a única forma de se chegar aos portos de Santarém e Miritituba. Não tem outro caminho. Tem a ideia para se implantar o Ferrogrão, paralela a BR 163, mas enquanto temos caminhos únicos para chegar a um porto, qualquer imprevisto aumenta e muito o custo de transporte”, detalhou a assessora.
Preocupado com essa situação, o senador José Medeiros (PODE-MT) comparou a relevância da estrada no Mato Grosso à coluna vertebral para o corpo humano. Ele reforça que além da questão econômica, a questão humana é levada em conta para melhorias na via. No entanto, os entraves com a empresa que tem a concessão da estrada dificultam a restauração e o fim das obras.
“Nós estamos tentando aprovar um projeto para que o governo amplie o prazo para a empresa duplicar a estrada, pois o prazo já venceu. E fazer com o gestão junto ao BNDES para que ele libere o dinheiro, para que essa empresa saia ou por caducidade ou possa vender essa concessão. Porque do jeito que está a estrada não sai, e para nós é extremamente penosa essa situação”, explicou o senador.
Segundo a pesquisa de rodovias da Confederação Nacional de Transportes, a CNT, estradas com uma pavimentação avaliada como péssima pode causar um aumento no custo operacional de até 91,5%.