Com base em cantigas de ninar do grupo que vive no Parque Indígena do Xingu, no estado brasileiro do Mato Grosso, a professora Cristina Martins Fargetti, da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp/Araraquara, deu vida ao livro “Fala de bicho, fala de gente”, via Edições Sesc São Paulo, que apresenta detalhes da cultura juruna.
Desde a década de 1980, a etnolinguista estuda a língua e a cultura do povo yudjá, mais conhecido entre os não-indígenas, por juruna. Ao longo desses anos, ela adquiriu profundo conhecimento e proximidade com os membros da etnia, identificou particularidades culturais, como seu senso de humor característico e a presença de uma categoria de animais nomeada bichos-gente.
Além de todo o trabalho de pesquisa acadêmica, foram reunidas e gravadas num CD, 49 cantigas de ninar, entoadas por mães e avós ao embalar suas crianças, resistindo, desse modo, ao processo de acultura- ção que ameaça os povos originários desde o contato com os brancos.
“A obra traz um cancioneiro, com a letra transcrita e a tradução. Ela é seguida de um capítulo escrito pela musicista Marlui Miranda, também responsável pela transcrição das partituras”, revela a autora.