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Proteção dos Animais pede cancelamento de Fogos e Cavalgada da Fé no Dia da Padroeira

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Sebastiao 300Sebastião Barbosa, presidente do Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais em Araraquara 

O Padre Nelson da Silva Ramos, da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida na Vila Xavier, desde a semana passada está com um enorme problema para resolver, após ter recebido do presidente do Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais em Araraquara, Sebastião Barbosa, ofício em que “a igreja promotora da Festa da Padroeira, no dia 12 de outubro, é alertada para cumprimento da Lei Municipal n° 8.959, de 04 de maio do ano passado”.

No documento endereçado à igreja e também à Diocese em São Carlos, Barbosa pede o cancelamento de pelo menos duas atividades constantes da programação em homenagem a Padroeira do Brasil: queima de fogos e a realização da Cavalgada da Fé, que já está em sua décima quinta edição.

A lei, diz o presidente do Conselho, é bem explicita e impede em um dos seus itens a queima e soltura de fogos de estampidos e artifícios, assim como de quaisquer artefato pirotécnico de efeito sonoro ruidoso. É bom lembrar, que ao realizar anualmente a festa, a igreja anuncia através de uma ‘alvorada’ a abertura do evento e ao meio-dia tradicionalmente, há o foguetório no qual a cidade se inspira para dar acompanhamento a iniciativa da paróquia.

No ofício, baseado em afirmativas médicas-veterinárias, o conselho explica que evitar a queima de fogos torna-se necessária porque os animais, principalmente cães, gatos e aves têm o aparelho auditivo muito sensível, de maneira que ficam estressados e chegam a sofrer convulsões e ferimentos, além de que, muitos frequentemente se acidentam na ânsia de fugir dos ruídos provocados pelos rojões.

CAVALGADA PELA CIDADE

Uso do bridão na boca do animal é utilizado como freio, causando dor insuportável, razão pela qual o animal fica parado

Já a cavalgada é outro caso sério levantado pelo Conselho e Barbosa deseja que a lei prevaleça, pois as pessoas que costumam realizar ou participar deste tipo de atividade, levam os cavalos utilizados a intenso sofrimento e maus-tratos, embora o dirigente entenda  que a própria montaria efetuada nesses animais, por si só, é crueldade.

No pedido de cancelamento o Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais faz também constar que “o bridão, que os exploradores usam para frear e comandar o cavalo, é uma tortura à boca do animal, machuca e provoca dores na gengiva e no nervo trigêmeo, que atinge toda a cabeça do equino.” Bridão, é uma peça de metal presa a boca do cavalo.

Não bastasse, diz a carta enviada ao padre Nelson, a espora também usada, é um instrumento de ferro para dar pancadas com a parte traseira da bota no abdômen do cavalo para que ele obedeça aos comandos do seu condutor por meio da dor, além das chicotadas e do peso da pessoa montada nas suas costas, que lesionam a sua pele e a sua coluna, face as longas distâncias percorridas por esses animais sob sol escaldante, asfalto quente e frequentes esgotamentos nas subidas e descidas pelas vias públicas da cidade.

Após assumir a presidência do conselho em Araraquara no ano passado, Barbosa tem procurado com o apoio dos companheiros de diretoria, exigir o cumprimento das leis criadas pelo Poder Legislativo, uma delas inclusive, é a Lei Complementar Municipal n° 877/2016 e o Decreto Municipal nº 11.297/2016 proibindo o emprego de animais para condução de carga (carroças) nas áreas urbanas do município, bem como a Lei Federal nº 9605/98 (Lei de Crimes Ambientais) que prevê como crime, em seu Art. 32, os maus-tratos contra os animais, até mesmo o seu uso em espetáculos circenses, cavalgadas e rodeios.

“Acreditamos que a tradição e cultura não são justificativas válidas e aceitáveis para que se promova a continuidade de atividades que atualmente são facilmente perceptíveis como cruéis, sádicas e desnecessárias e que sempre é tempo para evoluirmos e construirmos novos costumes baseados na ética, na sustentabilidade e no respeito ao meio-ambiente e aos animais”, afirma Barbosa, que diz estar encontrando sempre problemas desta ordem, razão pela qual busca resolver com a compreensão de todos.