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Quem quer ouvir piano? A linda história de superação de Pedro Paulo de Avelino

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Ele nasceu em família humilde e com muita dedicação, força de vontade e fé, se tornou pianista aos 17 anos.

Pedro Paulo Avelino 71Um dia, Pedro mudou a forma de ver e pensar sobre o mundo

Pedro Paulo de Avelino, hoje aos 55 anos, administra diversos projetos que cercam sua profissão.

Dizer que aos 17 anos, o jovem Pedro era pianista não parece nada demais. Porém, para se formar em aulas de piano, são necessários 11 anos intensos de estudos. Ele iniciou essa jornada aos seis.

Começou depois que a irmã, Fátima Regina, começou a fazer aulas de piano na escola da Família Tescari (reconhecida em Araraquara por todo seu envolvimento com a cultura).

O pequenino sofreu na pele o preconceito por ser negro e estar, duas vezes por semana, dentro de uma escola de elite, tomada por brancos.

“As professoras formavam carteiras em duplas, e eu sempre sentei sozinho. As pessoas não queriam estar perto de mim, mas isso era mais enraizado pela família do que pela própria criança. Elas têm uma cabeça ingênua, sendo reflexo do que houve dentro de casa”, relata Avelino.

Em desistir, ele pensou inúmeras vezes. A mãe, sempre dando apoio, não deixou isso acontecer. Resultado disso, Pedro tocava nos concertos organizados pela escola junto com a turma que já estava quase se formando, enquanto ele tinha aulas com o quinto ano.

“Quis mostrar às pessoas que eu era capaz, independente da cor da minha pele ou da família que eu vinha. Minha professora, Maria de Lourdes Tescari, me desafiava a fazer sempre mais e melhor, e por isso consegui me tornar quem eu sou”.

PROJETOS

Logo após a formatura, Pedro mudou a forma de ver e pensar sobre o mundo. Iniciou projetos para levar música para todos. Durante vários anos, Avelino realizou concertos beneficentes no Teatro Municipal, sempre com casa cheia.

Formou-se em Direito na antiga Fefiara, na década de 1980, enquanto trabalhava como auxiliar de maquinista na Fepasa (Ferrovia Paulista S/A).

Pedro Paulo durante uma apresentação de final de ano do Conservatório Tescari, ocorrido no Teatro Municipal

“Tive que batalhar muito nessa época, pois trabalhava em escala e tinha as aulas à noite, mas com força de vontade, dedicação e ajuda dos meus colegas de trabalho, consegui me formar. Fui estagiário e depois contratado pela antiga empresa ferroviária. Enquanto isso fiz um curso de técnicas  de piano em São Paulo com duração de dois anos. Quando ia para lá, sempre tocava em um piano que fica na entrada do Theatro Municipal de lá, até cheguei a chamar alguns amigos para me assistirem”.

Atualmente, Avelino administra o projeto ‘Quem quer ouvir piano’, levando o instrumento para locais inusitados. “Levamos o piano para lugares que você não veria facilmente. Há alguns meses fiz um concerto no Calçadão de Ribeirão Preto. Nessa apresentação, tive a sorte de encontrar com uma servidora da Cultura de Franca, onde fui convidado a tocar também”, explicou.

Além de projetos com piano, Avelino promove palestras para professores, passando todo o ensinamento que a música lhe trouxe e que o estimula a viver cada vez mais.