A Copa do Mundo terminou na metade de julho, a França ganhou a taça e o Brasil nem chegou às semifinais, o que ainda nos dá saudades e muitas críticas. Apesar da animação e empolgação das pessoas durante o torneio, o impacto sofrido pela Economia durante o período dos jogos na Rússia pode ser comparado a um forte chute direto – só que para bem longe do gol.
Apenas na primeira fase da Copa, o comércio teve queda média de 25% na receita, aponta estudo realizado pela Cielo. Alguns setores do varejo tiveram quedas de vendas superiores a 40%. Os setores mais negativamente impactados foram os de vestuário, móveis, eletrodomésticos e lojas de departamentos.
Em alguns casos, os dados da Cielo apontam lojas com faturamento zero no período dos jogos, indicando que muitas resolveram fechar as portas durante as partidas. O setor que sofreu impacto menor foi o de supermercados, com queda no faturamento em 4,4% e pequenos picos de vendas antes das partidas.
O Índice Cielo do Varejo Ampliado – ICVA acompanha mensalmente a evolução do varejo brasileiro de acordo com a sua receita de vendas, com base em um grupo de mais de 20 setores, mapeados pela Cielo, responsáveis por 1,4 milhão de pontos de venda ativos credenciados à companhia.
CONTRA-ATAQUE
De acordo com a pesquisa, o único setor que não foi afetado pelas baixas vendas foram as padarias, que tiveram crescimento de 7,1%. O motivo pode ter sido o fuso horário dos jogos, na maioria realizados na parte da manhã.
Entretanto, em Araraquara, nem as padarias sentiram a melhora. Christian Ciarlariello, proprietário da Padaria Néctar dos Pães, diz que não enxergou esse aumento de vendas exposto pelo ICVA.
Ele conta que na maior parte dos dias, o estabelecimento ficou deserto. De acordo com o empresário, o único produto mais vendido foi o pão francês. “Teve um dia, em que o jogo foi de manhã, que até acabou o pãozinho. Mas o comércio em geral ficou parado. Estranhei que até os restaurantes ficaram vazios… houve muito pouco movimento de pessoas na cidade”.
Além da Copa do Mundo, outros fatores afetaram a economia brasileira nos últimos meses, tornando o cenário nebuloso. A primeira queda de vendas do comércio aconteceu em maio, em virtude da greve dos caminhoneiros, que resultou em desabastecimento de mercadorias e dificuldade de circulação dos consumidores.
Na época, o único setor que teve um crescimento de vendas foi o de supermercados, devido em parte, por um movimento de estocagem, promovido pelos consumidores preocupados com a escassez de alimentos. Houve em determinadas situações até mesmo um exagero dos consumidores.
O PIOR ESTÁ POR VIR
A instabilidade política, a incerteza em torno das eleições do futuro presidente, que se arrastará até outubro é outro fator que causa preocupação. A estagnação do rendimento da população e a fraqueza do mercado de trabalho também são motivos de pessimismo.
De acordo com os cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre – FGV), existe a possibilidade de que a economia demore quase três anos para voltar ao nível que se encontrava antes da crise, caso o ritmo atual de crescimento seja mantido.
Se a previsão se confirmar, será a recuperação mais demorada da história brasileira, além de ser um número desanimador, para uma economia que cresceu apenas 1% no ano passado.
Mas o pior está por vir. Faltam quatro anos para a Copa do Mundo 2022 no Catar. Pela primeira vez na história, a competição será realizada no fim do ano. A Federação Internacional de Futebol (Fifa) definiu que a 22ª edição do torneio acontecerá entre os dias 21 de novembro e 18 de dezembro.
A Copa é realizada, tradicionalmente, entre os meses de maio e julho. Nesse período, a temperatura no Catar costuma variar entre 40°C e 50°C. Com isso, a Fifa mudou as datas do certame para novembro e dezembro, quando as temperaturas oscilam entre 20°C e 30°C.