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Senhoras e senhores,
Leitores e curiosos do meio político, com muita honra e responsabilidade, chegarão até você, semanalmente, os fatos mais importantes da política local, sejam eles os que fizeram barulho ou aqueles que chegaram por meio de sussurros. Eu sou Thorn Malara e este é o Resumo da Ópera, trazendo a você, com bom humor, a tragédia, os dramas da política e suas comédias cotidianas. Vamos ao Resumo da Ópera!
FORÇA NAS CANELAS
Com o intuito de fortalecer as canelas juvenis de nossos estudantes araraquarenses, a Prefeitura achou que seria de bom tom baixar um decreto para acabar com o transporte público municipal para as crianças que moram a menos de 2 km da escola. Seria interessante que o autor da ideia experimentasse correr esse percurso, subindo a Avenida 36, do ponto de ônibus do Shopping Jaraguá até a Agência dos Correios — 2 km — sob o forte sol araraquarense. A canelinha do autor da proposta aguenta? Porque ele crê que a das crianças sim!
GARFADA NA MERENDA
Ainda no campo da Educação Araraquarense — e parece que alguém na prefeitura está sem amigos sinceros para alertar sobre as más ideias — outra genial sacada foi a tentativa de, por meio também de um decreto, impedir que os servidores da educação possam se alimentar no trabalho com o excedente das merendas, junto aos alunos das escolas municipais. Ignorando a existência de leis trabalhistas, o nobre responsável pela área também deixou de observar que, em algumas escolas, nem sequer existe infraestrutura adequada para os servidores da educação se alimentarem separadamente. Há quem diga que, no governo, tem técnico que está de brincadeira na hora do serviço quando o assunto é valorizar o servidor municipal.
A PRIMEIRA VEZ A GENTE NUNCA ESQUECE
Diante dos dois criativos decretos municipais, a Câmara se dividiu: a oposição esbravejou, enquanto os governistas minguaram sem nenhuma grande disposição para fazer frente às críticas, ainda mais diante dos fortes protestos da população. Tirando um ou outro comissionado da prefeitura que sonha em ser vereador, ninguém tem coragem de defender tais absurdos em público, restando que alguns arrisquem suas reputações na tentativa de mudar a narrativa dos fatos. Resultado? Abandonado, o Executivo enfrentou sua primeira derrota e teve de revogar a patuscada, pelo menos foi isso o que anunciou o líder do governo, Vereador Michel Kary, muito acertadamente, uma voz lúcida diante de tantos absurdos.
Será que o chefe do Executivo volta atrás de voltar atrás e insistirá em desgastar mais e mais sua base logo na lua de mel entre os dois Poderes? Não sabemos.
Frisa-se que foi a primeira derrota pública, pois ainda tivemos uma proposta de reforma administrativa sendo rejeitada pela Casa de Leis após contato do Ministério Público alertando sobre sérios problemas legais no projeto, necessitando de 6 substitutivos para corrigir a totalidade dos apontamentos. Mas, além do mérito da oposição, há de se reconhecer que muitos da base governista também bateram o pé nos bastidores — a ausência de defesa dos decretos foi ensurdecedora, e dizem que a base está rachada já no primeiro mês de composição, porém comprometida com seus eleitores.
PEIXE GRAÚDO ENGOLE LAMBARI
Aproveitando a articulação debilitada do Executivo, tem ex-prefeito de olho em vereador da base que não se sente bem tratado pelo governo e que, inclusive, deu força para a oposição iniciar a Audiência Pública sobre os dois polêmicos decretos citados. A conversa de bastidor é que, na janela partidária, já haverá vereador trocando de partido. Simultaneamente, há um possível candidato a prefeito posando sorridente ao lado de estreantes do Legislativo — e, além da oratória, ele tem uma caneta e uma calculadora poderosa, que mete medo em muita gente, principalmente em quem não tem base forte na Casa Legislativa. Certa vez, ouvi uma parlamentar de primeiro mandato dizer que “pato novo mergulha fundo, que tem de chegar chegando sim.” Seu nome? Joice Hasselmann — enquanto deputada em seu único mandato.
O CAUSO DA CANÇÃO
Talvez motivado pela sonoridade desafinada que os decretos da nova gestão causaram na sociedade araraquarense, o Presidente da Câmara, Vereador Rafael de Angeli, surgiu com um projeto polêmico: proibir que a Prefeitura organize eventos voltados ao público infanto-juvenil que tenham músicas cujas letras façam “apologia a grupos criminosos e drogas.” A proposta divide opiniões, mas a restrição valeria apenas para eventos financiados com dinheiro público, ou seja, na prática, pouca coisa mudaria. Importante representante cristão, tanto entre católicos como entre evangélicos, o parlamentar foi fortemente criticado por movimentos sociais ligados a gêneros como o hip-hop e simultaneamente defendido por sua base eleitoral. O que você acha sobre o projeto?
Segundo palpiteiros, haveria certo espanto com letras como “[CENSURADO] É Só um Detalhe”, dos artistas: DJ Douglinhas, MC Torugo e DJ Miller Oficial, que viralizaram nas redes sociais por conta do ritmo envolvente.
CHORO DAS ÁGUAS
Um vereador, que pediu para não ser identificado, afirmou que, do jeito que a coisa anda, a surpresa seria haver algum evento municipal com música ao vivo, pois, para isso, é preciso um orçamento que hoje não existe. Já um membro da oposição, ouvido em particular, declarou que o projeto do Presidente da Câmara causaria um grande problema diplomático com a prefeitura, pois restringiria artistas do funk e do sertanejo em eventos municipais. E que, como MPB, samba e bossa nova não agradam à nova administração, sobraria ao prefeito tocar apenas um chorinho. Eu não sei você, mas senti certa maldade ácida nessa declaração.
Dito isso, até o próximo Resumo da Ópera!