Um estudo recente conclui que a Gen Z e a Gen Y preferem agora comprar cópias em vez de artigos originais de alta qualidade, e o preço não é a única razão.
É um fenômeno impossível de ignorar: as imitações de baixo custo de produtos de luxo ou de gama alta, ou “dupes”, estão na moda entre os consumidores mais jovens, seja no mundo da moda ou da beleza, da alimentação, do lazer e, agora, até das viagens. Nas redes sociais, e em particular no TikTok, as hashtags #dupe e #dupes têm respetivamente 6 bilhões e 3,5 bilhões de visualizações, sem contar com os seus derivados como #dupemakeup (85 milhões de visualizações), #dupeperfume (61 milhões de visualizações) ou #fashiondupes (28 milhões de visitas).
A plataforma chinesa está claramente sendo invadida por boas ofertas, inspirações e outras tendências em torno destas imitações. Uma verdadeira onda de conteúdos que testemunha não só um boom sem precedentes destas cópias, mas também o incontável número de “duplicados” atualmente disponíveis no mercado.
MAIS PROPENSOS A COMPRAR “DUPES”
Um novo relatório da consultoria YPulse, especializada na análise do comportamento das gerações mais jovens, revela que as gerações Y e Z preferem agora comprar cópias em vez de produtos de luxo, ou seja, as versões originais e topo de gama dessas cópias. Os números são claros, uma vez que os consumidores americanos e canadenses com idades entre 13 e 39 anos são agora mais propensos a dizer que compraram um produto falsificado do que aqueles que investiram num produto de luxo. Especificamente, 60% dos adolescentes entre 13 e 17 anos recorrem a estas imitações, em comparação com 41% que dedicaram capital a um artigo de luxo.
Os entrevistados mais velhos, que geralmente beneficiam de maior poder de compra, não ficam muito atrás. Mais de dois terços dos jovens de 18 a 24 anos e de 25 a 39 anos (67% para ambas as faixas etárias) afirmam já ter comprado uma imitação, em comparação com 54% e 61%, respectivamente, que comprou um produto de luxo. É preciso dizer que as gerações mais jovens não consideram o luxo da mesma forma que os mais velhos. Segundo o YPulse, as gerações Z e Y consideram um produto de luxo aquele oferecido por uma marca notável, embora não facilmente identificável; o que explica porque veem a Nikeou a Victoria’s Secret como marcas de luxo, tal como a Louis Vuitton ou a Gucci, por exemplo.
“Embora comprar um exemplar não signifique inerentemente que o produto substitui um item de luxo, a forma como a Gen Z e a Gen Y definem ‘luxo’ é influenciada pelos acontecimentos mundiais que moldaram a sua realidade, mas não foram apenas as recessões e a incerteza econômica que influenciaram as suas percepções sobre preço. Essas gerações cresceram a comprar em hipermercados, comércio grossista e varejistas de fast fashion, o que recalibrou completamente as suas ideias de gastos. (Eles) concordam que designers de renome são sinônimos de luxo, mas devido ao seu baixo limiar de apreciação o que é caro, qualquer marca com nome reconhecível pode ser considerada luxo aos seus olhos, por isso procuram cópias virais de marcas como a Lululemon, Sol de Janeiro e Skims”, afirmou o estudo.
NÃO É APENAS UMA QUESTÃO DE ORÇAMENTO
As gerações mais jovens recorrem às imitações devido ao seu custo mais baixo, mas essa não é a única razão. Quase sete em cada 10 entrevistados (69%) consideram que as imitações os fazem sentir que estão usando produtos de luxo sem ter de gastar muito dinheiro, mas 60% dizem que ainda os usariam mesmo que pudessem comprar os itens de luxo originais. E a experiência, ou seja, a excitação de encontrar produtos mais baratos, também faz parte da equação para mais de metade dos entrevistados. Embora anteriormente os consumidores tivessem vergonha de comprar imitações, pois refletiam um mais fraco poder de compra, hoje têm orgulho em partilhar as suas descobertas, que são, em última análise, sinônimo de compras inteligentes. Um fenômeno que as maisons de luxo devem considerar para não perderem o seu público preferido.
“A mentalidade em torno das imitações reflete não apenas uma abordagem pragmática dos gastos, mas também um desejo por uma sensação inclusiva de luxo. A maioria dos compradores de imitações prefere um produto duplicado ao item que este duplica, porque é mais barato, é claro, mas principalmente porque, na sua opinião, as imitações são igualmente boas. Para aproveitar essa tendência, as marcas podem considerar expandir as suas linhas de produtos acessíveis ou colaborar com influencers que apoiam alternativas acessíveis. A chave é compreender e adaptar-se às mudanças na dinâmica do comportamento do consumidor em relação às imitações”, conclui o relatório. (Informações Fashion Net Work)