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Brasileiros criam bolha de respiração para tratamento da Covid-19

Aparelho reduz a necessidade de intubação de 20% dos pacientes e protege a equipe médica contra contaminação

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Já está em testes no Hospital das Clínicas, em São Paulo, um dispositivo de ventilação não invasiva que pode evitar que pacientes com a Covid-19 ou outras doenças respiratórias, como a Sars, sejam intubados.

Batizado de BRIC (Bolha de Respiração Individual Controlada), ele é um capacete estanque que funciona como uma interface entre um paciente e um ventilador mecânico. Equipamento similar já foi utilizado na Itália no combate ao coronavírus.

O aparelho foi criado pelo engenheiro Guilherme Thiago de Souza, presidente da empresa de tecnologia Roboris, junto a uma equipe com diversos profissionais das áreas da saúde, engenharia e da indústria. Cada unidade custa R$ 627,00 e um lote inicial de 1000 unidades está sendo preparado. A capacidade inicial de fabricação é de 10 mil unidades ao mês. Segundo a Life Tech, já há negociações para testes do capacete em hospitais de Minas Gerais e na Bahia.

Além da Covid-19 e Sars, a BRIC também pode ser usada no tratamento de outras doenças respiratórias. O produto aguarda liberação da Anvisa

“A BRIC foi projetada com um volume para que o paciente se sinta confortável e sua principal característica é a estanquidade, capacidade de conter o vazamento de ar, essencial para evitar a propagação da doença. Os hospitais ou clínicas ganham uma tentativa de tratamento que antecede a ida do paciente à unidade de terapia intensiva, é um tempo a mais, para que ele não precise ser induzido ao coma”, enfatiza o engenheiro.

De acordo com a Lifetech, estudos da Universidade de Chicago mostram que o uso de capacetes de ventilação, como o BRIC, reduz a necessidade de intubação de 20% a 35% dos pacientes com Covid-19. Nos casos de Sars, outra síndrome respiratória causada por vírus da mesma família, a redução é de 54%. A mortalidade dos pacientes de Covid-19 intubados é de 70% a 80%.

Devido à sua vedação, a BRIC impede a propagação do vírus pelo ar, reduzindo o risco de contaminação dos profissionais de saúde e outros pacientes. “Sua vedação foi feita de forma que não ocorram vazamentos e disseminação do vírus e a saída de ar ocorre pelos filtros hospitalares, projetados e construídos para essa finalidade”, explica Guilherme.

“O paciente fica exposto a um menor risco do que na intubação e não transmite o vírus para o meio, pois tudo passa pelo filtro que devolve o ar limpo para o ambiente”, salienta o engenheiro.