Raphael Medina, ainda criança, mudou-se com sua mãe para a cidade de Carangola, localizada na Zona da Mata, em Minas Gerais, ali iniciando uma longa vida de amor ao trabalho, inicialmente servindo seus fregueses na pequena estação de Ubá, de pastéis, e angariando a admiração por sua desenvoltura e simpatia naquela modesta função, ao ponto de, mesmo jovem, ganhar o posto de telegrafista da estação, cargo que ocupou sempre com a mesma e ampla disposição de trabalho.
Sua vivacidade e tino comercial o levaram, num passo seguinte, a viajar pelo interior mineiro, agora como comerciante de cereais e sendo jovem, com irradiante simpatia pessoal, não lhe foi tarefa das mais difíceis de ser correspondido na sua intenção de namoro, com a formosa mineirinha Ninyra, da cidade de Recreio, vizinha de Carangola; ali se casaram e constituíram família, coroada com o nascimento de dois filhos, Déborah e Clodoaldo, este que seria, no fututo, prefeito de nossa cidade, cargo que ocupou por duas legislaturas. Num ano de transformações sócio políticas no estado de São Paulo como foi 1930, Raphael deixou Minas Gerais e transferiu-se para Uchoa, localidade paulista encravada no chamado “Sertão da Alta Araraquarense” e ali dedicou-se ao comércio de compra e venda de café, a riqueza nacional dos tempos Getulianos e prosperou por sua larga experiência em negócios e arrojo de iniciativas empresariais a ponto de em pouco tempo, naquela cidade, tornar-se exportador do produto para vários países consumidores da rubiácea.
A família ganhara um novo membro, o caçula Péricles e a ideia de vir para umacidade maior para dar expansão aos seus negócios e educar os filhos tomou vulto e em 1939, Raphael Medina desembarcou em Araraquara e aqui logo tratou de diversificar suas atividades comerciais e juntamente com seus companheiros Rubens, Nino e Sebastião, abriu um estabeleci-mento comercial, a Texidal, no ramo de tecidos, sem contudo deixar os negócios com o café em Santos, conquistando, como resultado, invejável situação econômica e social.
A atividade de Raphael Medina não se restringiu tão somente aos negócios de café e de tecidos e ele foi mais além, e na década de 70 abriu na Rua 9 de Julho, uma loja de eletrodomésticos tendo por companheiros seu filho Clodoaldo e o araraquarense José Castrale, loja que se tornou, tocada pela mão mágica de Raphael e pelo esforços e dedicação de Castrale e Clodoaldo, uma das maiores do interior bandeirante: a Eletro Tamoio.
Foi mais além o empresário Raphael Medina, na sua febricitante atividade para expandir seus negócios na cidade e tendo por sócios Gabriel Moraes Carneiro, Nicolino Lia, Savério Ianelli, José Castrale e seus dois filhos Clodoaldo e Péricles, trazendo para Araraquara a financeira Anchieta S/A – Crédito, Financiamentos e Investimentos, conceituado estabelecimento de crédito de Araraquara e que, posteriormente, foi vendida para a Casa da Banha, empresa do Rio de Janeiro. Consolidava-se pois, o ex garoto modesto e trabalhador de Ubá, num dos empresários mais bem sucedidos na sua década.
Sentindo a necessidade de conhecer e vender, do mesmo modo, no terreno espiritual, rendeu-se ao apelo de sua amorosa esposa Ninyra e do seus sogros Deolindo e Creusa, e dedicou-se de corpo e alma à benemerência, obras sociais e socorro aos necessitados que lhe procuravam, apoiando-os, providenciando-lhes socorro material, empregos e tudo mais, tornando-se Espírita convicto.
Raphael Medina, um amigo querido de todos os que os cercavam, apoiou sempre todas as obras de caridade encetadas por sua querida esposa, e por longos anos, deu valioso apoio financeiro ao Clube Lívia Cornélia, por ela dirigido, para que os enxovais dos recém nascidos jamais ali faltassem.
Raphael Medina faleceu no dia 1º de novembro de 1975, deixando uma família bem estrutura: Déborah, casada com Oscar PalamoneLepre; Clodoaldo, ex-prefeito da cidade, casado com Dora Galvão Medina e Péricles Medina, inúmeros netos e bisnetos.
Sua esposa, Dona Ninyra, foi sempre aquela que jamais disse um não a quem dela se acercava para obter auxílio material e espiritual, irradiando simpatia e inegavelmente detentora de forma Divina dos seus propósitos, exatamente como disse Al-phonsus de Guimarães…”Entorna sobre mim as soberanas inspirações que brotam dos Altares, ó carisma do amor que tudo irmanas, serva de Deus, esposa dos Cantares…” Dona Ninyra Rodrigues Medina faleceu em 4 de setembro de 1993, deixando sensível lacuna na sociedade araraquarense.
O nome de Raphael Medina está na rua pelo decreto 4515 de 1° de setembro de 1981, que denomina Avenida Raphael de Medina a antiga Avenida Marginal “3” do II Distrito Industrial. Registre-se ainda que a E.E.P.G. localizada no Jardim Eliana também recebe seu nome “E.E.P.G. Ra-phael Medina”.