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Nhô Zélio, o caipira vereador da Brasil FM

“Nhô Zélio”, o caipira alegre e diferente como sempre foi chamado no rádio é um dos raros profissionais da cidade a ter seu nome mencionado no Domingão do Faustão.

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Nhô Zélio fazendo comercial de rua com o fusquinha 78 e também na Brasil FM

Quase que diariamente lá ia ele, com seu fusquinha branco, as cornetas presas no teto, anunciando os produtos da Peixaria Morada do Sol. Ele desfilava pelas ruas da cidade, fazendo parte de um cenário que parece remetê-lo ao começo da carreira. No entanto, a população parecia desconhecer que aquela voz aparentemente familiar já andou cortando as madrugadas para dizer frases que entraram para a história do rádio araraquarense: “Em riba do tôco, o relogião véio tá marcando…” ou “vamú em frente que atrás vem vindo gente”.

Em 1960 animando programas infantis; sua atuação no rádio em Ribeirão Preto e de volta seu envolvimento na política

Foi assim que num domingo seu nome foi lembrado pela diretora de TV, Leonor Silva, irmã de Fausto Silva, no programa “Domingão do Faustão”: “Quando estudava em Araraquara acordava com um caipira falando hora certa no rádio; o nome dele era Nhô Zélio”. Para o comunicador sertanejo essa foi mais uma das boas coisas que aconteceram na sua carreira.

A TRAJETÓRIA

Nhô Zélio e o irmão José num dos programas de rádio; O respeito de Tonico e Tinoco por Nhô Zélio sempre foi muito destacado pelo mundo sertanejo (filho Tiago no colo)

Jerônimo Zangarelli Filho, é o seu nome.  mas assim poucos o conhecem. A história do nome fictício ele contou com muito entusiasmo em uma tarde quente dos últimos dias de outubro. “No programa Alegria Sertaneja, que era comandado pelo ‘cumpade’ Nhô Chico Tapeira – Arlindo Barea – estava cansado de acordar de madrugada para fazer o papel de caipira. Ele ameaçava que um dia pararia. Certa vez, chegou para mim e disse que eu faria o caipira a partir daquela data. Na improvisação, ele soltou “e para comandar o programa Alegria Sertaneja, aqui está o caipira alegre e diferente, Nhô Zélio!”. E pronto, ali começou a minha história na rádio A Voz da Araraquarense, em 1962”.

A esposa Zinha cantava num trio e se tornou sua esposa

Nhô Zélio começou a sua intimidade com o microfone aos 17 anos, em 1958, comandando o serviço de alto-falantes, chamado A Voz do Carmo. Da praça do bairro, foi para “A Voz da Araraquarense”, onde ficou até 1970 e depois foi transferido para a rádio Cultura, até 1979.

O radialista que lançou inúmeros cantores e humoristas pelo interior de São Paulo chegou a comandar um programa de auditório, em 1980, para a rádio e TV. “Fiz isso só por um ano, vi que a minha vida era o rádio mesmo”, comenta.

Ao lado da esposa Zinha e o trio em nova formação; apresentando Chitãozinho e Xororó no começo da carreira

No ano seguinte, Nhô retornou para a Cultura AM, onde permaneceu até o ano de 2000. Um ano de folga, “para descansar a cabeça”, conforme diz Nhô Zélio, e retornou ao radio pela Brasil FM, hoje comandando um programa sertanejo aos domingos. Já trabalhou em outras rádios como Ibitinga; Cultura e Colorado, em Ribeirão Preto, Rádio Cruzeiro de Hortolândia, além de inúmeros festivais. Engana-se quem pensa que ele apenas comanda o programa na rádio todas as manhãs, em Araraquara. Paralelamente, usava seu Fusca ano 78 com dois alto-falantes no teto, para anunciar os serviços de seus clientes.

Nhô Zélio e Zinha

Nhô Zélio, além de radialista, também foi dono do “Circo Lari Larai”. Além disso, ele realizou show com os melhores cantores e duplas sertanejas do Estado. Grandes nomes como Tonico e Tinoco, Pedro Bento e Zé da Estrada, César e Paulinho, Mato Grosso e Mathias, Sergio Reis, João Paulo e Daniel, Irmãs Galvão, Irmãs Freitas, Trio Parada Dura, Teodoro e Sampaio, Chitãozinho e Xororó e mais centenas de duplas, trios, humoristas, artistas e tantos outros.

Esteve ao lado dos melhores radialistas de Araraquara e região: Nildson Leite Amaral, Antonio Carlos Rodrigues dos Santos, Geraldo Marchese, Geraldo Polezze, Sidnei Schiavon, José Maria Brandão, Jofre Davi, Wilson Luiz, Ivan Roberto, Wagner Bellini e tantos outros.

AGRADECIMENTO

Nhô Zelio sempre agradece ao então juiz titular da Vara do Tribunal Regional do Trabalho, Sergio Milito Barea. “Ele é filho do meu querido padrinho [de carreira], Arlindo Barea. O Sergio foi meu operador de som com eficiência. São as minhas lembranças de bons tempos. Só tenho a agradecer”, relembra.

Como vereador participou do Congresso Estadual dos Municípios em Campos do Jordão em abril de 1969, ao lado de Leonardo Crocci Filho (irmão de Rubens Cruz), Carlos Alberto Manço (primeira eleição) e Euripes Ancelmo

Nhô Zélio participou ativamente da política municipal. Ele foi vereador na gestão do prefeito Rubens Cruz, de 1969 a 1972. “Naquela época, os vereadores não recebiam salário, era trabalho voluntário”. Nhô Zélio conquistou 711 votos pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro), sendo o quinto mais votado.

Como Jerônimo, trabalhou na roça até os 11 anos de idade e já fez de tudo um pouco. Foi marmiteiro, baleiro de cinema, engraxate, Correios, servente de pedreiro, vendedor, etc.