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Nova argila sintética descoberta por pesquisador homenageia Araraquara e Madrid

O artigo sobre a descoberta acaba de ser publicado na Applied Clay Science, revista internacional de Física, Química, Geologia e Tecnologia de Argilas e Minerais de Argila

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Microscopia de transmissão em alta resolução onde podemos observar a estrutura da argila VAM

As cidades de Araraquara (SP) e Madrid (Espanha) foram homenageadas com a denominação de uma nova argila sintética descoberta no âmbito de um projeto internacional desenvolvido em cooperação entre pesquisadores do Instituto de Química da UNESP, campus de Araraquara, e o Instituto de Catálisis y Petroleoquímica de Madri, na Espanha. A nova argila sintética recebeu o nome de “VAM, Vanadosilicate Araraquara Madrid”.

O artigo sobre a descoberta acaba de ser publicado na Applied Clay Science, revista internacional de Física, Química, Geologia e Tecnologia de Argilas e Minerais de Argila, tem como autor principal o doutor Thiago F. Chaves e é assinado também por Celso V. Santilli, Luiz G. Possato e Joaquín Pérez-Pariente.

O projeto foi realizado entre 2014 e 2018 durante o pós-doutorado de Thiago Chaves, sob supervisão do Prof. Dr. Celso Santilli, do Intituto de Química da Unesp, campus de Araraquara, junto ao de  Grupo Físico-Química de Materiais (GFQM) e o Grupo de Pesquisa em Catálise (CPCat), esse último liderado pelo Prof. Leandro Martins. Entre 2016 e 2017, Chaves fez um estágio no exterior (BEPE/FAPESP – Projeto 2014/11952-5) em Madrid, no Instituto de Catálisis y Petroleoquímica, no grupo liderado pelo Prof. Joaquín Pérez-Pariente.

No estudo, foi demostrado que a argila VAM pode ser usada como catalisador em reações de oxidação (processo Formox, por exemplo), que são bastante importantes do ponto de vista industrial.  “O processo Formox é produção de formaldeído, solvente amplamente usado na indústria química em tintas e resinas, e também é usado para fazer resinas aplicadas na fabricação de placas de madeira, por exemplo. De forma mais geral, argilas são aplicadas também no solo para liberação controlada de nutrientes”, explica Chaves.

No projeto desenvolvido no pós-doutorado, o foco foi inserir vanádio em zeólitas para aplicação em catálise. “Nossa ideia inicial era inserir a maior quantidade possível de vanádio na estrutura da zeólita, mas depois de certa quantidade a estrutura esmectita era obtida. Passamos a buscar na literatura estruturas desse grupo contendo apenas vanádio e silício, entretanto, nada tinha sido reportado na literatura até então. Nesse momento percebemos se tratar de uma estrutura nova. Devido a essa parceria bem sucedida, propomos o nome de Vanadossilicato Araraquara Madrid (VAM)”, explica o pesquisador.

Retornando ao Brasil, Chaves, junto com o Dr. Luiz Gustavo Possato, também supervisionado pelo Prof. Dr. Celso Santilli, submeteu projeto para usar as instalações do Laboratório Nacional de Luz Síncroton (LNLS) para caracterizar em detalhes a nova estrutura. “Pudemos observar que o vanádio está presente com estado de oxidação 3+. Essa é uma característica importante, pois o vanádio nesse estado de oxidação possui um raio iônico muito parecido ao do Ferro (3+), metal muito comum em argilas do tipo esmectita, isso seria um dos motivos pelos quais conseguimos formar a argila com vanádio”, resume Chaves, que atualmente é pesquisador sênior no Centro de Pesquisa de Paulínia da Rhodia Poliamida e Especialidades.