Durante a pandemia, o desempenho do setor agropecuário foi muito importante para a composição do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, principalmente em 2020. Já em 2021, o ritmo caiu. Segundo um balanço feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A explicação está na base de comparação altamente positiva no ano anterior, além de alguns problemas climáticos e logísticos que afetaram a produção.
A estimativa da CNA é de que o PIB da agropecuária em 2021 cresça 1,8%, enquanto a economia brasileira deve crescer em torno de 4,5%.
“A gente lembra que na safra 2020/2021 houve um atraso das chuvas em setembro e outubro do ano passado, atrasando a colheita da soja e também o plantio do milho safrinha e de algumas regiões do Brasil. Quando a gente olha o café, a gente sabia que tinha a bienalidade negativa, mas ele foi impactado também pela falta de chuvas no final de 2020. De uma maneira geral a gente vê um ano muito bom, em preços, nas produções nem tanto”, avalia o coordenador do núcleo econômico da CNA, Renato Conchon.
Se a produtividade caiu em algumas culturas, os preços das commodities nos mercados internacionais subiram.
“A desvalorização do real favoreceu as exportações brasileiras. Com isso, entre janeiro de novembro de 2021 o Brasil exportou US$ 110 bilhões. Vale ressaltar que em todo o ano de 2020 o Brasil exportou US$ 101 bilhões. Ou seja, em 11 meses a gente já ultrapassou em 10% o que nós havíamos exportado. De uma maneira geral, foi um ano de produtividade e produção baixas em algumas regiões, mas os preços foram bons”, destaca Conchon.
Os principais produtos do agronegócio brasileiro exportados foram soja em grãos, carne bovina in natura, açúcar de cana em bruto, farelo de soja e carne de frango in natura. Já algumas outras cadeias, como a do leite, não tiveram um desempenho tão bom.
“Observamos algumas cadeias passando por muita dificuldade em relação à rentabilidade de suas culturas em todo o Brasil. Em resumo, um ano positivo, mas que não foi positivo para todas as cadeias, pelo contrário, algumas cadeias tiveram prejuízos, seja por baixa produção seja pelo custo da produção o que trouxe para a rentabilidade para o patamar negativo”.
Projeções para o agro em 2022
Apesar da previsão de uma safra recorde de grãos em 2022, de aproximadamente 289 milhões de toneladas, as incertezas no cenário econômico do país devem impactar o setor agropecuário em 2022. Segundo a CNA, o crescimento do agro e da economia brasileira deve ser bem mais modesto comparado a 2021.
“O Brasil por conta de crise fiscal e ano eleitoral deve ter um ano bastante volátil e deve crescer menos. Mas a gente vê que a atividade agropecuária, ou seja, dentro da porteira, o PIB deve crescer 2,4% segundo as nossas projeções. Isso mostra que a agropecuária deve ganhar participação em relação ao PIB do Brasil ainda em 2022.
Os custos de produção, porém, um dos mais altos da história, devem continuar no radar dos produtores para o próximo ano.
“Esse ano vai ser ainda mais desafiador no que se refere a fatores de câmbio. Nós vemos que o clima deve prejudicar algumas regiões, mas esperamos que nada seja comparado ao que nós vimos na safrinha em 2021 e os preços internacionais, por hora, não devem apresentar crescimento. Ou seja, é bom todo mundo ter responsabilidade e colocar as barbas de molho para saber o seu gerenciamento do custo de produção.