A relação de Araraquara com os farmacêuticos é estreita e vem de longa data, bem antes da fundação da Associação Brasileira de Farmacêuticos (ABF), em 20 de janeiro de 1916, dia considerado para ser comemorado o Dia do Farmacêutico (por meio da Resolução nº 460 do Conselho Federal de Farmácia, de 23 de março de 2007).
Foi em Araraquara que, em 3 de agosto de 1905, o italiano Giovanni Baptista Raia, aos 26 anos, inaugurou a Pharmacia Raia, hoje uma das maiores redes de farmácias do Brasil.
O imigrante João (nome abrasileirado) tinha 16 anos quando chegou ao Brasil, onde mais tarde se formou farmacêutico, mesma profissão de seu irmão Luiggi Raia.
O diferencial da Raia era exatamente a figura do farmacêutico, mais precisamente a humanização no atendimento. Na época, as farmácias tinham papel social abrangente, muitas vezes substituindo a assistência médica básica.
Assim, Raia aprofundou o modelo de relacionamento focado na figura do farmacêutico, que preparava artesanalmente a medicação prescrita pelo médico.
As marcas de Raia eram sua habilidade de relacionamento com os clientes e honestidade no ofício de farmacêutico. Para ele, a necessidade das pessoas estava acima de qualquer venda, conceito que garantiu fidelidade ao seu estabelecimento.
No quesito do atendimento especial, vale destacar a figura de Herculano de Oliveira, funcionário que herdou de João Baptista excelência no trato com as pessoas que procuravam a farmácia.
ESCOLA DE PHARMACIA E LAÇOS AFETIVOS
A identificação da cidade com a figura do farmacêutico é profunda. Tanto que há 99 anos, em 2 de fevereiro de 1923, foi fundada a Escola de Pharmacia e Odontologia de Araraquara, hoje referência em todo o país. Lá se formaram ao longo dos anos inúmeros farmacêuticos que atuam e atuaram em toda a nossa região.
Um dos que se formaram em Farmácia pela Unesp Araraquara (de acordo com biografia publicada no site da Prefeitura) foi José Carlos Porsani, eleito para sete mandatos como vereador da cidade, além de atuar na gestão da secretaria de Assistência por três vezes. Atualmente é secretário municipal do Meio Ambiente.
Porsani conta que ainda menino procurou emprego em uma farmácia. E conseguiu. Trabalhou no final da década de 50 e boa parte dos anos 60 com Cristovão Colombo na Farmácia São Jorge (que funcionava na Avenida Cristovão Colombo com a Rua Zero) durante mais de uma década.
Cristovão era irmão de Clóvis Colombo. Os dois ficaram conhecidos na Farmácia Colombo (que funcionava na Rua Nove de Julho com a Avenida São Geraldo). “Depois de um tempo, Cristovão resolveu abrir a Farmácia São Jorge. Foi lá que, ainda menino, comecei a trabalhar”, recorda Porsani.
Até que, em 1969, Porsani decide abrir uma Farmácia, a Drogalar, em parceria com um amigo (que funcionava na esquina da Avenida Francisco Salles Colturato, a 36, com a Rua Tupi). “Era Olavo Lima & Porsani”.
Já muito conhecido na cidade, sobretudo no bairro Santa Angelina, onde ajudou a fundar a associação de amigos do bairro, Porsani se lança com sucesso na vida política, sendo eleito sucessivas vezes para vereador.
REPRESENTANTES DO POVO
Aliás, Araraquara também tem uma história de farmacêuticos na Câmara Municipal. Além do legado de Porsani, eleito sete vezes a partir dos anos 80, o farmacêutico Jéferson Yashuda, atualmente diretor regional de saúde (da DRS III), foi eleito duas vezes para vereador, exercendo mandatos de 2013 a 2016 e 2017 a 2019, sendo presidente da Câmara no biênio 2017/18.
A história de Yashuda está intimamente ligada à Farmácia. O seu pai, caçula de uma família de sete filhos, veio residir em Araraquara para cursar farmácia na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp. Após concluir o curso, aqui fixou residência e exerceu a docência em Farmacologia na Unesp por 30 anos.
A família, ligada à Associação Nipo-Brasileira de Araraquara, morava no bairro Santana, onde cresceram o menino Jéferson e seu irmão Evandro, ambos na área da farmácia. Jeferson é graduado em Farmácia-Bioquímica na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp – Campus Araraquara e Iniciou suas atividades profissionais no ramo farmacêutico e, no ano de 1996, inaugurou uma farmácia, a Bandeirantes, no bairro que sempre residiu, o Santana.
E assim várias trajetórias de farmacêuticos vão se misturando à história da cidade. Porsani, que escreveu e ainda escreve muitas dessas histórias, conta que faria tudo de novo se pudesse voltar no tempo. “É um dom! Ser farmacêutico é colocar o amor em primeiro lugar”, conclui.