
Seu corpo está sendo velado em uma das salas do Memorial Fonteri e o sepultamento acontecerá nesta sexta-feira, 15h
Tufich com familiares comemorando 90 anos no Clube Náutico (Foto Henrique Santos)
Araraquara perdeu nesta quinta-feira (28), um dos seus filhos mais ilustres: Tufich Haddad, 93 anos, símbolo de uma geração construída pela força do trabalho, tendo contribuído de forma importante para o desenvolvimento econômico regional. Amava Araraquara como ninguém e ao constituir família por aqui, dizia sempre aos amigos mais chegados – o meu mundo está plantado neste lugar.
O filho de Alfredo Gabriel Haddad e Sada Casseb Haddad nascido na metade dos anos 20, viu Araraquara tornar-se emergente no centro do Estado de São Paulo; ainda jovem teve o mesmo caminho que os irmãos José e Chafich Haddad – carregando nos ombros a responsabilidade em ajudar o pai no Armazém Santa Cruz, localizado na esquina da Rua Nove de Julho com a Avenida José Bonifácio. Era um dos maiores pontos de secos e molhados da região.
Os pais de Tufich tinham vindo de Olimpia em 1923, onde nasceu José, sendo ele portanto o irmão mais velho da família que aos poucos foi crescendo chegando a 10 filhos. Ainda nos anos 60, o Armazém Santa Cruz apresentava um comércio forte e por ele quase todos os filhos passaram, uns ajudando aos outros, tornando-se uma escola na formação familiar.
Com a transformação do comércio central e a chegada de um modismo que seriam os mercados e os supermercados, como Gonçalves Sé e o próprio Jumbo Eletro, hoje Extra, os hábitos foram se alterando. Os poucos otimistas da época, como João Primiano, ainda tentaram a sorte instalando-se em pontos periféricos criando mercados na Rua Tupi (quase Avenida 36), Vila Xavier e Avenida Barroso.
A Família Haddad prevendo a ascenção do comércio forte trazido principalmente pelo Gonçalves Sé optou em oferecer a cada um dos seus membros um novo destino, só que Tufich – audacioso – buscou na concessão lhe dada pela Antarctica, revender o chope, a cerveja e o refrigerante, produtos que caiam no gosto popular. Era o tempo, dizia Tufich em que nos bares se pedia – “Me dá uma Antarctica”. E a marca se propagou tanto que a cervejaria optou em dividir o mercado entre ele e a Família Carvalho, utilizando como parâmetro a linha ferroviária – Tufich ficou com toda região da Vila Xavier, onde instalou seu depósito. Carvalho assegurou suas atividades na região do Carmo.
Entre os anos 70 e 90, ele decidiu parar: a companhia impunha novas regras mercadológicas com o lançamento de produtos que fugiam da apreciação do consumidor e com a cervejaria dinamarquesa Skol, estabelecida no país em 1967, lançando em 1971, a primeira cerveja em lata brasileira, ela firmou-se como a preferida.
Aos poucos, Tufich – que havia construído seu próprio mundo de amizades no comércio, Rotary Club, Araraquarense passou a entender que sua parte estava cumprida. Com os filhos a sua volta – Marina, Gisela, Lenira, Denise, Mônica, Adilson e Fábio – formados e um tempo todo ainda a ser vivido buscava se divertir com a esposa Hadyha, assim tornou-se um exímio dançarino nos clubes da cidade, estando sempre rodeado das amizades.
O ADEUS
Nas redes sociais sua filha Denise Haddad postou uma mensagem em homenagem ao pai e que espelha o sentimento de uma cidade – “Hoje o céu está em festa! Uma estrela subiu para brilhar! Meu amado pai com certeza está sendo recebido com uma orquestra angelical e flores pelos seres celestes ancorando sua passagem de luz, para brilhar ainda mais! Um pai e um homem extraordinário, que sempre esbanjou alegria pela vida! Generoso, amoroso, protetor, otimista, dançarino, Querido por todos, Amante da vida e da família. Com certeza deixou um legado de amor. Te honro!! Te amo!!! Siga na paz meu amado”.
Também o presidente do Sincomercio, Antonio Deliza Neto, em nome de toda classe comercial da cidade, lamentou o falecimento de Tufich dizendo que – sua participação em todo processo de desenvolvimento econômico da cidade foi notável e que Araraquara perde um cidadão respeitado, voltado para o trabalho e o bem comum de todos. “Num momento como este é dificil buscar palavras de conforto, pois a tristeza toma conta de todos aqueles que conviveram com um homem que faz parte da própria história da cidade, sempre com comportamento ético, um conselheiro, disposto a nos conduzir com sua sabedoria”.
Seu corpo está sendo velado em uma das salas do Memorial Fonteri e o sepultamento será nesta sexta-feira (29) às 15h no Cemitério São Bento. É hora de descansar, Tufich. Siga em paz.
O paraíso do outro lado da vida