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Agroindústrias de São José do Rio Preto vão ampliar mercado de produtos cárneos e mel

Com quase 500 mil habitantes, o município é o oitavo do estado a conseguir equivalência ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal

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Agroindústria de mel de São José do Rio Preto conseguiu o selo Sisbi (Foto: Hebert Monteiro)

Uma indústria do setor de carne e derivados e outra que produz mel e derivados serão as primeiras empresas de São José do Rio Preto, no interior paulista, a estampar em suas embalagens o selo Sisbi – que remete ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal. As duas agroindústrias poderão, a partir de agora, comercializar seus produtos em todo o território nacional.

O reconhecimento da adesão do município ao Sisbi-POA foi publicado no Diário Oficial da União nesta quinta-feira (13). Rio Preto é uma das maiores cidades de São Paulo e tem quase 500 mil habitantes. Os outros sete municípios já aderidos são: Itu, Ibiúna, Fernandópolis, Rio Claro, Joanópolis, Araraquara e Itapetininga.

A notícia deve movimentar a economia local. A simples movimentação em busca da adesão já começou a atrair empresas de outros municípios, segundo o diretor do departamento do Serviço de Inspeção Municipal, Izalco Santos. “Tem um pessoal vindo para cá, se instalando aqui. E temos recebido também visitas de empresas da região que querem conhecer nosso sistema de inspeção”, disse.

Atualmente, Rio Preto tem oito empresas registradas no Serviço de Inspeção Municipal (SIM). Dessas, duas já foram contempladas na adesão ao Sisbi e outras duas estão bem avançadas: uma na área de mel e outra na área de pescado, que ainda vai exigir uma expansão do escopo do município para que a inspeção municipal de pescados possa ter a equivalência ao serviço brasileiro.

COMO FUNCIONA

Quando um município consegue a adesão ao Sisbi-POA, há um reconhecimento de que os produtos inspecionados pelos técnicos do serviço de inspeção municipal são equivalentes aos fiscalizados pela inspeção federal. Por isso, é facultada a essas cidades a venda de seus produtos em todo o Brasil.

Para isso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) tem uma série de exigências em termos de estrutura, de processos e de pessoal. É obrigatório, por exemplo, que o serviço tenha um médico veterinário responsável pela inspeção municipal. O quadro de pessoal deve ser compatível com o número de estabelecimentos registrados.

Neste ano, a auditoria para verificar a equivalência do SIM passou a ser realizada pelo governo do estado e Rio Preto foi a primeira cidade a vivenciar esse novo modelo. Essa interação entre as esferas gera uma harmonização entre os serviços de inspeção com a adoção de métodos universalizados aplicados de forma equitativa em todos os estabelecimentos fiscalizados. Isso permite que os produtos cheguem ao consumidor final com mais segurança.

ESTRUTURA

Izalco Santos disse que Rio Preto iniciou a mobilização para conseguir a equivalência há três anos. Foi preciso readequar a legislação municipal e investir na estrutura. “Hoje temos uma sede com a parte administrativa, dois veterinários e um biólogo, contratação de um laboratório para análises oficiais e alguns equipamentos”, afirmou o diretor.

Em visita à Superintendência Federal de Agricultura no Estado de São Paulo (SFA-SP), em agosto de 2021, o secretário municipal de Agricultura Antonio Pedro Pezzuto Júnior e sua equipe estimaram que cerca de 40 empresas agroindustriais do município teriam potencial de certificação pelo SIM.

Um diferencial da cidade anunciado nessa visita foi a informatização de todo o processo, que permite uploads de arquivos, inclusive das plantas dos estabelecimentos que serão verificadas pela Secretaria de Obras.

A superintendente federal de Agricultura no Estado de São Paulo, Andréa Moura, avalia que o reconhecimento da equivalência do SIM de São José do Rio Preto ao Sisbi foi mais uma grande conquista para a agropecuária paulista. “Os produtos fiscalizados pelo município, agora alcançando o comércio nacional, levam junto com o selo de inspeção, o reconhecimento da higidez e dos controles praticados por esse serviço, projetando não só o trabalho desenvolvido no município, mas também a qualidade do que é produzido no estado.”

CARNES E MEL

Uma das empresas que recebeu o selo é a Munhoz Alimentos – o Rei da Cubanna, fabricante de linguiças tipo cuiabana, linguiças artesanais, hambúrgueres, salsichas alemãs, espetos de carnes, kaftas, carnes temperadas e carnes recheadas, além de cortes de carnes bovinas, suínas, aves e ovinas. “A expectativa é um crescimento entre 30% e 40% [faturamento e funcionários] nos próximos 12 meses”, afirmou Fabio Munhoz, um dos sócios da empresa, que reúne três gerações da família em sua gestão. A empresa passou por adequações e foi auditada.

A outra empresa reconhecida é a Melbee, produtora de mel, própolis e pólen. “Quando soube que a prefeitura estava preparando a adesão ao Sisbi, depositamos todas as nossas fichas nesse projeto. Sabíamos que ele abriria portas mais amplas para nós”, disse o proprietário Hebert Monteiro, que mantém sociedade com o pai, um dos fundadores do negócio. A Melbee tem quatro funcionários e a ideia é expandir, a princípio, as vendas. (Por Ana Maio)