Na luta contra o racismo, a Ferroviária realizou um workshop de Formação Antirracista, em parceira com o Centro de Referência Afro de Araraquara.
A atividade foi realizada na última sexta-feira (21) e foi voltada aos funcionários do clube, sendo intitulada “Araraquara morada do sol e não do racismo”, ministrada pela coordenadora do Centro, Alessandra Laurindo.
Priscila Almeida, coordenadora de políticas antirracistas no futebol, falou sobre a importância e da luta do clube contra as descriminações dentro da sociedade, mas que respingam dentro do esporte.
“Foi fundamental para o processo de construção da Ferroviária enquanto um clube antirracista. Essa luta tem que começar de dentro pra fora, a gente pensar neste racismo institucional, pensar na questão do trabalho que temos que fazer com os nossos funcionários, entender este processo dentro da sociedade. Dentro do futebol, este movimento tem muita força e este trabalho é essencial, não só com os atletas com a base e profissional, feminino e masculino, mas também com os nossos funcionários e olhar para toda esta questão, desenvolvendo ações antirracistas, para chegar aonde queremos chegar, de não ser apenas uma bandeira. Mais que uma bandeira, temos que ter ações que afirmem que estamos na busca por uma sociedade antirracista”, declarou.
Já Laurindo agradeceu a oportunidade de expor ideias com o grupo de funcionários do clube e enalteceu a luta diária contra os preconceitos e discriminações para que a sociedade seja melhor.
“Foi uma troca fantástica de muita interação em grupo. Foi uma manhã muito produtiva, onde pudemos trazer diversos elementos, onde devemos ser uma sociedade livre de preconceitos e discriminações, e chamar todos para seguirmos nesta luta. Quero agradecer por todo este trabalho desenvolvido aqui para que a Ferroviária seja um clube antirracista”, contou a coordenadora.
Treinador da equipe masculina Sub-17, Murilo Morbi, falou do privilégio e da preocupação da instituição, fazendo com que todos possam refletir sobre os últimos acontecimentos no dia a dia.
“O que a sociedade reproduz, muitas vezes, de forma inconsciente, a gente continua reproduzindo. Esta experiência dentro deste workshop faz com que a gente faça no dia a dia, de fato. Se a gente não se vê racista, a gente nunca vai se questionar do que estamos fazendo de errado. Temos que partir de um pressuposto de que através da sociedade racista, vai acontecer alguma coisa de que eu vá reproduzir algum preconceito. Experiências assim faz a gente ter noção da forma que vamos atuar daqui pra frente e vamos atuar com o ser humano. Esta percepção que, é o mais importante, é combatermos isso no dia a dia”, disse Morbi.
A supervisora de futebol feminino profissional, Janaine Camargo, enalteceu o workshop realizado pelo clube e pelo Centro de Referência Afro, falando da importância da pluralidade cultural e que a luta contra o racismo tem que partir de cada um.
“Se cada entender e ter um pouquinho de empatia pelo outro, vamos crescer muito como instituição, clube e principalmente como pessoa. A abordagem de hoje [sexta] foi sensacional, ainda mais eu sendo mulher e preta. Agradeço muito de estar em um local, onde sou bem-vista e sinto um orgulho de ser preta e estar em um local de expressão que é o futebol, um lugar que eu amo”, declarou a supervisora.
De acordo com o Relatório Anual do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, de 2014 até 2021, foram apresentados mais de 200 casos de incidência, sendo classificados como raciais, LGBTfóbicos, machistas e xenofóbicos, envolvendo até outros esportes e ocorrências no exterior envolvendo brasileiros.
O recorde negativo aconteceu em 2019, com 48 incidentes, envolvendo 17 estados. Em 2021, foram 33 casos em 18 estados.